Pessimismo voltou? Ibovespa cai 0,75% após primeira semana de alta em 2014

Índice acompanha menor ritmo de produção dos emergentes em 4 meses e interrompe sequência de altas, com siderúrgicas puxando perdas; dólar fica acima de R$ 2,40

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois de sua 1ª semana de alta em 2014, o Ibovespa voltou a cair nesta segunda-feira (10), ao terminar o dia com variação negativa de 0,75%, a 47.710 pontos, puxado sobretudo pelas companhias dos setores de mineração e siderurgia, que aguardam pelos indicadores chineses da próxima terça-feira (11). Nesta sessão, ganhou forte repercussão no mercado doméstico a divulgação da produção dos emergentes, que registrou o menor ritmo em 4 meses, contribuindo para o benchmark da bolsa brasileira interromper uma sequência de duas altas. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 6,78 bilhões.

Sem grandes referências nos Estados Unidos, o noticiário macroeconômico doméstico ganhou mais espaço, com o relatório Focus do Banco Central trazendo diversas revisões de expectativas. A mediana das projeções do mercado para o PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2014 diminuiu levemente de 1,91% para 1,90%, enquanto, para 2015, a expectativa foi mantida para 2,20%. Para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), os economistas diminuíram a expectativa para 2014 de 6,0% para 5,89%, enquanto que para a Selic a estimativa subiu de 11,0% para 11,25% ao ano para o final de 2014 e de 11,88% para 12% para 2015.

Contribuindo para o dia de cautela do mercado, também apareceram os dados divulgados pelo HSBC sobre a produção dos emergentes, que cresceu em janeiro no ritmo mais lento em 4 meses, pressionada pela fraqueza do setor de serviços nos países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Pesquisas Índice de Gerentes de Compras Composto (PMI, na sigla em inglês) do HSBC para indústria e serviços de mercados emergentes apontaram queda pelo segundo mês seguido, para uma leitura de 51,4 em janeiro. Ela permaneceu abaixo da média de 2013 de 51,7 e bem abaixo dos 64,1 registrados em janeiro passado.

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Primeiro teste de Yellen
O mercado ainda segue na expectativa pelo primeiro depoimento de Janet Yellen como presidente do Fed (Federal Reserve) no Congresso, que ocorrerá na próxima terça-feira e que dará sinais para os próximos passos de política monetária nos Estados Unidos. Na maior economia do mundo, o dia é indefinido, com os três principais índices acionários caminhando entre quedas de 0,1% (Dow Jones) e ganhos de 0,4% (Nasdaq).

Também merce destaque o dólar, que voltou a subir forte e recuperar o patamar dos R$ 2,40, abandonado com as boas quedas da semana anterior. Nesta segunda-feira, a moeda americana teve ganhos de 1,12% ante o real, cotado a R$ 2,4060 na venda. Na contramão da sessão de recuperação do dólar, os contratos de juros futuros tiveram nova queda, com os contratos com vencimento em janeiro de 2015 recuando 0,69%, para 11,28%.

Resultados e siderúrgicas são destaque
Do lado da bolsa, no noticiário corporativo, destaque para a temporada de resultados. A fabricante de cigarros Souza Cruz (CRUZ3, R$ 20,03, -3,66%) registrou lucro líquido de R$ 1,69 bilhão em 2013, alta de 3,2% em relação aos 12 meses anteriores. A receita líquida subiu 2,5% de janeiro a dezembro, para R$ 6,29 bilhões. O volume de cigarros vendidos no mercado brasileiro correspondeu a 107 bilhões de unidades no ano passado. O principal motivo da queda, segundo a empresa, foi o aumento de 18% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), aplicado a partir de janeiro do ano passado.

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As ações da Oi (OIBR4, R$ 4,19, +2,70%), quarta maior alta do dia, seguindo o movimento de ganhos da última sexta-feira (7). Na última sessão, a companhia afirmou que um grupo de instituições “intermediárias nacionais e internacionais de primeira linha deverá assumir compromisso para subscrição de 6 bilhões de reais” no aumento de capital da empresa. Isso além dos 2 bilhões de reais de acionistas da TelPart e de um veículo de investimento, conforme informado anteriormente pela companhia como parte do processo de união com a Portugal Telecom.

