Ibovespa enfrenta “ressaca” após 3 altas e cai 2,35%; apenas 2 ações sobem

Investidores aproveitam para realizar ganhos na véspera do feriado na Bovespa; corte de projeções para o Brasil e a economia global pela OCDE estimularam as vendas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após acumular ganhos de 4,8% nos últimos 3 pregões, o Ibovespa teve uma forte queda de 2,35% nesta terça-feira (19) véspera do feriado do Dia da Consciência Negra, indo para 53.032 pontos. Os investidores aproveitaram a fala pessimista do megainvestidor Carl Icahn e o corte de projeções da OCDE para a economia global e brasileira para embolsarem parte do lucro acumulado nos últimos 3 dias de negociação. Das 72 ações que fazem parte do índice, apenas 2 fecharam em alta. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 6,94 bilhões.

A maior pressão vendedora na Bovespa coincide com a aproximação de mais um dia sem negócios na bolsa brasileira. Ao contrário do pregão que antecedeu o feriado da Proclamação da República (15) na semana passada, registrando forte alta após momento de turbulência, o índice brasileiro caiu nesta véspera de mais um dia de bolsa fechada. Também vale destacar que a próxima quarta-feira (20) representa uma boa chance para o investidor se atentar ao movimento das bolsas internacionais e também dos ADRs (American Depositary Receipts) brasileiros, que podem mostrar com qual humor a bolsa brasileira voltará na quinta-feira.

Nas bolsas internacionais, o movimento foi de queda na Europa e os principais índices norte-americanos operam mais próximos da estabilidade, após alcançarem máximas na véspera – com exceção do índice Nasdaq, que registra queda de 0,3%. Na maior economia do mundo, o comportamento de precaução dos investidores ocorreu por conta da espera das novas sinalizações do Federal Reserve sobre o início ou adiamento dos cortes à atual política de estímulos à economia, que consiste na injeção de até US$ 85 bilhões no mercado local via compra de títulos públicos. Também vale destacar o movimento de correção do dólar, que fechou com alta de 0,41%, fechando a R$ 2,2776 na véspera, após ter queda de 2,3% na véspera.

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Apesar do dia pessimistas no mercado, vale destacar o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), que embora tenha acelerado para alta a 0,57% entre outubro e novembro, ficou abaixo do esperado pelo mercado. Ainda na pauta de índices de preços, o IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) subiu 0,30% na segunda prévia de novembro, ante alta de 0,91% no mesmo período de outubro, favorecido pela desaceleração dos preços no atacado.

Apenas 3 ações fogem do dia negativo
Com a forte queda do índice no dia, apenas 2 empresas viram suas ações subirem nesta sessão: CCR (CCRO3, R$ 18,35, +0,33%) e Light (LIGT3, R$ 21,40, +0,14%), enquanto os papéis da Sabesp (SBSP3, R$ 25,50, 0,00) fecharam esta terça-feira estáveis.

Em destaque nesta sessão, apareceram os papéis da LLX Logística (LLXL3, R$ 1,06, -14,52%), seguidos pelas ações de imobiliárias, que tiveram ganhos na véspera. Brookfield (BISA3, R$ 1,10, -7,56%), Gafisa (GFSA3, R$ 3,06, -6,71%), Rossi Residencial (RSID3, R$ 2,33, -6,80%) e PDG (PDGR3, R$ 1,79, -4,79%) estão entre as maiores baixas do índice.

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Destaque também para a queda das ações da Petrobras (PETR3, R$ 20,04, -1,47%; PETR4, R$ 21,11, -1,54%), que possuem a maior participação individual na composição do Ibovespa, com 13,3% de importância na carteira teórica. Os papéis da petrolífera chegaram a registrar queda na casa dos 3% nesta sessão, após terem subido quase 10% nos últimos 3 dias – na segunda-feira, a alta de PETR4 foi de 4,84%, o que fez a ação fechar no seu maior patamar desde 18 de outubro do ano passado.

