Embraer sobe 43% e é a ‘campeã’ do Ibovespa no 1º semestre; veja mais altas

Braskem, Cielo, Suzano e Ultrapar foram outras ações que conseguiram driblar o desempenho ruim do Ibovespa no 1º semestre de 2013

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Mesmo com um semestre bastante negativo para o Ibovespa, que registrou perdas de 22,14% no período – o pior desde a segunda metade de 2008 -, algumas ações do índice tiveram grandes motivos para comemorar. Dentre os 71 papéis que fazem a carteira teórica, apenas 17 conseguiram encerrar o período esses 6 meses com valorização.

A grande “campeã” no semestre foi a Embraer (EMBR3), que liderou com tranquilidade as altas do Ibovespa ao subir 42,89% entre janeiro e junho, fechando a R$ 20,51. Um dos principais fatores que favoreceram a companhia foi a combinação do grande número de acordos e contratos realizados e o rali do dólar – que avançou mais de 7% nesses 6 meses.

Apenas no mês de janeiro, a empresa realizou uma joint venture com a AgustaWestland para produção de helicópteros para o mercado militar e comercial, além de um contrato com a Republic Airways para venda de jatos que poderia atingir US$ 4 bilhões. O resultado apresentado em 2012 – divulgado em março – também animou, com a companhia registrando lucro líquido de R$ 698 milhões, cerca de 4,5 vezes acima dos R$ 156,3 milhões do ano anterior.

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Os números levaram as ações da companhia a atingirem seu maior patamar desde 2008 no dia 20 de junho, quando fecharam a R$ 21,21. “Mesmo com a desaceleração da economia mundial, a demanda pelos aviões da companhia está bastante forte, com a procura da China e dos Estados Unidos”, destaca o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos. Com isso, a empresa passou a apresentar recuperação e retomou a confiança dos investidores neste ano, mesmo em um momento conturbado na Bovespa.

Seguindo o fluxo de boas notícias, a fabricante de aeronaves realizou em maio mais um contrato bilionário para venda de jatos, desta vez com a norte-americana SkyWest. No mesmo período, a empresa ainda contou com a forte alta do dólar em relação ao real, favorecendo ainda mais os contratos fechados pela a companhia, já eles são feitos em sua maioria em moeda estrangeira. A divisa norte-americana pulou de R$ 2,00 para R$ 2,26 entre final de abril e junho.

Fechando o semestre com chave de ouro, foi realizado o Paris Air Show.na semana entre os dias 17 e 21 de junho, que foi muito proveitoso para a brasileira. Durante o evento, a Embraer apresentou sua nova geração dos seus E-Jets, considerado o principal negócio da companhia, além de anunciar a venda de 365 jatos e investimentos de US$ 1,7 bilhão nos próximos 8 anos. Na semana em questão o Ibovespa recuou 4,61%, os papéis EMBR3 avançaram 9,38%.

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As 17 ações do Ibovespa que registraram alta no primeiro semestre:

Ação Alta no semestre Preço
Embraer ON 42,89% R$ 20,51
Braskem PNA 28,67% R$ 16,47
Cielo ON 20,60% R$ 56,00
Suzano PNB 19,84% R$ 8,25
Ultrapar ON 16,24% R$ 53,12
BRF ON 15,51% R$ 48,45
ALL ON 14,75% R$ 9,46
 Pão de Açúcar PN 10,87% R$ 99,60
Fibria ON 9,66% R$ 24,75
JBS ON 8,92% R$ 6,47
Telefônica Brasil PN 8,74% R$ 50,40
Cesp PNB 6,89% R$ 19,63
Cemig PN 5,30% R$ 19,91
Cosan ON 3,62% R$ 43,26
TIM ON 2,43% R$ 8,09
Transmissão Paulista PN 1,55% R$ 33,50
Vanguarda Agro ON 1,36% R$ 3,74

Braskem e o corte de impostos
Com a medalha de prata, aparece a maior petroquímica das Américas, a Braskem (BRKM5). A companhia colocou em prática planos de desinvestimento e ainda foi favorecida por medidas do governo, fazendo suas ações subirem 28,67% nos últimos seis meses, ficando cotadas a R$ 16,47. No final de abril, a ação BRKM5 bateu seu maior fechamento do ano (R$ 17,40), que também coincide com seu maior preço desde setembro de 2011.

