Com pesquisas mas sem rali, Ibovespa cai pelo 2º dia e devolve ganhos da semana

Após acumular ganhos de 2,4%, índice termina semana com leve alta de 0,23%; mercado não reagiu com o mesmo ímpeto às pesquisas eleitorais, em semana cheia de resultados

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Venceu, mas não convenceu. O Ibovespa alcançou sua segunda semana seguida de ganhos, mas a alta foi de apenas 0,23%, bem modesta em relação aos ganhos de 2,4% na sua máxima da semana (54.250 pontos). a 53.100 pontos. Nesta sexta-feira (9), o benchmark da bolsa brasileira fechou em queda de 0,60%, a 53.100 potnsoe  e giro financeiro de R$ 5,40 bilhões, digerindo a pesquisa Datafolha para as eleições presidenciais, dados de inflação e a bateria de resultados. 

Entre os destaques do dia negativo, aparecem as ações do setor elétrico, puxados pela Eletrobras (ELET3, R$ 6,95, -7,59%; ELET6, R$ 10,11, -5,34%) e das blue chips Petrobras (PETR3, R$ 16,66, -0,95%; PETR4, R$ 17,67, -1,17%) – que divulga seu resultado ainda nesta noite – e Vale (VALE3, R$ 29,22, -0,85%; VALE5, R$ 26,50, -1,23%), que ofuscaram os ganhos de Ambev (ABEV3, R$ 16,53, +1,41%) e imobiliárias.

A pesquisa eleitoral publicada pela Folha de S. Paulo mostrou que a distância entre Dilma Rousseff e Aécio Neves caiu para 37% a 20% – antes, Dilma estava com 38% e Aécio com 16% -, aumentando as chances de um segundo turno na disputa eleitoral. No entanto, a euforia dos mercados após as últimas pesquisas deram lugar a um movimento bastante “confuso”, com o Ibovespa oscilando entre perdas e ganhos durante boa parte do dia, principalmente pela falta de tendência dos papéis da Petrobras.

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Enquanto a alta do Ibovespa após a divulgação de pesquisas eleitorais parece ter perdido o fôlego, o Fundo Verde, um dos fundos mais vencedores da história da indústria brasileira, disse que está reduzindo ainda mais sua exposição em Bolsa, destacando que o rali parece ser precipitado e sem fundamentos.

No radar econômico, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de abril apresentou alta de 0,67% e ficou abaixo da taxa de 0,92% registrada no mês anterior, superando as expectativas do mercado. No acumulado dos 12 meses até abril, o IPCA regista alta de 6,28% – acima da meta de 4,5%, mas abaixo da margem de dois pontos percentuais. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar que o teto da inflação deve ser respeitado. “Não vamos ultrapassar o teto da meta, assim como não fizemos nos últimos 10 anos”, afirma. 

Já o dólar terminou a semana em nova queda de 0,34% ante o real, cotado a R$ 2,2163 na venda. Nesta sexta-feira, a moeda americana fechou com leve alta de 0,09%.

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Destaques do pregão
Já no noticiário corporativo, a temporada de resultados segue movimentada. Além da expectativa pelo resultado da Petrobras, que sairá nesta sexta-feira, o mercado repercutiu os dados da Lojas Americanas (LAME4, R$ 13,69, +0,29%), Cetip (CTIP3, R$ 28,15, -0,32%), TIM (TIMP3, R$ 12,18, -2,25%), BM&FBovespa (BVMF3, R$ 11,66, -0,60%), PDG Realty (PDGR3, R$ 1,63, +7,69%) e Estácio (ESTC3, R$ 25,51, +2,04%), sendo estas duas últimas os destaques de alta da sessão.

A Lojas Americanas viu seu lucro cair mais que a metade no primeiro trimestre sobre um ano antes, afetada pela ausência do feriado da Páscoa no período e o efeito de aumento de juros sobre o resultado financeiro. Já a Cetip teve lucro líquido de R$ 100 milhões no primeiro trimestre, alta de 24,9% ante mesma etapa do ano passado.

A TIM viu seu lucro subir quase 22% de janeiro a março na comparação anual, graças a melhoras operacionais. A BM&FBovespa teve lucro líquido ajustado de R$ 375,3 milhões, queda de 4,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A PDG conseguiu reverter o prejuízo de R$ 73,8 milhões apresentado um ano atrás para um lucro líquido de R$ 2,8 milhões, com sua dívida líquida caindo 77%, para R$ 75 milhões.

Por fim, o lucro líquido da Estácio cresceu 89% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado e ficou acima das expectativas no mercado. Sem nenhum grande destaque de queda após a bateria de resultados, a volatilidade das ações da Petrobras contribuem para o movimento indeciso do índice.