Ainda no setor de telecomunicações, mas na outra ponta do dia, a TIM Participações (TIMP3, R$ 12,73, -2,90%) fechou com queda de quase 3%, em meio a rumores apontam que a Telecom Italia venderá a companhia, mas há informações desencontradas como se daria o processo. O último rumor de mercado apontou para uma possível fusão entre a TIM e a GVT.

Contribuindo para o dia negativo do índice, ganharam destaque as ações dos setores de siderurgia e mineração, com os papéis de Usiminas (USIM5, R$ 11,69, -5,04%), Gerdau (GGBR4, R$ 16,41, -3,30%), CSN (CSNA3, R$ 11,24, -3,27%) e Vale (VALE3, R$ 33,64, -1,20%; VALE5, R$ 30,44, -0,72%) chamando atenção do mercado. Segundo o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, não há nenhuma notícia específica que justifique o movimento, senão o surgimento de ambiente de cautela antes da divulgação de alguns dados importantes para o setor. Na próxima terça-feira (11), será divulgado na China três importantes dados para o setor de commodities: balança comercial de janeiro, importação e exportação.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BISA3 BROOKFIELD ON 1,17 -6,40 +1,74 12,01M
 MRFG3 MARFRIG ON 3,85 -5,64 -3,75 9,99M
 USIM5 USIMINAS PNA ATZ 11,69 -5,04 -17,73 75,13M
 GOAU4 GERDAU MET PN ATZ 20,36 -4,01 -12,99 20,30M
 CRUZ3 SOUZA CRUZ ON 20,03 -3,66 -16,92 20,99M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GFSA3 GAFISA ON ATZ 3,33 +3,74 -5,67 30,53M
 RENT3 LOCALIZA ON 31,76 +3,28 -4,31 77,23M
 BBAS3 BRASIL ON 22,07 +2,70 -9,55 113,24M
 OIBR4 OI PN 4,19 +2,70 +16,71 38,40M
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 45,20 +1,35 +2,42 82,78M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 14,61 +1,11 418,43M 429,09M 34.347 
 VALE5 VALE PNA 30,44 -0,72 327,53M 512,95M 20.333 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 31,78 -0,16 209,65M 393,94M 27.010 
 VALE3 VALE ON 33,64 -1,20 130,32M 162,18M 14.103 
 BBAS3 BRASIL ON 22,07 +2,70 113,24M 134,31M 12.958 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 26,35 -0,94 108,60M 197,82M 12.941 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 23,50 +0,64 97,59M 113,48M 10.630 
 CIEL3 CIELO ON 64,77 -0,81 96,52M 119,58M 7.280 
 PETR3 PETROBRAS ON 13,62 +0,67 94,22M 139,47M 12.280 
 ITSA4 ITAUSA PN 8,76 -0,45 85,85M 113,34M 13.420 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Europa e Ásia
Na China, destaque para o benchmark, Xangai Composto, que fechou o primeiro pregão da semana com valorização de 2,03% e registrou o maior patamar em um mês. Além disso, a decisão do Banco Central da China de reduzir os subsídios para veículos elétricos para conter a emissão de gases, fez com as montadoras liderassem os ganhos dos mercados no país.

Já o índice Nikkei, do Japão, terminou o dia com alta de 1,77% a 14.718,34 pontos. Dados econômicos do país mostraram que a economia registrou um déficit em conta corrente recorde em dezembro.

Na Europa, o destaque ficou com os dados de confiança da zona do euro, que melhoraram inesperadamente em fevereiro, atingindo o nível mais alto desde abril de 2011, uma vez que investidores tornaram-se mais otimistas sobre as condições no bloco, que está gradualmente se recuperando da recessão.

O grupo de pesquisa Sentix informou que seu índice que acompanha o sentimento na zona do euro subiu para 13,3 em fevereiro ante 11,9 em janeiro. Isso superou a expectativa em pesquisa da Reuters de queda para 10,7.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.