No início do ano, a empresa divulgou a venda de ativos no pólo petroquímico de Camaçari, na Bahia. Além disso, o presidente da Braskem afirmou que considerava a possibilidade de vender outros ativos, buscando seguir três critérios: ativos não estratégicos, com ganho econômico e geração de caixa. Isso fez com que analistas do Credit Suisse passassem a ter grande otimismo com as ações, indicando 5 motivos para o bom momento da empresa.

Em abril, o governo anunciou a redução da incidência de PIS/Cofins para o setor químico, fato que beneficiou ainda mais a Braskem. Antes da medida, a alíquota dos tributos paga pelo setor era de 5,6%, sendo que após as medidas a taxa passou para 1%. Nos dois pregões após a redução, as ações da companhia subiram 14%, atingindo ganhos de 27,5% no mês de abril.

Na última semana, um relatório divulgado pelo JPMorgan reiterou o otimismo com a empresa mesmo com a forte alta nos primeiros seis meses, trazendo 3 motivos para o investidor comprar os papéis da petroquímica. 

Resultados estáveis impulsionam a Cielo
Fechando o pódio, a Cielo (CIEL3) conseguiu mais um período de ganhos, apesar do noticiário da empresa no período ser sempre cercado pelo risco de um marco regulatório no setor. Entre janeiro e junho, os papéis da administradora de cartões avançaram 20,60% desde o começo do ano, fechando esses seis primeiros meses cotados a R$ 56,00, exatos 50 centavos abaixo da sua máxima histórica, alcançada no dia 14 de maio deste ano.

Mesmo com o risco rondando a empresa, os resultados apresentados desde o final do ano passado mostram certa estabilidade para a Cielo. O lucro líquido da companhia tem apresentado alta constante a cada trimestre, o que traz confiança para o investidor

Com o balanço do primeiro trimestre deste ano, Tiago dos Reis, gestor da Set Investimentos, destacou a ótima rentabilidade sobre patrimônio líquido da Cielo, que já havia sido a maior da bolsa em 2012. “Isso é muito bom, mostra que a ação tem constância e o mercado está começando a perceber isso”, disse Reis. Com exceção de abril, quando as ações subiram 7%, a companhia não registrou nenhum mês de fortes altas, mas fechou sempre com valorização, o que colaborou para o acumulo positivo nestes seis meses.

Apesar de ser a terceira ação com maior alta no primeiro semestre, a Cielo foi quem mais ganhou em valor de mercado no período, segundo a Economatica. A empresa ganhou R$ 5,774 milhões de valor, indo de R$ 37,292 bilhões para R$ 43,066 bilhões. A Embraer ficou com o terceiro na lista, vendo seu valor de mercado subir em R$ 5,257 bilhões, indo de R$ 10,496 bilhões para R$ 14,799 bilhões.

Suzano e Ultrapar fecham o “G5” do Ibovespa
Incluída em setembro do ano passado no Ibovespa, a Suzano Papel 
(SUZB5, R$ 8,25, +19,84% no 1º semestre do ano) fez jus ao prestígio que vem ganhando frente aos investidores e terminou entre as maiores altas do índice nesta primeira metade de 2013. O aumento do preço da celulose e a alta do dólar têm favorecido bastante a companhia este ano, visto que ela tem 80% da receita atrelada ao dólar.

Fechando o “top 5” do Ibovespa, aparece a Ultrapar (UGPA3, R$ 53,12, +16,24% no 1º semestre). A companhia não teve grande destaque nos noticiários, mas viu suas ações apresentarem altas sucessivas a cada mês, tendo em vista seu caráter e geração de caixa previsível, o que fez ela ganhar atratividade perante os investidores mais receosos com o desempenho pífio de outros setores da Bovespa.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.