CEOs da Oi, Marfrig e JBS falam das perspectivas para suas empresas; confira

Oi diz que está confiante que poderá levantar recursos, Marfrig diz que irá buscar mercado internacional de bônus se custos caírem e JBS descarta venda de ativos para reduzir dívidas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Apesar do feriado, que manteve a BM&FBovespa na última quarta-feira (20), os CEOs (Chief Executive Officer) de grandes empresas fizeram conferência nesta data e ressaltaram as suas perspectivas para as companhias: foram eles, Zeinal Bava, da Oi (OIBR3; OIBR4), Sergio Rial, futuro presidente da Marfrig (MRFG3) e Wesley Batista, da JBS (JBSS3). Confira os principais pontos: 

Oi está confiante que poderá levantar recursos
A Oi , maior grupo de telefonia fixa do Brasil, está confiante que pode levantar recursos se decidir buscar aquisições para impulsionar sua participação no mercado de telefonia móvel, seguindo a sua fusão com a Portugal Telecom.

Zeinal Bava, que se tornou presidente-executivo da empresa combinada Oi e Portugal Telecom após a fusão anunciada em outubro, não descartou uma venda de ações para financiar um acordo móvel ou reduzir a dívida da empresa.

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Ao falar durante uma conferência nesta quarta-feira, Bava afirmou que não se sente “confortável” com os níveis de dívida do grupo após o acordo, que será de cerca de 3,2 vezes o lucro principal anual.

“Claro, não nos sentimos confortáveis sobre esse nível”, disse ele, acrescentando que o mercado provalvemente irá preferir níveis de dívida próximos a duas vezes o lucro principal.

A empresa resultante da fusão precisaria levantar recursos para financiar qualquer aquisição maior no mercado de telefonia móvel no Brasil, que é dominado por quatro empresas mas pode ser reduzido a três se a controladora da líder do mercado Vivo, a espanhola Telefónica buscar uma cisão ou venda da TIM Brasil, controlada pela Telecom Italia.

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Analistas têm dito que a Oi, a quarta colocada no mercado de telefonia móvel em participação de mercado, poderia comprar parte da TIM junto com rivais em caso de cisão. Nenhuma das principais empresas brasileiras poderia comprar por completo a TIM, que analistas avaliam em 8,9 bilhões de euros, devido temores antitrustes.

A Telefónica é a maior acionista na Telecom Italia e tem poder de decisão na estratégia do grupo no Brasil apesar de serem rivais no país. Anteriormente, fontes disseram à Reuters que a Telefónica pretende vender a TIM no segundo semestre de 2014.

“Vamos continuar a monitorar o que acontece no Brasil”, disse Bava. “Temos capacidade de olhar para aquisições se quisermos, mas neste momento nosso foco é em simplificar nossa estrutura corporativa com a conclusão da fusão. Assim que fizermos isso, podemos olhar para outras coisas.”

Espera-se que a fusão entre Oi e Portugal Telecom seja concluída no primeiro semestre do próximo ano.

Questionado se um negócio em telefonia móvel exigiria um financiamento adicional, Bava disse: “Tudo se resume a quanto custa. Mas se precisamos de capital para consolidarmos e na esteira disso pudermos provar ao mercado que podemos gerar sinergias, eu acredito que levantar recursos não será um problema.”

Mesmo sem aquisições a Oi seria capaz de ampliar seu negócio de telefonia móvel, concentrando-se no mercado de pré-pago e em determinadas regiões, como no sul do Brasil, onde a sua fatia de mercado é muito pequena, disse ele.

Bava disse que as prioridades do novo grupo são a desalavancagem via investimentos mais baixos em rede, redução de custos e vendas de ativos selecionados, enquanto ainda busca aumentar a geração de caixa de suas operações móveis e de linha fixa.

“Nós também estamos olhando para as opções em torno de nossas torres de celulares”, disse Bava, referindo-se a uma outra possível venda de ativos.

Questionado se a nova empresa iria considerar a venda de empresas africanas da Portugal Telecom, que incluem participações em operadoras em Angola e Moçambique, Bava não se comprometeu.

“Nosso foco de gestão é Portugal e Brasil – na África, esses ativos geram dinheiro e não tem nenhuma dívida em seus livros, então, francamente, eles não ocupam muito do meu tempo”.

