Melhor pregão do Ibovespa no ano não muda cenário negativo de curto prazo

Mesmo tendo na véspera sua maior alta diária de 2014, índice ainda acumula perdas de 8,8% em 2014 e sofre com a desconfiança dos investidores

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A alta de 1,77% do Ibovespa na véspera – seu melhor desempenho diário desde dezembro do ano passado – não pode ser encarada como um sinal de recuperação da bolsa brasileira. Mesmo com um movimento tão forte quanto o de ontem, a ausência de boas notícias – e inclusive a chegada de “novas más notícias”, como os dados da indústria brasileira em 2013 – deixa evidente que o avanço de terça-feira (4) refletiu mais um “repique” e não alterou o cenário da Bovespa.

Mesmo com a alta de ontem, o principal índice de ações da BM&FBovespa ainda acumula queda de 8,82% em 2014, tendo fechado o último pregão em 46.964 pontos – um dia antes, ele chegou aos 46.109 pontos, sua mínima desde julho do ano passado. O melhor pregão do ano veio no meio de uma das piores sequências para a bolsa nos últimos tempos, com cinco quedas semanais seguidas e três recuos mensais consecutivos – lembrando que no mês passado o Ibovespa caiu 7,51%, seu pior janeiro desde 1995.

Repique: essa deve ser a palavra que caracteriza o movimento da bolsa na véspera. Com o índice em queda livre, de tempos em tempos o mercado reage, passa por uma breve alta e retoma o caminho das perdas. Os traders que estavam operando na ponta vendedora optam por realizar um pouco seus lucros, comprando as mesmas ações que estavam vendidos para zerar a posição. Ao mesmo tempo, investidores que enxergam os níveis atuais de preços como extremamente baixos aproveitam para encarteirar um pouco de ações em seus portfólios, seja com um objetivo de aproveitar um repique ou montar uma posição de longo prazo.

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Como o cenário não mudou, quedas acentuadas trazem alguma dúvida para alguns investidores quanto a possibilidade da continuidade do movimento e isso pode garantir alguma movimentação positiva ou neutra para os próximos pregões.

Nada mudou
O cenário conturbado não apenas para o Brasil como para outros emergentes segue perturbando a vida dos investidores – e nada mudou de ontem para hoje. Para somar ao cenário atual, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que a indústria brasileira teve em dezembro seu pior resultado mensal desde 2008 ao cair 3,5%.

Principalmente com um repique que não demonstrou tanta força assim: o Ibovespa nem ao menos fechou na máxima na véspera, com alguns investidores aproveitando os últimos minutos de pregão para reforçar suas apostas em queda. O índice, que chegou a subir mais de 2% e superar os 47.000 pontos, não conseguiu terminar acima deste patamar – que, se antes ajudava a “segurar” o movimento, o que na análise técnica se chama suporte, agora deverá limitá-lo, tornando-se uma resistência.

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O que é preciso para recuperação?
É melhor esperar com que o Ibovespa dê algum sinal de reversão mais concreto, como a recuperação dos 48.000 pontos ou, ainda melhor, os 50.000 pontos, apontam os analistas. Há também quem aposte que o patamar dos 44.000 pontos, mínima do ano passado, possa segurar quedas do índice este ano – o que significa uma queda de cerca de 5% até bater essa região. 

Muito importante monitorar as empresas com maior participação na composição do Ibovespa, como a Petrobras (PETR3; PETR4), que viu suas ações preferenciais baterem a mínima da crise de 2008, em R$ 13,75, e se recuperarem na véspera. Se este for o fundo, a petrolífera – cujo cenário ainda é nebuloso – poderá puxar o índice enquanto se recupera. Melhor seria se algo acontecesse no cenário corporativo que justificasse esse movimento.