Até mesmo quem estava entre as maiores altas, a Fibria (FIBR3, R$ 28,65, -2,72%), passou a registrar perdas após bater na máxima de 2,72% no intraday. A produtora de papel e celulose comunicou no fim de semana que assinou um contrato com a Parkia Participações para a alienação de terras localizadas nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Bahia e Espírto Santo em um valor total de R$ 1,65 bilhão.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LLXL3 LLX LOG ON 1,06 -14,52 -47,37 14,90M
 BISA3 BROOKFIELD ON 1,10 -7,56 -67,84 14,30M
 RSID3 ROSSI RESID ON 2,33 -6,80 -48,79 26,17M
 GFSA3 GAFISA ON 3,06 -6,71 -35,03 35,90M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 14,75 -6,29 -13,24 9,58M

As duas únicas altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CCRO3 CCR SA ON 18,35 +0,33 -1,69 128,79M
 LIGT3 LIGHT S/A ON 21,40 +0,14 -4,12 15,99M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 21,11 -1,54 892,63M 626,27M 46.629 
 VALE5 VALE PNA 32,76 -0,94 544,44M 558,12M 22.635 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 33,15 -2,67 263,72M 292,12M 19.467 
 PETR3 PETROBRAS ON 20,04 -1,47 256,44M 200,62M 16.372 
 BBDC4 BRADESCO PN 30,63 -3,28 240,66M 234,56M 15.806 
 BBAS3 BRASIL ON 26,10 -3,37 184,02M 173,50M 12.706 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,37 -1,59 166,36M 69,57M 22.135 
 BRFS3 BRF SA ON 52,17 -0,25 146,42M 116,50M 9.834 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON ED 11,78 -1,42 142,68M 110,71M 25.805 
 VALE3 VALE ON 35,60 -1,79 140,69M 195,89M 11.630 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

OCDE corta Brasil e economia global, mas eleva China
O relatório divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) nesta terça-feira mostrou um corte nas projeções de crescimento da economia global para 2014, indo de 4% para 3,6%. Para o Brasil, o corte foi ainda mais severo: de 3,5% para 2,2%. Para este ano, a projeção de crescimento do Brasil passou de 2,9% para 2,5%.

No entanto, o relatório ainda destaca positivamente a China, acreditando que a economia asiática deve acelerar para 8,2% neste ano, ante expectativa de 7,7% para este ano, impulsionado pela demanda doméstica mais forte. “O crescimento está acelerando e a inflação continua baixa, a demanda doméstica tem levado a uma mudança”, disse a OCDE em seu último relatório sobre a perspectiva da economia global.

Icahn e outras referências
Nesta terça-feira, chamou atenção a conferência promovida pela Reuters, em que o megainvestidor Carl Icahn afirmou que pode ver uma “grande queda” no mercado acionário, porque os ganhos em muitas empresas são alimentados mais por baixos custos de empréstimos do que pela força da administração.

Ainda entre as referências internacionais, os dados de investimento estrangeiro direto na China decepcionaram com atração de US$ 8,42 bilhões em outubro, valor 1,24% maior do que o observado no mesmo mês de 2012 e registrando desaceleração frente ao mês anterior.

Além disso, os comentários do presidente do Fed de Nova York, William Dudley, também pesaram sobre o sentimento dos mercados, uma vez que se mostrou otimista com a recuperação norte-americana, o que é usualmente visto como um sinal de que o Fed pode reduzir o programa de estímulos em breve. Vale ressaltar que, nesta data, o presidente do Fed, Ben Bernanke, fará discurso.

Já dentre os dados na Europa, o destaque fica com os dados de confiança do consumidor na Alemanha, que ficou abaixo do esperado pelo mercado e colabora para o dia de queda no velho continente. AInda por lá, a Associação das Montadoras Europeias anunciou um aumento das vendas de veículos em 4,7% em outubro. Mesmo com o bom resultado, no acumulado do ano, o resultado ainda é de queda nas vendas.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.