Como destaque de queda, apareceram as ações da Eletrobras. A companhia passou “em branco” pelo segundo leilão de transmissão de energia deste ano, realizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que teve empresas espanholas, a Copel (CPLE6, R$ 33,24, -1,07%) e a Alupar (ALUP11) entre as vencedoras.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON EJ 6,95 -7,58 +24,80 22,95M
 ELET6 ELETROBRAS PNB EJ 10,11 -5,34 +16,97 18,48M
 OIBR4 OI PN 2,13 -4,05 -40,67 105,27M
 GOLL4 GOL PN N2 13,52 -3,01 +29,01 15,84M
 TBLE3 TRACTEBEL ON 33,08 -2,82 -7,96 20,16M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PDGR3 PDG REALT ON 1,68 +7,69 -7,18 67,51M
 MRFG3 MARFRIG ON 4,69 +4,45 +17,25 11,51M
 RSID3 ROSSI RESID ON 1,77 +3,51 -13,24 11,67M
 ESTC3 ESTACIO PART ON ED 25,51 +2,04 +26,03 137,40M
 MMXM3 MMX MINER ON 2,60 +1,56 -38,10 3,30M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 17,67 -1,17 614,62M 647,58M 42.006 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 36,85 -0,89 296,06M 410,53M 20.415 
 VALE5 VALE PNA 26,50 -1,23 270,78M 438,10M 29.126 
 ABEV3 AMBEV S/A ON ES 16,53 +1,41 182,76M 219,97M 19.289 
 BBAS3 BRASIL ON 23,58 -1,50 163,95M 178,92M 17.933 
 PETR3 PETROBRAS ON 16,66 -0,95 146,45M 204,43M 13.772 
 ESTC3 ESTACIO PART ON ED 25,51 +2,04 137,40M 71,45M 13.399 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 34,29 -0,84 132,21M 284,78M 13.401 
 OIBR4 OI PN 2,13 -4,05 105,27M 124,95M 15.589 
 VALE3 VALE ON 29,22 -0,85 95,60M 132,38M 12.351 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Resumo da semana
Boa parte do otimismo da Bovespa nesta semana foi mais uma vez guiado por pesquisas eleitorais. No sábado passado, o Istoé/Sensus confirmou os rumores que impulsionaram forte alta do Ibovespa na sexta-feira anterior, ao apontar pela primeira vez para um possível segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff e o possível candidato do PSDB, Aécio Neves. Na quarta-feira, a pesquisa Ibope do Ceará trouxe mais otimismo à bolsa ao mostrar que Dilma perdeu espaço em um dos principais redutos do PT.

O atual governo tem sofrido forte repúdio por boa parte do mercado, que se opõe às políticas econômicas que classifica como excessivamente intervencionistas. Desta forma, qualquer perda de espaço de Dilma na corrida eleitoral causa ondas de otimismo na bolsa. No entanto, o acumulado da semana não mostrou um rali como ocorreu em semanas anteriores, quando pesquisas também foram apresentadas. As quedas dos últimos dois pregões amenizaram o ímpeto na Bovespa.

Ainda no noticiário nacional, ganharam destaque para o maior pessimismo da OCDE, que cortou a projeção de crescimento do Brasil em 2014 e 2015. A expectativa de expansão do PIB nacional caiu de 2,2% para 1,8% em 2014 e de 2,5% para 2,2% em 2015. Também mostrou comportamento de cautela com o mercado brasileiro o estrategista do Deutsche Bank, Hongtao Jiang, que reduziu a recomendação aos títulos soberanos do Brasil de neutro para underweight (exposição abaixo da média), destacando a forte valorização dos ativos nos últimos meses e a deterioração dos fundamentos macroeconômicos nacionais.

A semana também chamou atenção com a bateria de PMIs (Índice de Gerente de Compras) pelo mundo. O indicador brasileiro de serviços mostrou queda de 51,0 para 50,4 entre março e abril, menor patamar desde janeiro, mas ainda indicando crescimento. Na zona do euro, o mesmo indicador mostrou recuperação na região, marcando 54,0 em abril, como esperado por economistas, ante 53,1 em março. Já na China, enquanto o PMI de serviços oficial marcou alta de 54,8 em abril, ante 54,5 em março, a leitura do HSBC mostrou que a atividade na segunda maior economia do mundo contraiu pelo quarto mês seguido ao marcar 48,1.

Na Europa, o cenário ucraniano segue instável e exigindo cautela. Nesta sexta-feira, o mercado ficou de olho nos acontecimentos em Donetsk. Mesmo após o pedido do presidente russo, Vladimir Putin, para adia-lo, os rebeldes pró-Rússia decidiram manter o referendo sobre a independência do leste da Ucrânia.

Destaque ainda para as revisões das agências de classificação de risco de países do velho continente. A Standard & Poor’s manteve o rating soberano de longo prazo de Portugal em BB e revisou a perspectiva da nota para estável, de negativa. “A performance econômica e orçamentária de Portugal superou nossas expectativas”, afirmou a agência de classificação de risco. Já a Fitch manteve o rating de longo prazo da Suíça em moeda estrangeira e nacional em AAA, com perspectiva estável. “A Suíça é uma economia rica, altamente avançada, bem diversificada e com uma forte governança e um histórico de sólidas políticas econômicas”, afirmou a agência de classificação de risco.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.