As 7 ações que não tiveram o que comemorar mesmo com a alta do Ibovespa

Mesmo em dia positivo, noticiário corporativo levou Embraer e Gafisa a ficarem com as piores quedas da sessão; Tim recua 2,3% com multa de R$ 5 milhões

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Encerrando com alta de 1,50%, aos 54.980 pontos, esta é a quinta sessão consecutiva de alta do Ibovespa. Porém, o dia não foi positivo para todo mundo, algumas ações do índice não conseguiram aproveitar o momento otimista e registraram desvalorização nesta terça-feira (15).

Como fatores que colaboraram para que o benchmark tivesse seu desempenho positivo, destaque para ações com grande participação no índice, caso da OGX Petróleo (OGXP3, R$ 0,34, +47,83%) e da CSN (CSNA3, R$ 11,44, +3,16%), que juntas correspondem a quase 5% da carteira do Ibovespa.

Na ponta negativa, foram 5 ações encerrando o pregão com queda superior a 2%, com destaque para a Embraer (EMBR3), que fechou o dia com a maior queda do índice ao recuar 4,26%, a R$ 18,20, seguindo a notícia da divulgação dos dados de venda e entrega de aviões referentes ao terceiro trimestre deste ano.

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A carteira de pedidos da empresa subiu mais de 40% em relação ao terceiro trimestre de 2012, com entrega de 44 aviões no período, mas houve queda de quase 30% nos envios a clientes de aviões comerciais, maiores e mais caros. O volume de entregas do segmento caiu de 27 unidades entre julho e setembro de 2012 para 19 em igual período deste ano. De acordo com o BTG Pactual, a Embraer deve estar apta a entregar o seu guidance divulgado no início deste ano. A margem da companhia deve recuar no terceiro trimestre, mas a mesma deverá apresentar melhora nos últimos três meses do ano.  

Imobiliárias caem com dados da Cyrela
Os fracos resultados divulgados pela Cyrela (CYRE3), que viu o seu volume de lançamentos registrar expressiva queda, afetou as ações das empresas do setor imobiliário. Enquanto, os papéis CYRE3 registraram baixa de 1,00%, a R$ 16,82, os ativos da Gafisa (GFSA3) foram destaque de queda do índice ao registrarem baixa ainda maior, de 3,29%, a R$ 3,53. As ações da PDG Realty (PDGR3, R$ 2,24, -1,32%) e da MRV Engenharia (MRVE3, R$ 10,40, -0,29%) também registram baixa na bolsa.  

Divulgados na noite anterior, os lançamentos trimestrais da Cyrela recuaram 18,7% ante igual período do ano passado, para R$ 1,23 bilhão. Já as vendas contratadas caíram 22,5%, alcançando R$ 1,36 bilhão. Na comparação com dados divulgados pela Cyrela no segundo trimestre, as vendas contratadas da companhia caíram quase 38 por cento, enquanto os lançamentos tombaram 30%.

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Conforme destacam o BES e o Credit Suisse, os números foram mais fracos do que o esperado, desapontando principalmente em termos de lançamentos, vendas e na velocidade de vendas. Por outro lado, destacam os analistas do BES, Eduardo Silveira e Gabriel de Gaetano, a Cyrela continua a frente de seus pares em termos de mudança de estratégia e “merece” ser negociada a um prêmio em relação aos seus pares em meio a sua menor alavancagem e maiores retornos sobre o patrimônio líquido.

Tim recua 2,3%, após multa de R$ 5 milhões
As ações da TIM (TIMP3) também sofreram nesta terça ao recuarem 2,27%, para R$ 11,65. O Juizado Especial Cível e Criminal de Jales, interior de São Paulo, condenou a companhia a pagar R$ 5 milhões por “dano social” causado pela suspeita de derrubar de propósito ligações feitas por consumidores do plano pré-pago Infinity.

O juiz da decisão, Fernando Antonio de Lima, também condenou a empresa a pagar R$ 6 mil a uma consumidora a título de danos morais por propaganda enganosa. A cliente havia contratado o plano pré-pago para o celular, ao custo de R$ 0,25 em cada ligação a outros números da operadora.

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Procurada pelo Portal InfoMoney, a TIM informou por meio de nota à imprensa que tomou conhecimento da sentença “e ingressará com os recursos cabíveis contra a decisão, já que não está previsto no ordenamento jurídico brasileiro o pagamento de danos sociais.” No que diz respeito a derrubada de chamadas, ela acrescentou que o parecer final da Anatel enviado em maio deste ano mostrou a inexistência de qualquer indício de queda proposital de chamada dos clientes do plano Infinity.

Em relatório, as analistas Karina Freitas e Daniela Martins, da Concórdia Investimentos, explicam que a notícia é negativa não só pela multa milionária, mas também por recordar processos anteriores que questionavam a qualidade dos serviços oferecidos pela operadora e se as quedas das chamadas eram feitas propositalmente.

Odontoprev cai 5,5% após saída de presidente
Vale destacar ainda as ações da Odontoprev (ODPV3) que registraram baixa de 5,45%, a R$ 9,37, após o Bradesco (BBDC4) anunciar a compra de 6,5% do capital social da companhia, passando a deter 50,01% do total de ativos e reforçando assim o status de controlador da empresa. Vale destacar o forte volume movimentado pelos ativos, que chegou a R$ 151 milhões, ante média de R$ 14,5 milhões – maior volume desde o dia 30 de novembro de 2010, quando as ações movimentaram R$ 202 milhões.

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Em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Odontoprev confirmou que o total de ativos envolvidos na operação foram vendidos pelo atual diretor presidente da companhia, Randal Luiz Zanetti, que deixará o cargo para assumir a posição de vice-presidente do Conselho de Administração. Mauro Figueiredo será o novo presidente.

O analista Mario Bernardes Junior, do BB Investimentos, destaca que o que pode pesar de maneira desfavorável à visão do mercado é a saída de Randal Zanetti do top management da companhia e a sua redução de participação acionária, pois poderia indicar que seu fundador e um dos principais responsáveis pela construção da marca OdontoPrev esteja com o seu ciclo terminando na operadora de planos odontológicos.

“Tal fato seria passível de incertezas, uma vez que o mercado vê em Zanetti um dos principais nomes da gestão da empresa. No entanto, a companhia reforçou que os atuais planos estratégicos permanecem os mesmos”, ressaltou o analista. Durante a tarde o banco destacou que não pretende mudar a estratégia de negócios da Odontoprev e que o sócio fundador e agora ex-presidente-executivo Randal Luiz Zanetti continuará próximo do negócio.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.