Ibovespa fecha com queda de 1% após subir 2,3% pela manhã; dólar vai a R$ 2,20

Após superar os 53 mil pontos no intraday, índice não resiste e vira para perdas, puxado por estatais, bancos e Usiminas; FMI corta projeções para o Brasil

Marcos Mortari

Stock Market Tickers

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SÃO PAULO – Depois de alcançar seu melhor fechamento em mais de 4 meses na véspera e subir mais de 2% no intraday, o Ibovespa não resistiu ao espírito mais conservador de embolso de lucros dos investidores e terminou esta terça-feira (8) com queda de 1,01%, a 51.629 pontos, em mais um movimento de correção técnica do recente rali. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 10,45 bilhões – bem acima da média de R$ 7,20 registrada nos últimos 21 pregões -, indicando a força da movimentação dos investidores neste dia de realização.

O dia parecia ser de novas altas: durante a manhã, o otimismo de um mercado ainda sorrindo com os resultados da pesquisa eleitoral Datafolha do fim de semana, o Ibovespa chegou a subir 2,37%, na máxima do pregão, aos 53.393 pontos. No entanto, o anseio pela realização dos ganhos falou mais alta e as ordens de venda voltaram a prevalecer, assim como nos últimos dois dias da semana anterior – outros dois pregões vistos pelos especialistas como “correções” em um rali que já dura 3 semanas.

“Esta queda se caracteriza como um movimento de correção após a expressiva alta, dentre outros fatores, do noticiário eleitoral, que fizeram ações de energia e de estatais registrarem ganhos ‘exagerados'”, destaca o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger.

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Com isso, contribuíram para o dia na bolsa principalmente as ações que mais aproveitaram a alta dos últimos dias. É o caso de Petrobras (PETR3, R$ 15,40, -2,84%; PETR4, R$ 15,99, -2,86%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,19, -2,85%) e Eletrobras (ELET3, R$ 7,30, -1,35%; ELET6, R$ 11,82, -1,34%), além dos bancos, puxados pelo Bradesco (BBDC3, R$ 33,95, -3,03%; BBDC4, R$ 32,38, -1,97%). As ações das estatais chegaram a subir mais de 3% nesta manhã, enquanto os papéis do banco privado atingiram sua máxima histórica antes de virar para queda no intraday.

Maiores altas e quedas do pregão
As maiores perdas do dia no índice foram registradas pelos papéis da Usiminas (USIM5, R$ 9,59, -6,07%), puxados pela notícia de que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) julga na próxima quarta-feira (9) a operação envolvendo a compra das ações da siderúrgia mineira pela CSN (CSNA3, R$ 9,61, -2,24%). Há dois anos, o Cade, em medida preventiva, impediu a CSN de comprar novas ações da Usiminas.

Em compras na Bolsa, a siderúrgica já havia atingido 15,91% do capital social da concorrente. A CSN também foi proibida de indicar membros para o conselho fiscal e administrativo da Usiminas. Agora, o Cade vai avaliar quais os impactos de uma concorrente do porte da CSN ter participação nas deliberações da Usiminas. Se julgar que isso gera riscos, pode determinar que a operação seja desfeita toda ou em parte.

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Enquanto isso, as ações da Vale (VALE3, R$ 33,26, -0,24%; VALE5, R$ 30,08, +0,10%) terminaram o dia mais próximo do zero a zero, após chegarem a registrar altas na casa dos 3% em meio às expectativas por estímulos na China.

