Ibovespa diminui ganhos atento aos EUA; juros futuros disparam após Copom

Apesar de desacelerar, índice tem dia positivo mesmo após Copom surpreender com alta de 0,5 ponto percentual da Selic; mercado espera por discurso de Bernanke e repercute pedidos de auxílio desemprego

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após duas sessões de alta e de voltar aos 50.000 pontos na véspera, o Ibovespa volta a registrar alta na sessão desta quinta-feira (16), mas diminui fortemente os ganhos em relação ao início da sessão, quando chegou a subir 0,94%, a 50.577 pontos. O mercado se atenta à proximidade da abertura dos mercados norte-americanos, que apontam para uma sessão próxima à estabilidade, em um dia de agenda econômica bastante agitada. Com isso, às 11h35 (horário de Brasília), o índice registrava alta de 0,16%, a 50.183 pontos. 

Chama a atenção nesta data os dados de emprego nos EUA, que revelou uma queda dos pedidos de auxílio desemprego para 326 mil, ante expectativa de 331 mil pedidos, enquanto os dados de inflação do consumidor registraram alta de 0,3% em dezembro ante novembro, conforme previsto pelo mercado. Além disso, destaque para o provável último discurso de Ben Bernanke como presidente do Federal Reserve, que começará às 12h (horário de Brasília). Vale lembrar que, na véspera, o Fed divulgou o livro Bege, melhorando a avaliação sobre a economia do país e apontando para um cenário mais promissor, com os gastos dos consumidores se elevando e com uma recuperação dos setores de manufatura e imobiliário. 

No noticiário corporativo, o destaque fica com a Petrobras (PETR3, R$ 15,02, -0,66%; PETR4, R$ 16,01, -0,19%) que registra forte oscilação apenas na primeira hora do pregão. Os ativos registram baixa, em um movimento de virada; contudo, na abertura do pregão, os papéis chegaram a registrar queda de cerca de 1% após o governo negar a decisão para aumento dos preços de gasolina e diesel. Na véspera, o jornal Folha de S. Paulo afirmou que um novo ajuste poderia vir em junho, mas haveria possibilidade de antecipação para março em decorrência do ano eleitoral. 

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Por outro lado, as ações da Vale (VALE3, R$ 33,06, +1,88%; VALE5, R$ 30,69, +1,52%) registram alta pelo segundo dia e impulsionam o índice, em um movimento de recuperação após as fortes quedas e acompanhando os seus pares internacionais, após dados de produção e embarque de minério favoráveis da Rio Tinto. Contudo, vale destacar que, apenas neste ano, os ativos da Vale registram queda de mais de 6%.

Efeito Copom
O noticiário econômico também chama a atenção, com o mercado passando por ajustes após a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, para 10,5% ao ano, surpreendendo boa parte do mercado, que esperava uma alta mais branda, para 0,25% ao ano. A “alta surpreendente” repercute nos mercados de juros futuros: o contrato com vencimento para janeiro de 2015 renovou máxima, a 10,97%, ante 10,74% do ajuste anterior.

De acordo com a LCA Consultores, o comunicado da decisão do Copom não fecha as portas para que o BC encerre o ciclo de ajustes na próxima reunião, embora pareça bastante relevante a possibilidade de que a autoridade monetária julgue conveniente dar prosseguimento ao aperto monetário no curto prazo, sobretudo se a inflação continuar a apresentar surpresas desconfortáveis. No cenário doméstico, chama a atenção ainda os dados de venda do comércio varejista em novembro, ao subir 0,7% ante outubro na série com ajuste sazonal, o que também contribui para o ajuste para cima nos contratos de juros futuros. 

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Com o principal foco para o cenário norte-americano, o dólar registra ganhos de 0,77%, a R$ 2,38, após abrir em queda com o Copom: a alta maior do que a esperada da Selic aumentaria a entrada de investimentos estrangeiros no País em busca de uma maior rentabilidade. Contudo, os bons dados da economia dos EUA seguem predominando sobre o mercado, assim como o cenário de menor atratividade para o Brasil. 

Europa e Ásia
A sessão desta quinta-feira é mista para os mercados asiáticos, em meio aos dados econômicos reportados pela China e Japão, enquanto o mercado europeu repercute os indicadores de inflação e o noticiário corporativo em meio aos dados de venda de diversas companhias.  

Na Ásia, destaque mais uma vez para o índice japonês Nikkei, que fechou em baixa de 0,39% com os investidores realizando os lucros após o forte rali da sessão anterior. Contudo, a alta do dólar frente ao iene limitou as perdas da bolsa de Tóquio, impulsionando as ações de empresas exportadoras. Por lá, o Banco do Japão elevou a visão da maioria das economias locais, como sinalização de que a atividade do país deve ganhar forças. 

A China também chama a atenção. As bolsas por lá fecharam perto da estabilidade em meio a uma bateria de indicadores. O Ministério do Comércio chinês revelou que o país atraiu US$ 12,08 bilhões em IED (Investimento Estrangeiro Direto) em dezembro de 2013, alta de 3,3% na base de comparação anual. No ano, o IED subiu 5,25% em relação a 2012, para US$ 117,59 bilhões.

Contudo, o porta-voz do ministério do comércio chinês ressaltou que o comércio exterior deve enfrentar sérios desafios neste ano, em meio à lentidão da demanda externa. 

Já na Europa, as bolsas caminham de lado, à espera dos EUA e repercutindo os indicadores de inflação da zona do euro. Esses números são particularmente importantes, uma vez que, em meio ao cenário de recuperação lenta da economia, qualquer dado que aponte desaceleração do índice de preços pode levar a uma perspectiva ainda menos promissora para a atividade do bloco. Os dados de inflação apontaram para uma alta de 0,3% dos preços ao consumidor em dezembro ante novembro, em linha com o esperado pelo mercado. 

Vale lembrar que a Alemanha, maior economia do bloco, divulgou o índice de preços ao consumidor, que subiu 0,4% em dezembro ante novembro, em linha com o esperado pelo mercado. 

No noticiário corporativo, chama a atenção o Carrefour, que divulgou os dados de venda do quarto trimestre. Entre outubro e dezembro, as vendas somaram 22,2 bilhões de euros, abaixo dos 22,85 bilhões de euros registrados no mesmo período de 2012. Com isso, as ações da companhia caíam 1,45% na bolsa francesa. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.