Ibovespa chega à sua 5ª alta e sobe 5,4% na semana, a melhor desde setembro

Apesar da forte volatilidade nesta sexta-feira devido ao efeito da pesquisa Ibope e à fala de membros do Fed, índice subiu 0,22%, fechando a 47.380 pontos

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois de amargar 4 semanas seguidas de perdas, o Ibovespa conheceu sua primeira alta semanal de março, tendo subido nos 5 pregões da semana. Com isso, a variação acumulada foi de 5,37%, sendo seu melhor desempenho semanal desde os primeiros cinco dias de setembro do ano passado. Contribuíram para o movimento positivo as ações das estatais, que na véspera subiram com especulações não confirmadas sobre a pesquisa do Ibope, além de particularmente o noticiário frenético da Petrobras (PETR3, R$ 13,50, +0,52%; PETR4, R$ 14,02, +0,21%). Apenas 5 das 72 ações que compõem o índice terminaram a semana em queda.

Nesta sexta-feira (21), o pregão foi marcado por forte volatilidade do benchmark da bolsa brasileira, que chegou a marcar 1,2% de variação positiva e negativa antes de fechar com alta de 0,22%, 47.380 pontos. A repercussão do resultado da pesquisa do Ibope, que frustrou as apostas dos investidores que acreditavam em uma diminuição da distância entre Dilma Rousseff e seus principais candidatos, e o pessimismo de membros do Federal Reserve deram o tom das negociações nesta sessão. O volume financeiro foi de R$ 7,95 bilhões, mais uma vez bastante acima da média diária.

O presidente do Fed de Dallas, Richard Fisher, afirmou que a autoridade monetária americana já esgotou a eficiência do “Quantitative Easing”, programa de estímulo que consiste na injeção bilionária de dólares na economia do país todo mês, e, segundo ele, deve chegar ao fim em outubro. Fischer também falou que as metas de políticas fiscal e monetária estão desconectadas. Com isso, o dia foi de queda para os três principais índices acionários americanos, embora eles tenham fechado a semana com ganhos na casa de 1%.

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O dia de ganhos do Ibovespa faz aumentar a dúvida do mercado sobre os próximos movimentos do índice, tendo em vista o ceticismo com relação a uma eventual mudança de tendência. Para o assessor de investimentos da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga, o bom retrospecto recente ainda não é o suficiente para confirmar uma mudança de sentido na Bovespa. “Desde novembro, a bolsa não parou de cair, salvo uma expectativa de melhora apenas em março”, ponderou.

Com isso, o movimento recente do Ibovespa ainda é interpretado com um repique, mas com alguns traços animadores para os investidores. “[O índice] está em repique, porque a tendência ainda é clara de baixa, mas com forte expectativa de retomada de tendência de alta, principalmente com relação às notícias de Petrobras”, observou Madruga.

Destaques do pregão
Contribuindo para mais um dia positivo, aparecem as ações da Vale (VALE3, R$ 30,43, +1,48%; VALE5, R$ 27,20, +2,10%) e das siderúrgicas, que registraram fortes ganhos na esteira de notícias positivas na China. O Banco do Povo da China disse que fornecerá 50 bilhões de yuan – correspondente a US$ 8 bilhões – em operações de repasse para apoiar o financiamento de empresas pequenas.

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As estatais também chamaram atenção nesta sessão, com Petrobras e Eletrobras (ELET3, R$ 5,75, -0,35%; ELET6, R$ 10,15, +2,63%) virando para alta nas últimas horas de pregão, e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 20,67, -1,10%) amenizando um pouco as perdas. Vale lembrar que as três companhias chegaram a registrar quedas próximo a 4% durante o intraday, repercutindo a divulgação da pesquisa Ibope para a presidência na noite da véspera, que mostrou que a presidente Dilma Rousseff ainda lidera com folga as intenções de voto.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CESP6 CESP PNB 24,65 +3,75 +9,95 28,39M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 10,15 +2,63 +2,22 29,88M
 MRFG3 MARFRIG ON 4,10 +2,50 +2,50 12,35M
 GGBR4 GERDAU PN 14,50 +2,47 -20,55 105,07M
 GOAU4 GERDAU MET PN 17,33 +2,36 -25,61 42,88M

Por outro lado, os ativos da Estácio (ESTC3, R$ 21,43, -5,76%) lideraram as perdas do dia, após a companhia apresentar os seus números do quarto trimestre, revelando um lucro líquido de R$ 45,1 milhões, abaixo do esperado pelo mercado. Além disso, a receita da companhia teve um crescimento forte na comparação atual, mas houve uma pequena desaceleração relativa ao que observamos ao longo do ano, devido a uma maior evasão no quarto trimestre e uma limpeza na base de alunos que a empresa optou por fazer, conforme aponta a XP Investimentos.

Outro destaque negativo do dia foi a Cyrela (CYRE3, R$ 12,45, -1,27%), após a divulgação do balanço na véspera. A companhia divulgou um lucro líquido de R$ 183 milhões, queda de 26,5% na comparação anual, e com números de receita líquida – de R$ 1,39 bilhão – e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) um pouco abaixo do esperado.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PART ON 21,43 -5,76 +5,00 170,25M
 BISA3 BROOKFIELD ON 1,43 -2,72 +24,35 10,70M
 JBSS3 JBS ON 7,67 -2,54 -12,54 27,09M
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 8,91 -2,09 -3,57 96,48M
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 23,26 -1,90 -2,71 117,35M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 14,02 +0,21 648,03M 450,45M 50.068 
 VALE5 VALE PNA 27,20 +2,10 534,05M 427,66M 30.762 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 31,36 +0,38 396,91M 279,57M 30.953 
 BBDC4 BRADESCO PN 28,25 -0,18 301,18M 210,22M 24.154 
 KROT3 KROTON ON ED 48,29 -0,94 294,09M 123,03M 7.887 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 20,67 -1,10 256,66M 164,77M 21.493 
 PETR3 PETROBRAS ON 13,50 +0,52 243,28M 152,07M 32.799 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,66 -0,60 224,91M 144,19M 24.594 
 VALE3 VALE ON 30,43 +1,84 190,02M 165,56M 15.778 
 AEDU3 ANHANGUERA ON 12,43 -0,32 181,07M 91,20M 10.092 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Dólar recua 1% na semana
Acompanhando a boa semana na bolsa brasileira, o dólar acumulou queda de 1,07% ante o real entre os dias 17 e 21 de março, fechando o período cotado a R$ 2,3265 na venda. Nesta sexta-feira, a moeda americana fechou quase estável, em leve queda de 0,01%. O giro financeiro ficou em torno de US$ 1,85 bilhão, segundo dados da BM&F.

Outros destaques
No noticiário nacional, destaque ainda para o IPCA-15, que registrou alta de 0,73%, com leve aceleração após subir 0,70% em fevereiro, conforme divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística).

Nos EUA, também chamaram atenção os dados do “stress” dos bancos, divulgados pelo Fed. A autoridade monetária americana mostrou que das 30 maiores instituições financeiras do país, 29 possuem capital suficiente para enfrentar uma nova recessão, com níveis adequados de capital. Além disso, destaque para a confirmação do rating de longo prazo dos EUA pela agência de classificação de risco Fitch Ratings em triplo “A”, além de remover a perspectiva negativa para estável

Já na Europa, os investidores seguiram de olho nas tensões envolvendo Ucrânia e Rússia. O presidente dos EUA, Barack Obama, ameaçou impor novas sanções aos setores-chave da economia russa, enquanto a União Europeia concordou em ampliar as sanções já impostas.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.