Ibovespa sobe 0,21% nesta sexta, mas tem 4ª queda em 5 semanas

Na semana, índice repercurte pessimismo do mercado sobre manutenção do QE3; ações do BB lideram perdas com noticiário de rombo de R$ 150 bilhões sobre a correção da caderneta de poupanças

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Ibovespa conheceu sua quarta queda em 5 semanas entre 18 e 22 de novembro, ao fechar o período com baixa de 1,22%, a 52.800 pontos. A fraca alta de 0,21% nesta sexta-feira (22) não livrou o índice de mais uma semana negativa, impactada sobretudo possível aproximação do corte gradual da política de estímulos à economia norte-americana, confirmada pela ata do Fomc na última quarta-feira (20) – data em que a Bovespa ficou fechada por conta do feriado de Dia Consciência Negra –, que sinalizou que isso deverá ocorrer já nos “próximos meses”. O volume financeiro negociado na Bovespa nesta sessão foi de R$ 6,24 bilhões.

Com os indicadores melhores que o esperado apresentados nas últimas semanas nos Estados Unidos, os membros do Fomc sinalizaram que o Federal Reserve pode reduzir o programa de compra de títulos em breve. Atualmente, o QE3 (Quantitative Easing 3) injeta US$ 85 bilhões mensais por meio da compra de títulos públicos. Com o corte gradual destes estímulos, o receio dos investidores é que se inicie um processo de migração dos investimentos para os EUA, com a possibilidade da taxa de juros voltar a subir por lá. Diante desse cenário de incertezas, a cotação do dólar tem apresentado forte volatilidade. Nesta sexta-feira, a o moeda norte-americana fechou com queda de 1,05%, precificada em R$ 2,2830 na venda, após subir 1,64% na véspera.

Além disso, também repercutiu na semana o noticiário chinês. Na segunda-feira, o detalhamento sobre reformas no país impulsionou ações de mineradoras e siderúrgicas. Porém, a segunda maior economia do mundo também decepcionou os mercados no decorrer da semana com a preliminar do PMI abaixo do esperado, caindo para 50,4 em novembro ante leitura final de outubro de 50,9.

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Destaques do Ibovespa
Nesta sessão, após um início bastante negativo, puxado por ações de instituições financeiras, o Ibovespa engatou um movimento de alta no final da manhã e fechou no positivo, interrompendo duas sessões de baixa; no acumulado dos pregões anteriores o benchmark da bolsa caiu 2,98%. Boa parte das ações que estavam em queda no início da sessão passaram a registrar ganhos e fecharam o dia em alta, com destaque para os papéis das imobiliárias, puxadas por Gafisa (GFSA3, R$ 3,17, +3,93%) Rossi (RSID3, R$ 2,30, +2,68%), Brookfield (BISA3, R$ 1,13, +2,73%) e MRV (MRVE3, R$ 9,36, +1,85%). Na véspera, as ações do setor sofreram bastante com a alta dos contratos futuros de DI.

Mas, liderando os ganhos do índice, apareceram as ações da MMX Mineração (MMXM3, R$ 0,74, +15,63%), que lideraram os ganhos da semana, com alta de 10,45% no período. A trading holandesa Trafigura adiantou 7,3 milhões de euros para uma fornecedora das obras de construção do Porto Sudeste, informou a mineradora do grupo EBX, de Eike Batista, na manhã desta data. Outra empresa X a se destacar nesta sessão foi a LLX Logística (LLXL3), cujos papéis fecharam com alta de 4,90%, a R$ 1,07.

No entanto, o dia positivo não evitou que as ações da empresa registrassem a segunda maior desvalorização semanal dentre os papéis que compõem o Ibovespa – 7,76% de queda. Já a CCR (CCRO3), que arrematou o aeroporto de Confins, em Minas Gerais, viu seus papéis amenizarem levemente os ganhos e fecharem a sessão com variação positiva de 1,26%, a R$ 18,48. As ações da empresa foram a quarta maior alta semanal dentro do índice, com variação positiva de 3,82% no período. 

