“Investor Days” entram na pauta das empresas da Bolsa; saiba por que acompanhá-los

Levantamento feito pela consultora MZ Group aponta que 40% dos investidores e analistas entrevistados acreditam que as reuniões são essenciais

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Ferramenta bastante eficaz para melhorar a imagem de uma empresa com o mercado, analistas e seus acionistas, os “Investors Days” têm se tornado uma prática cada vez mais comum no Brasil. Criados para estimularem uma relação mais direta e transparente entre companhias e investidores, os encontros se tornaram obrigatórios em pelo menos uma vez ao ano para as empresas de capital aberto, juntando-se a outras obrigatoriedades de uma companhia listada na Bovespa, como a divulgação de resultados trimestrais e de fatos relevantes, conforme preveem as instruções da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

No entanto, mais que um simples compromisso que as empresas têm com as determinações do regulador brasileiro, os Investors Days são uma oportunidade dos diretores fidelizarem atuais acionistas e cativaram novos sócios. E o próprio mercado já identificou a importância destes encontros: segundo levantamento feito pela consultora MZ Group, 40% dos investidores e analistas entrevistados acreditam que as reuniões das empresas com o mercado são essenciais, enquanto os 60% restantes acreditam que elas são no mínimo “importantes” – ou seja, nenhum dos entrevistados escolheu a opção “indiferentes”.

“As companhias que promovem Investor Days com certa frequência têm uma oportunidade diferenciada de fornecer conhecimentos aprofundados sobre seu funcionamento e suas estratégias. É uma oportunidade importante de administração de expectativas, dado que promove um contato diferenciado do público com a companhia”, afirma em relatório o analista júnior da MZ, Rui Gustavo Murua.

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A Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) é uma das instituições que se propõem a organizar esse tipo de evento para as companhias. Os encontros costumam ser gratuitos, de entrada livre, mas com foco principal em atender o público analista, apesar da associação ter ampliado seus esforços em torná-los cada vez mais receptivos a qualquer tipo de investidor também. “A reunião passou a ter um apelo educativo no sentido de o investidor que está chegando ao mercado poder aprender nas reuniões”, afirmou o presidente da Apimec, Ricardo Martins, em entrevista ao InfoMoney. Para ter acesso às datas dos Investors Days, basta acessar a página de relações com investidores das companhias desejadas na internet e consultar o calendário, ou, na maioria dos casos, também é possível verificar a agenda no site da própria Apimec.

Ainda de acordo com a pesquisa da MZ, 62% dos entrevistados gostariam de ter acesso ao evento via webcast com vídeo, enquanto 21% preferem encontros presenciais e 17% transmissão somente em áudio. Quanto à periodicidade, 60% entendem que o ideal é que se façam Inverstors Days anualmente, enquanto 35% preferem que ocorram a cada 6 meses.

Qual deve ser a pauta?
Tão importante como a realização periódica desses eventos e o estudo de qual plataforma usar para realizá-los é o planejamento dos assuntos a serem tratados. De acordo com as instruções listadas pela consultora, as informações compartilhadas com analistas e investidores nesse tipo de ocasião devem ser diferentes das apresentações rotineiras, objetivando agregar valor e recursos para a empresa por meio da exposição didática e transparente do perfil da organização.

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Dentre a totalidade dos entrevistados do estudo, 43% esperam como elemento principal do evento a exposição de conteúdo focado na visão, percepção e expectativas da administração. Para tal, o fornecimento de informações atualizadas acerca das atividades da empresa e insights sobre seu funcionamento, assim como a análise do que se deixou de fazer no ano anterior, é essencial, aponta a pesquisa.

Por outro lado, apenas 15% dos entrevistados disseram esperar que o conteúdo seja focado principalmente no acompanhamento dos resultados da empresa, e 10% esperam que as apresentações forneçam especialmente atualizações sobre o mercado e cenário macroeconômico.

“Além das apresentações dos seus principais executivos, a companhia deve incluir apresentações de gestores que normalmente não interagem com o mercado, para que façam explicações mais especificas a fim de aprofundar a compreensão do funcionamento da empresa por parte dos participantes”, sugere Murua.

Novas tecnologias podem ser grandes aliadas
Não há uma “fórmula mágica” para o Investor Day ideal. Para a equipe de consultores do MZ Group, a estrutura como cada encontro é feito deve variar de acordo com a empresa e o setor em que ela atua. Apesar disso, eles são enfáticos em afirmar que as companhias precisam usar da melhor forma as novas tecnologias para ter êxito em elevar a aproximação com o mercado.

“Durante o Investor Day, a empresa deve aproveitar-se dos recursos disponíveis para interagir ao máximo com toda a comunidade de investidores e de aproximar aqueles que não estiverem presentes, divulgando o conteúdo por meio de plataformas de transmissão e, quando possível, a partir das mídias sociais, como por exemplo, a inclusão de trechos relevantes no Twitter”, conclui Murua.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.