Marfrig irá buscar mercado internacional de bônus se custos caírem 
A Marfrig Alimentos, segunda maior empresa do setor de bovinos no Brasil, irá buscar o mercado internacional de bônus apenas se os custos de empréstimos caírem consideravelmente, já que a companhia não possui nenhum pagamento significativo de dívida nos próximos três anos, disse Sergio Rial, que irá assumir a presidência da companhia no começo de 2014, nesta quarta-feira.

A Marfrig irá adotar uma “aproximação oportunista” em acessar os mercados de bônus, e pode apenas vender nova dívida se os spreads, ou a diferença entre os custos de empréstimo da empresa e aqueles da dívida do Tesouro dos Estados Unidos com vencimento equivalente, reduza a pelo menos um ponto percentual, disse Rial em Nova York.

Veja também: O que a Marfrig precisa fazer para voltar a ser “carne nobre” na Bovespa?

As declarações do executivo destacam o foco da Marfrig em reduzir seus custos de dívida, ampliar as margens em suas três unidades e controlar gastos com vendas, gerais e administrativas para retornar a lucratividade.

O prejuízo líquido da Marfrig no terceiro trimestre caiu 60 por cento para 194 milhões de reais conforme Rial reformulou as operações e orquestrou a venda da unidade de carnes de ave Seara para a rival JBS.

“Não enfrentamos pagamentos iminentes de dívida nos próximos três anos, e conseguimos elevar o caixa, o que nos deixa em uma posição muito confortável no campo de dívida”, disse o executivo nos bastidores de um evento com investidores patrocinado pelo banco de investimentos Bradesco BBI.

Atualmente, o rendimento no bônus da Marfrig de 11,25 por cento com vencimento em setembro de 2021 está em torno de 11,70 por cento. O spread relativo ao bônus do Tesouro dos EUA de sete anos está em cerca de 9,5 pontos percentuais, segundo dados da Thomson Reuters.

JBS descarta venda de ativos para reduzir dívidas
A eficiência em custos e sinergias decorrentes da integração de mais de uma dúzia de aquisições feitas desde 2007 vão ajudar a brasileira JBS, maior frigorífico do mundo, a cumprir as metas de dívida autoimpostas até o final do próximo ano, sem alienação de ativos, disse seu presidente-executivo, Wesley Batista, nesta quarta-feira.

A dívida líquida deve cair no próximo ano para um pouco abaixo de 3 vezes o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) anual, ante 4,03 vezes no fim de setembro deste ano, disse Batista em uma entrevista em Nova York.

A melhora da geração de caixa, impulsionada pelo impacto do enfraquecimento do real sobre exportações, deve ser o principal fator sobre a tendência de redução da dívida, disse ele.

Após a compra da marca de alimentos processados Seara neste ano da rival Marfrig, a JBS se tornou não apenas a maior produtora mundial de carne bovina, mas também de aves. Excluindo a dívida assumida após a compra da Seara, o nível de alavancagem da JBS já está “bem dentro de 3 vezes, e deve cair um pouco mais”, disse Batista.

Nenhum desinvestimento de ativos será necessário para atingir uma relação de dívida líquida sobre Ebitda de 3 vezes, afirmou Batista, porque todas as unidades do JBS estão agora totalmente integradas e contribuindo para a rentabilidade e controle de custos.

“Todos os ativos são estratégicos e cumulativos, então eu não vejo por que deveríamos alienar qualquer bem para cumprir as metas de redução da dívida”, disse o executivo, que também é membro da família controladora da empresa. A companhia não vê necessidade de explorar o mercado de bônus” neste momento “para refinanciar vencimentos ou dívida mais cara”, acrescentou.

A receita da JBS para reduzir a dívida “é simples:.. nosso objetivo é gerar mais caixa que vai nos permitir pagar a dívida mais rapidamente. Estamos fazendo nosso dever de casa nesse assunto – o Ebitda está crescendo de forma saudável, as margens estão sendo protegidas, nós somos mais competitivos agora do que há alguns anos”, disse ele.

Batista afirmou também que, para manter a JBS competitiva, é importante que o real se mantenha próximo aos níveis atuais ou que enfraqueça ainda mais no próximo ano. O real acumula queda de quase 10 por cento ante o dólar neste ano, até o momento. Nos últimos meses, a moeda chegou a tocar o menor nível desde a crise financeira global de 2008.

(Com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.