Enquanto debate sobre sucessão esquenta, novo segredo do sucesso de Buffett é “revelado”

Enquanto NYT questiona até mesmo se a Berkshire Hathaway pode se quebrar em outras quando o "Oráculo de Omaha" sair do comando, Forbes destaca frustração de quem segue passos dele, mas não tem o mesmo sucesso

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Em tempos em que a discussão sobre o que será do império de um dos maiores investidores de todos os tempos sem ele aumenta, o mercado vem mais uma vez tentando descobrir qual é o segredo de sucesso de Warren Buffett para ter se tornado um dos homens mais ricos do mundo. 

E esta busca não está sendo fácil. Para aqueles que tentam seguir o lema do sucesso do guru Buffett de comprar as ações certas e segurá-las, a frustração é quase certa. Mas não sem motivos, conforme aponta o professor espanhol Pablo Triana: o segredo de sucesso do terceiro homem mais rico do mundo é mais complexo do que apenas comprar boas ações e segurá-las por um bom período de tempo.  

Conforme aponta reportagem da revista Forbes, sempre haverá um ou mais de um – alguns – que terão sucesso, mas isto seria insuficiente para comprovar a tese sobre o por que Buffett é tão bem-sucedido. Porém, O Oráculo de Omaha tem outra carta na manga, aponta Triana: Buffett conseguiu elaborar a sua estratégia de modo que os custos de financiamento da sua empresa, a Berkshire Hathaway, estivessem abaixo do mercado.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

 De fato, se não for levado em conta o risco que está sendo levado, eles têm, por vezes, sido negativo, aponta o professor. E se você puder obter o seu financiamento com um rendimento negativo e investir essas mesmas somas com um rendimento positivo, então é claro que o retorno vai ser bom, afirma.

O que é o molho secreto de Buffett?, questiona. É a chamada “flutuação” gerada com a venda de apólices de seguros e, em tempos mais recentes, de seus derivativos. A Berkshire coleciona prêmios iniciais com essas vendas, expondo-se a perdas potenciais futuras de pagamentos se as políticas, ou os derivativos, irem contra ela. Quando os pagamentos de perda virem a ser menores do que os prêmios recebidos, o saldo é positivo, o que se caracterizaria como um financiamento com taxa de juros negativa.

Como uma companhia de seguros e, ainda mais, como uma empresa de resseguros, a Berkshire Hathaway mantém um enorme “colchão”, que é investido em outras ações e investimentos o que pode ser, até certo ponto, o segredo do sucesso de Buffett na Berkshire Hathaway, aponta a publicação.

Continua depois da publicidade

Há também o segundo ponto, ressalta a Forbes: “sim, é absolutamente verdade que ele é um dos grandes investidores do nosso tempo, suas habilidades em selecionar investimentos têm sido excelentes. Mas o que fez dele dezenas de bilhões mais rico e não montantes mais modestos é que ele aplicou essas habilidades para um maior portfólio de investimentos do que teria sido capaz de controlar através de uma companhia de seguros”. Com isso, a Forbes ressalta que foi tudo muito bem feito, mas não é tão simples como apenas comprar as ações certas e segurá-las.

Vale ressaltar que a sucessão de Buffett vem sendo alvo de diversas discussões por investidores e profissionais de mercado. O Oráculo de Omaha tem 83 anos e há cada vez mais receios de o seu sucessor não seja tão bem sucedido quanto ele. Essa preocupação aumenta ainda mais quando se aponta que a Berkshire não cresce mais quanto antes, levando em conta ainda mais o grande tamanho da companhia. 

Com isso, muitos chegam até a questionar o quanto a Berkshire teria as suas atividades alteradas, sendo até mesmo cogitada a repartição da bem sucedida companhia, conforme ressalta o The New York Times e a The Economist

O NYT chega a perguntar se Berkshire deveria se dividir em unidades menores, o que poderia ser uma solução para o fato da companhia estar grande demais. E destaca um grande desafio para o investidor antes dele deixar o comando da sua companhia. A estratégia do megainvestidor foi sempre de comprar empresas e protegê-las dos concorrentes com um enfoque de longo prazo, o que faz parte da cultura de gestão e estrutura corporativa da companhia. Agora, ele deve transformar em uma vantagem que fora atrelada à sua reputação em algo que irá sobreviver quando ele sair da Berkshire.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.