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Na semana, também chamaram atenção as altas de Dasa (DASA3, R$ 12,32, +3,10%) e Anhanguera (AEDU3, R$ 15,85, +5,67%) – a segunda e terceira maiores vistas na semana -, com a primeira subindo 4,85% no período, enquanto a educacional registrou alta de 4,34% entre 18 e 22 de novembro.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MMXM3 MMX MINER ON 0,74 +15,63 -83,37 36,36M
 AEDU3 ANHANGUERA ON 15,85 +5,67 +37,59 47,24M
 LLXL3 LLX LOG ON 1,07 +4,90 -46,87 6,39M
 MRFG3 MARFRIG ON 4,39 +4,03 -48,23 17,14M
 GFSA3 GAFISA ON 3,17 +3,93 -32,70 21,96M

Enquanto isso, as ações do setor de bancos lideraram as perdas do Ibovespa no dia, mas menores em relação ao início do pregão. O mercado mostra temores com uma possível conta de R$ 150 bilhões sobre a correção da caderneta de poupanças nos planos Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990) e Collor 2 (1991) caso o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue de forma desfavorável. Terminado o julgamento do Mensalão, o assunto deverá voltar à pauta do STF, já na quarta-feira seguinte. Esse seria o julgamento com o maior número de interessado, abordando 396 mil ações.

Desta forma, as ações do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,65, -3,35%), que tiveram a maior baixa da semana – com variação negativa de 8,06% no período -, as units do Santander Brasil (SANB11, R$ 14,53, -1,36%) e as ações de Itaúsa (ITSA4, R$ 9,09, -1,14%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 32,32, -1,49%), Bradesco (BBDC3, R$ 33,39, -1,07%; BBDC4, R$ 30,30, -0,66%) pressionaram o índice pela forte participação que o setor financeiro tem em sua composição.

Na semana, além dos papéis de BB e LLX, também se destacaram as quedas acumuladas das imobiliárias, com destaque para PDG (PDGR3, R$ 1,76, +2,92%) e Rossi, que viram seus papéis se desvalorizarem 6,38% e 5,74%, respectivamente.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BBAS3 BRASIL ON ED 24,65 -3,35 +4,87 447,70M
 GGBR4 GERDAU PN EJ 18,21 -1,51 +2,97 159,34M
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 32,32 -1,49 +10,11 449,00M
 CESP6 CESP PNB 23,02 -1,41 +26,95 9,82M
 ITSA4 ITAUSA PN 9,09 -1,41 +5,70 121,52M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 20,67 -1,10 491,28M 628,91M 20.610 
 VALE5 VALE PNA 32,66 +1,11 479,55M 552,91M 23.364 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 32,32 -1,49 449,00M 292,51M 24.212 
 BBAS3 BRASIL ON ED 24,65 -3,35 447,70M 186,11M 26.128 
 BBDC4 BRADESCO PN 30,30 -0,66 364,88M 231,27M 19.391 
 GGBR4 GERDAU PN EJ 18,21 -1,51 159,34M 103,98M 12.294 
 PETR3 PETROBRAS ON 19,82 -0,95 135,61M 207,61M 10.461 
 CCRO3 CCR SA ON 18,48 +1,26 129,98M 79,02M 14.460 
 ITSA4 ITAUSA PN 9,09 -1,41 121,52M 108,89M 14.670 
 VALE3 VALE ON 35,33 +0,89 110,50M 193,18M 8.033 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Indicadores macroeconômicos
Já na agenda econômica, destaque para os dados do setor externo do Banco Central, que revelou que o Brasil registrou déficit em transações correntes de US$ 7,132 bilhões em outubro, informou o Banco Central nesta sexta-feira, ao mesmo tempo em que os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 5,362 bilhões no mês passado.

Na Europa, destaque para a Alemanha: o instituto IFO divulgou o resultado do sentimento das empresas, que marcou 109,3 em novembro, bem acima do previsto pelos analistas, de 107,7. Já a agência federal de estatísticas confirmou a estimativa anterior de que o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 1,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior, liderado por uma forte alta da demanda doméstica, liderada pelo aumento no investimento e gastos em construção.

O Velho Continente ainda repercute o discuro do presidente do BCE (Banco Central Europeu) Mario Draghi, em evento em Frankfurt que discute “O Futuro da Europa”. Draghi destacou que a autoridade monetária da região precisa agir quando a inflação está muito baixa ou alta; essa fala ocorre após rumores de que o BCE possa adotar juros negativos para depósitos bancários como incentivo ao crédito.

Já nos EUA, destaque para a fala do presidente do Federal Reserve de Atlanta, Denis Lockhart, em entrevista ao portal CNBC. Para ele, o debate acerca da redução do ritmo do programa de compra de títulos maciço do Federal Reserve estará “sobre a mesa” da próxima reunião de política do banco central dos Estados Unidos em dezembro.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.