Quem são as pessoas que não estão olhando para o Brasil – nem durante a Copa do Mundo

Investidores não se mostram receptivos em investir no Brasil e mostram preferência ao rival do anfitrião na primeira fase do evento

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto os fãs de Copa do Mundo estão vindo em massa para o Brasil para assistir os jogos, alguns não estão muito atentos ao País. São os investidores estrangeiros, que estão indo para outra direção, procurando outros lugares da América Latina em busca de oportunidades. 

Desta forma, conforme aponta o Wall Street Journal, neste ponto, o Brasil ainda terá que mostrar a que veio, uma vez que a possível aceleração da economia com a Copa do Mundo e com as Olímpiadas é de curto prazo. A grande questão será a sustentabilidade do crescimento, conforme aponta o chefe de investimentos da ClearRock Capital, Mark Eshman. Eshman gerencia US$ 400 milhões em ativos, tem uma exposição na região latino-americana, mas acabou com qualquer exposição ao Brasil em 2012. 

“Eshman está assistindo à região com cuidado agora, mas com um olho em outro jogador dominante na América Latina – o México”. O WSJ ressalta que, apesar do crescimento decepcionante de apenas 1,1%, muitos investidores continuam entusiasmados com a economia mexicana devido a uma série de reformas do governo, que incluem a abertura dos mercados de petróleo e gás para empresas privadas e uma reforma tributária. 

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“Em algum momento, num futuro não muito distante, provavelmente vamos aumentar a nossa exposição para o México”, afirmou Eshman.

O diretor de investimentos do UBS Wealth para os mercados emergentes, Jorge Mariscal, destacou os países “maus” e os “bons”. O Brasil estaria no primeiro grupo, que inclui Argentina e Venezuela, enquanto o México seria um dos “bons”. O Brasil, aponta, tem uma classe média considerável e está reduzindo a pobreza. Porém, a economia está lenta devido à baixa produtividade e a falta de investimentos. Os protestos de rua e a Copa, – que poderia ser uma chance de celebrar o potencial do Brasil, mas que virou uma luta contínua contra a corrupção e desperdício -, também são fatores de risco. O UBS também prefere o México.

Vale ressaltar que, hoje, o banco Credit Suisse rebaixou a sua exposição em Brasil – de overweight (exposição acima da média do mercado) para marketweight (exposição em linha com a média do mercado), enquanto elevou o México de underweight (exposição abaixo da média do mercado) para marketweight. Os analistas do banco destacaram seis motivos para ter rebaixado a Bovespa, mas ressaltou cinco motivos para não ter ido mais longe. 

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“Para a Copa do Mundo, o Brasil é o grande favorito para levar o hexacampeonato e as chances de levar a melhor na disputa contra o México, na primeira fase da disputa, é grande. Porém, para os investidores, o cenário está menos claro”, avaliam os analistas. 

De acordo com a equipe de análise do banco suíço, há maiores riscos de queda para o mercado brasileiro, enquanto há maiores chances de valorização por parte do mexicano. Os analistas seguem mantendo a expectativa de que o Ibovespa atinja 59 mil pontos no final do ano mas, com com o benchmark da bolsa brasileira se aproximando dos 55 mil pontos, há uma maior preocupação sobre o risco de desaceleração da economia, queda dos preços do minério de ferro e o potencial de enfraquecimento da moeda nacional. Para a bolsa do México, os analistas elevaram a expectativa do índice de 41.500 para 45.000 pontos.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.