18 ações caem mais de 5% no Ibovespa; elétricas e imobiliárias renovam mínimas

Siderúrgicas caem forte após dados fracos do setor; Gol e TIM ficam entre as poucas alta da sessão

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Acentuando as perdas na última hora, o Ibovespa encerrou esta terça-feira (18) com queda de 0,80%, aos 47.196 pontos. Enquanto na ponta positiva apenas 7 das 72 ações do índice fecharam em alta, foram 8 papéis com desvalorização maior que 7%. Entre as maiores perdas do dia, dois setores chamaram atenção, as imobiliárias e as elétricas, com os investidores começando a acreditar em um alto risco de apagão no País.

No caso das companhias de energia, as ações são penalizadas em meio à forte aversão por conta de um possível racionamento de energia e um risco de apagão. O mercado segue na expectativa de uma sinalização mais clara do governo quanto a possibilidade de reajuste tarifário, possíveis repasses do Tesouro às distribuidoras, bem como acerca de qual o verdadeiro risco de um apagão, diante da queda dos níveis nos reservatórios e seguidas interrupções de fornecimento, além do aumento do preço de energia no mercado à vista. 

Nesta sessão, os papéis da Energias do Brasil (ENBR3, R$ 8,53, -5,22%) – renovando mínima de junho de 2010 -, Light (LIGT3, R$ 15,18, -6,30%) – mínima de julho de 2011 -, Eletropaulo (ELPL4, R$ 7,90, -4,82%) – mínima de setembro de 2013 –, AES Tietê (GETI3, R$ 14,40, -6,19%) – mínima de janeiro 2011 -, Equatorial (EQTL3, R$ 18,80, -4,57%) – mínima de agosto de 2013, Eletrobras (ELET3, R$ 4,57, -3,99%; ELET6, R$ 8,50, -5,13%) – ambas renovando mínima de agosto de 2013 – recuaram mais de 4%.

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Neste cenário, as empresas que atuam no segmento de transmissão são aquelas que apresentam o menor risco, dado que sua operação (desempenho financeiro) se baseia na disponibilidade das linhas de transmissão, não arcando com o custo de compra de energia, nem o risco hidrológico ou ainda do nível de descontratação de energia, comentou a XP Investimentos. Neste sentido, vale destacar as ações da Transmissão Paulista (TRPL4), que atingiram neste pregão sua 7ª alta seguida, ao registrar valorização de 0,17%, para R$ 24,27 – após atingir máxima do dia de 2,77%.

O “evento” da Coelce
Outra ação de companhia elétrica que chamou atenção, mas por outras razões além das incertezas do setor, foi a da Coelce (COCE5), que estenderam as fortes perdas da véspera, quando caíram 14,8%, e terminaram esta terça-feira cotadas a R$ 38,37 – queda de 1,64%.

Na segunda-feira, foi realizado às 16h o leilão de OPA (Oferta Pública de Aquisição) para que a holding chilena Enersis adquirisse o controle da companhia cearense de energia. O objetivo foi concluída, com a gestora passando a deter quase 98% das ações ordinárias da Coelce (COCE3). Contudo, ela não conseguiu comprar a totalidade dos papéis COCE5 – que possuem maior liquidez na Bovespa -, tendo comprado apenas um percentual entre um terço e dois terços do total de papéis PNA em circulação na bolsa brasileira.

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Segundo o edital do leilão da OPA, a aquisição dessa quantidade de ações implicaria em um rateio proporcional de oferta. Em outras palavras: os acionistas que aderiram à oferta venderiam apenas uma parte dos papéis preferenciais classe A da Coelce – o rateio ficou em 53% das ações.

Isso fez com que as ações da Coelce despencassem após o término do leilão, já que os ativos COCE5 oscilaram entre R$ 48 e R$ 49 de 15 de janeiro – dia pós-anúncio da OPA – pra cá, com os investidores trabalhando com o cenário de que a empresa chilena compraria todos os ativos preferenciais classe A da companhia do Ceará.

Vale mencionar que os papéis ordinários da empresa fecharam esta terça com leve alta de 0,22%, a R$ 49,00. Segundo o edital da OPA, se a Enersis adquirisse mais que dois terços das ações de uma classe em circulação no mercado, ela teria que comprar a totalidade destes ativos nas mesmas condições do leilão – ou seja, ela terá que comprar o restante de COCE3 a R$ 49,00.

Bolha segue pairando sobre as imobiliárias
No caso das construtoras, os temores do mercado ficam para uma possível bolha imobiliária e para o cenário de reestruturação das companhias do setor. Por conta dessas dificuldades, as empresas do setor seguem a cada dia se desvalorizando mais, com muitas operando a baixo de seu valor patrimonial. Para muitos analistas, isso já mostra que o mercado teme uma retração do mercado imobiliário – principalmente nas principais praças, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Com perdas de mais de 5%, chamaram atenção nesta sessão as quedas de PDG Realty (PDGR3, R$ 1,53, -8,93%), MRV Engenharia (MRVE3, R$ 7,75, -7,07%), Rossi (RSID3, R$ 1,78, -5,32%) e Gafisa (GFSA3, R$ 2,96, -5,73%). Vale ainda destacar as quedas de Cyrela (CYRE3, R$ 13,24, -4,06%) e Brookfield (BISA3, R$ 1,43, -2,72%).

“Esse medo coloca o bode na sala, o mercado não está essa maravilha toda, o que ajuda nesse movimento negativo”, alerta Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. Muitas das empresas já estão em uma situação complicada financeiramente – com o aumento de custos – e já veem sua velocidade de vendas recuarem recentemente.

