Repique ou reversão? Apesar da alta de 2%, Ibovespa continua na corda bamba

Fundamentos mostram que o Ibovespa segue bastante descontado; no entanto, analistas alertam: o barato pode sair caro

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Poucos investidores e analistas do mercado duvidam que boa parte das ações da Bovespa estão baratas. Apesar disso, engana-se quem pensa que todos eles acreditam que o momento é o ideal para ir às compras. As incertezas da bolsa brasileira no momento são tão grandes que o mercado prefere ter uma postura mais cética com relação a investimentos tidos como mais arriscados; mas será que o cenário pode ter mudado após a alta de 2,3% do Ibovespa visto na véspera? Assim como no jargão popular, na bolsa, o que está barato pode sair caro.

Só para lembrar: na última terça-feira (18), o benchmark da bolsa brasileira alcançou seu segundo melhor pregão do ano, depois de amargar fortes perdas nas últimas semanas. Na data, 66 de suas 72 ações terminaram com ganhos, sendo que apenas 4 recuaram. O bom humor do mercado com as definições de contornos mais claros com relação à questão da Crimeia inflou os ganhos nas mais diversas bolsas internacionais – movimento acompanhado pelo Ibovespa, que teve seu segundo dia seguido de ganhos.

“Vimos diversos setores performando bem, especialmente papeis líquidos. Destaque para elétricas se recuperando das perdas, construtoras refletindo seu elevado ‘beta’ [ou seja, respondem com maior volatilidade às variações do Ibovespa] e educação puxado pelo bom resultado da Kroton (KROT3)”, comentaram os analistas da XP Investimentos no dia.

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Sem fundamentos
No entanto, antes de qualquer otimismo precoce, os especialistas do mercado pedem cautela. Para João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, o índice não deve apresentar grandes forças para seguir este movimento de ganhos. A princípio, o desempenho dos últimos dias não teve justificativas tão sólidas. “A médio prazo, não vejo fatores para a reversão do índice”, afirma Brugger.

Visão semelhante foi apresentada pela equipe da XP Investimentos, que, apesar de ressaltar alguns fundamentos bastante atraentes do Ibovespa, lembra de riscos pelos quais a economia brasileira deve passar em breve e que ajudam a manter o benchmark em patamares mais modestos. Enquanto o índice é negociado a um múltiplo P/L (Preço/Lucro) estimado para 2014 de 9x – abaixo da média em 11,4x desde 2007 -, efeitos como o “risco apagão” podem justificar a posição atualmente descontada.

“Se colocarmos na conta todos os riscos, as coisas não ficam tão óbvias assim – eleições, racionamento, risco político, arrefecimento econômico, entre outros”, afirmam.

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Portanto, apesar da boa alta de ontem, a tendência segue sendo baixista. “Assim como na última quinta-feira, estamos testando a resistência em 46.100 pontos dada pelos dois fundos formados nesse nível em fevereiro. Se esse nível for rompido a situação ficará menos negativa, mas a tendência ainda não será revertida”, concluem os analistas da XP.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.