“Fim do sonho brasileiro”: veja a repercussão da queda de Eike na mídia mundial

Conforme destaca o FT, pesadelo só começou para Eike Batista; já NYT ressalta que derrocada é reflexo da trajetória do Brasil

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A derrocada do império do ex-magnata Eike Batista ganhou um novo episódio na última quarta-feira, quando a OGX Petróleo (OGXP3) entrou com pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro.

E, se a disparada de Eike como um dos homens mais ricos do Brasil foi destaque na imprensa internacional, a sua queda foi acompanhada de perto pelos maiores jornais e portais de notícias do mundo. 

Com uma perda de US$ 30 bilhões em riqueza pessoal, a Forbes destaca que a queda do empresário foi tão rápida quanto a sua ascensão. Há apenas dois anos atrás, destaca a revista, Eike foi um dos bilionários que mais viram a sua fortuna crescer, construindo um império de energia e logística; o próprio Eike previu que em breve se tornaria o homem mais rico do mundo e deixaria Carlos Slim, Bill Gates e Warren Buffett “comendo poeira”.

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Além da derrocada do seu patrimônio, tendo como peça principal a OGX, que não tornou as suas projeções ambiciosas de produção uma realidade, Eike está sendo processado, juntamente com a companhia. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) estão investigando as violações nas regras de divulgação de comunicados da empresa; sua fortuna pessoal foi dizimada pela queda espetacular nos preços das ações de suas empresas, passando de US $ 30 bilhões para menos de US$ 1 bilhão.

“Pesadelo de Eike está só começando”, diz Financial Times
Enquanto isso, o blog Beyond Brics, do jornal britânico Financial Times, também deu destaque à recuperação judicial da OGX, afirmando que “é o fim de uma era” para o brasileiro Eike Batista. Para o Beyond Brics, é “o fim dos investidores encantados”, com previsões de petróleo deslumbrantes, além de ser o desfecho do uso da imagem de Eike como “garoto propaganda das promessas econômicas para o Brasil e até mesmo a desistência do empresário em estacionar carros esportivos em sua sala de estar”. 

O FT destaca que o pedido de recuperação não foi exatamente uma surpresa uma vez que, depois de não pagar juros no valor de US$ 45 milhões em títulos, a expectativa era de que um pedido se recuperação fosse iminente, o que aconteceu. 

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E ressalta ainda como se dará o plano de recuperação judicial de Eike Batista, destacando que o maior problema para os credores é a falta de ativos da empresa: três poços produtores (Tubarão Gato, Tubarão Areia e Tubarão Tigre) tiveram o desenvolvimento suspenso em julho, enquanto a OGX Maranhão foi vendida para a Eneva (ENEV3).

Uma outra questão a ser levantada pelo Beyond Brics é em relação aos efeitos da recuperação judicial sobre as outras empresas do grupo. A OSX Brasil (OSXB3), por exemplo, conta com a OGX como seu principal cliente, provocando rumores de que a empresa de estaleiros também deve pedir concordata. “O sonho de Eike pode ter acabado, mas parece que seu pesadelo está apenas começando”, destacou o FT. 

“Eike é o espelho da trajetória recente do Brasil”, diz NYT
Em reportagem publicada nesta quinta-feira, o New York Times destacou que a ascensão e queda de Eike espelha a trajetória recente do Brasil, que teve uma ascensão rápida com o boom das commodities, mas que agora está arrefecendo.

O jornal destaca que o índice registra uma queda acumulada de 11% no ano, enquanto os mercados internacionais acumulam ganhos. E, para o jornal, os protestos que tomaram as ruas em junho são sinais do ressentimento dos brasileiros com governo, que vem destinando recursos para projetos controlados por magnatas. 

Enquanto isso, a revista alemã Der Spiegel destacou que Eike puxou o freio de emergência e, depois de semanas de duras negociações com os credores, pediu recuperação judicial, ressaltando que o ex-homem mais rico do País perdeu quase todos os seus bens. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.