Ele destaca ainda que muitas empresas já estão queimando caixa com o atual cenário, os custos dispararam e muitas estão com prejuízo – e só para conseguir entregar o que já foi lançado e vendido, muitas empresas estão em apuros. “Se for olhar exclusivamente para o valor patrimonial, elas estão descontadas. A empresa pode estar valendo 20% do valor patrimonial, mas está queimando caixa. Além disso estamos em um cenário de elevação de juros, fica mais caro as pessoas financiarem”, diz o analista.

Dados de produção derrubam siderúrgicas
Já em relação às siderúrgicas, as empresas repercutiram os dados do IABr (Instituto Aço Brasil), que mostrou queda de 1,4% na produção de aço em janeiro contra o mesmo mês do ano anterior, para 2,738 milhões de toneladas. Segundo a XP Investimentos, os dados não mostram grande evolução no que tange o consumo aparente ainda que este tenha apresentado modesto crescimento de 1,7%, mas ainda assim contrabalanceando com um aumento expressivo de importação e de queda na produção agregada. 

Por outro lado, ponto positivo para a Gerdau (GGBR4, -6,04%, R$ 14,94), com incremento de aços longos, que é o principal produto da empresa, disse a corretora. As ações da Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) caíram 7,88% e 4,97%, respectivamente, cotadas a R$ 10,06 e R$ 10,71.

TIM sobe apesar de negativa sobre fusão
Do lado positivo, chamou atenção as ações da TIM, que subiram 0,16%, cotadas a R$ 12,38 – atingindo alta de 4,29% na máxima do dia. Apesar dos ganhos, o presidente-executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, disse nesta terça-feira que não há no momento nenhuma oferta ou discussão sobre uma eventual venda da TIM e disse que a operadora pretende aumentar investimentos no Brasil. “Nunca vi uma situação em que a companhia que estaria sendo fechada vai aumentar os investimentos”, disse o executivo a jornalistas em Brasília, após reunião com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. 

Outros destaques:

4 empresas caíram após balanço

Seis companhias divulgaram seus resultados do quarto trimestre entre a noite da véspera e a manhã desta terça-feira (18). Dessas, quatro viram suas ações caírem neste pregão; se salvaram apenas Guararapes (GUAR3) e Renova Energia (RNEW11). 

Dentre as empresas que divulgaram seus resultados, duas são do Ibovespa: Duratex (DTEX3) e BR Properties (BRPR3). Ambas viram seus papéis caírem 4,70% e 5,77%, a R$ 11,06 e R$ 16,83. Fora do índice, as ações do Banco Pine (PINE4) e Banco Pan (BPNM4) registraram quedas de 4,09% e 1,35%, a R$ 7,51 e R$ 3,65, respectivamente. Por outro lado, os papéis da Guararapes e Renova subiram 0,78% e 2,25%, a R$ 90,50 e R$ 44,17.

OSX
Além disso, as ações da OSX Brasil (OSXB3) caíram 19,18%, sendo cotadas a R$ 0,59, estendendo as perdas do dia anterior, após a empresa negar rumores veiculados na véspera. 
O estaleiro do grupo EBX, do empresário Eike Batista, negou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na última segunda-feira (17), a existência de qualquer contrato ou negociação com a Cerberus Capital a fim da concessão de empréstimo para a companhia reestruturar sua dívida, que já preocupa seus investidores há algum tempo – o que se tornou marca incômoda de grande parte das empresas do “mundo X”. A empresa informou ainda que segue com seu plano de venda de ativos, com o intuito de gerar caixa.

Gol
Com a segunda maior alta do Ibovespa, destaque para os papéis da Gol (GOLL4), que viram suas ações subirem 1,24%, para R$ 10,63. Na véspera, a companhia informou que sua subsidiária VRG Linhas Aéreas celebrou acordos de compartilhamento de voos (code-share) com a Aerolíneas Argentinas e a Austral Líneas Aéreas – Cielos del Sur, do mesmo grupo argentino. O comunicado afirma que os acordos visam fortalecer ainda mais a presença da Gol no mercado argentino, “contribuindo para uma aproximação cada vez maior entre os países e oferecendo uma grande quantidade de destinos para os clientes de ambas companhias”.

Abril Educação
As units da Abril Educação (ABRE11) caíram forte pelo segundo dia neste pregão após terem forte alta na última semana em meio aos rumores de venda da companhia. As units da empresa registraram queda de 5,90%, cotadas a R$ 27,10. Na última semana, a Abrilpar – controladora da Abril Educação – confirmou as informações divulgadas na coluna de Sonia Racy, do O Estado de S. Paulo.

Anhanguera
Por sua vez, os papéis da Anhanguera (AEDU3) despencam 8,67% nesta sessão, a R$ 11,90. Desde 7 de fevereiro, as ações acumulam perdas de 12%. O mercado vem repercutindo nos últimos dias que a fusão anunciada com a Kroton (KROT3, R$ 39,44, -1,52%) no ano passado pode não ocorrer.

Gradiente
Por fim, as ações da Gradiente (IGBR3) completam os principais destaques desta sessão. Os papéis da small cap chamam atenção pela forte valorização dos últimos dias. Desde o fechamento do dia 10 de fevereiro, as ações já subiram 59,21%. Apesar da arrancada, nenhuma notícia sobre a empresa foi divulgada recentemente. Somente nesta sessão, as ações registraram valorização de 4,78%, a R$ 5,70, após chegarem a subir 19,49% durante o pregão.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.