Já do lado positivo, ganharam destaque as ações do setor imobiliário, com destaque para a PDG Realty (PDGR3, R$ 1,64, +7,89%), Gafisa (GFSA3, R$ 3,80, +4,40%) e Cyrela (CYRE3, R$ 13,59, +3,35%). O mercado segue na expectativa pela Ata do Copom (Comitê de Política Monetária) na próxima quinta-feira (10) e pelos dados de inflação com a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) na próxima quarta-feira.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 9,59 -6,07 -32,51 130,71M
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 7,84 -4,74 -15,15 64,20M
 FIBR3 FIBRIA ON 23,91 -4,55 -13,53 54,36M
 KLBN4 KLABIN S/A PN N2 2,33 -4,51 -4,15 18,54M
 SANB11 SANTANDER BR UNT N2 12,62 -3,37 +4,05 66,50M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PDGR3 PDG REALT ON 1,64 +7,89 -9,39 104,42M
 OIBR4 OI PN 3,13 +5,39 -12,81 55,51M
 GFSA3 GAFISA ON 3,80 +4,40 +7,65 44,60M
 CYRE3 CYRELA REALT ON 13,59 +3,35 -5,63 61,49M
 NATU3 NATURA ON 41,11 +3,29 +2,71 112,11M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN EJ 15,99 -2,86 1,14B 593,50M 69.898 
 VALE5 VALE PNA 30,08 +0,10 678,84M 467,72M 40.024 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 34,61 -1,45 676,60M 360,79M 33.509 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 32,38 -1,97 630,11M 303,01M 35.009 
 PETR3 PETROBRAS ON EJ 15,40 -2,84 398,52M 207,53M 42.805 
 BBAS3 BRASIL ON 24,19 -2,85 341,04M 170,47M 28.325 
 ABEV3 AMBEV S/A ON ED 16,82 -0,47 300,77M 169,69M 31.781 
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 13,56 +1,12 229,99M 20,49M 7.046 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,59 -0,69 201,56M 139,53M 29.817 
 VALE3 VALE ON 33,26 -0,24 200,41M 179,63M 17.310 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Perspectivas para PIB são cortadas novamente pelo FMI
Colaborou para o movimento de correção dos investidores a nova revisão negativa do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a economia brasileira. Pela 4ª vez, ele cortou a previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2014, avaliando que a expansão neste ano será de 1,8%, menor do que em 2013, de 2,3%.

Segundo o FMI, a economia brasileira está sendo afetada pelas restrições de oferta no mercado interno, especialmente em infraestrutura, e pelo contínuo fraco crescimento do investimento privado. Também pesa a “perda de competitividade e a baixa confiança empresarial”. Para o restante da economia, o FMI espera que, depois de dois anos de recessão, a zona euro volte ao crescimento com taxas de 1,2% e 1,5% em 2014 e 2015, além de traçar um quadro positivo para a economia dos EUA, esperando uma expansão de 2,8% neste ano.

No noticiário econômico brasileiro, foi divulgado a produção industrial do país de fevereiro, revelada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com uma expansão de 0,4% frente ao mês anterior, refletindo resultados positivos em sete dos quatorze locais pesquisados.

Recuperação em Wall Street; dólar vai a R$ 2,20
Mais uma vez, o desempenho das principais ações da bolsa brasileira se descolou do movimento visto nos Estados Unidos. Por lá, os três principais índices acionários terminaram o dia entre a estabilidade (Dow Jones) e os ganhos de 0,77% (Nasdaq, após completar na véspera sua pior sequência de três dias desde 2011).

Na contramão de sua tendência natural em dia de queda da bolsa, o dólar teve um novo dia de forte queda em comparação com o real. Nesta terça-feira, a moeda americana mostrou desvalorização de 0,77%, cotada a R$ 2,2030 na venda, mas ainda mantendo-se em seu menor patamar desde 30 de agosto, quando valia R$ 2,1905 – título conquistado já no pregão da véspera.

Outros destaques
Na Europa, a terça-feira marcou o segundo dia seguido de quedas, com o índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações do continente, fechou em queda de 0,2%, a 1.333 pontos. As tensões crescentes na Ucrânia também contribuíram para conter o apetite dos investidores por riscos. Manifestantes pró-Moscou no leste da Ucrânia tomaram armas em uma cidade e declararam uma república separatista em outra, ações que Kiev descreveu na segunda-feira como parte de um plano orquestrado pela Rússia para justificar uma invasão.

Do lado macroeconômico, os dados não foram suficientes para animar os investidores. Na França, o déficit comercial apresentou uma melhora no mês de fevereiro, enquanto a economia do Reino Unido continua a dar sinais de uma recuperação após os números de produção industrial e de manufatura ficaram acima da estimativa do mercado. Mesmo assim, as ações no continente continuem em queda.

Já na Ásia, o Banco Central japonês do país manteve sua política monetária nesta terça-feira e não alterou a visão de que a economia deve continuar a se recuperar moderadamente, sinalizando confiança de que o país está progredindo firmemente.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.