Balanço dos balanços: empresas do Ibovespa viram lucro crescer 52% no 3º tri

Ao todo, as 62 companhias listadas no índice lucraram R$ 32,46 bilhões; Petrobras lidera ganhos após ter tido maior prejuízo no trimestre anterior, enquanto Itaú ultrapassa Vale

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Juntas, as 62 empresas do Ibovespa lucraram R$ 32,46 bilhões no terceiro trimestre de 2012 de acordo com o levantamento do Portal InfoMoney. O montante mostra expressiva alta de 52,1% frente o segundo trimestre deste mesmo ano. Já na comparação com o mesmo período de 2011, houve queda de 9,1%, já que as companhias haviam lucrado R$ 35,69 bilhões entre julho e setembro do ano passado.

Entre os dois últimos trimestres de 2012, mais empresas viram seus resultados melhorarem – foram 37 companhias que apresentaram crescimento no lucro em relação ao 2º trimestre, sendo que 8 destas haviam tido prejuízo anteriormente. Como 18 das atuais empresas do Ibovespa haviam apresentado perdas no trimestre passado, 10 delas continuaram no vermelho no 3º trimestre.

Esse número é sem dúvida uma melhora, mas ainda abaixo do patamar do 1º trimestre do ano – quando seis companhias mostraram números no vermelho. Naquela época, as mesmas 62 empresas que hoje compõem o Ibovespa haviam lucrado R$ 42,05 bilhões, um número 29,55% ainda acima do que foi aferido pelas mesmas companhias nesse período. 

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Petrobras: do maior prejuízo ao maior lucro
Esse movimento pode ser explicado pelo resultado da Petrobras (PETR3; PETR4), que pulou do pior prejuízo no trimestre passado, para o maior lucro neste. A companhia, com perdas de R$ 1,34 bilhão entre abril e junho, teve ganhos de R$ 5,56 bilhões no período subsequente – uma diferença de cerca de R$ 7 bilhões entre um trimestre e outro.

Esse número, porém, é uma queda de 12,14% frente ao que havia sido visto no mesmo período do ano passado. A empresa havia tido lucro beirando os R$ 10 bilhões no 1º trimestre, mas se vê pressionada pelo forte descolamento entre o preço dos derivados de petróleo fora e dentro do País – enquanto o barril de petróleo atinge altos patamares no mercado internacional, os preços no mercado interno continuam inalterados.

A companhia precisa importar esses produtos para conseguir atender a demanda doméstica – e tem sido utilizada pelo governo, seu principal acionista, para controlar a inflação. A Petrobras conseguiu recuperar parte de sua rentabilidade quando o governo reduziu os impostos sobre a gasolina para que a companhia conseguesse elevar os preços aos revendedores mas isso não se refletisse nas bombas. 

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Lucro da Vale é ultrapassado pelo Itaú Unibanco
Se a diferença de um trimestre e outro pode ser explicada pela Petrobras, a outra grande blue chip da bolsa brasileira é a causa da diferença entre um ano e outro. A Vale (VALE3; VALE5), que havia lucrado R$ 7,89 bilhões nesse mesmo trimestre de 2011, teve ganhos de “apenas” R$ 3,32 bilhões neste – queda de 57,84%

Com isso, a mineradora perdeu o posto de segunda empresa com maiores ganhos no índice pelo Itaú Unibanco (ITUB4) que teve lucro de R$ 3,37 bilhões no período. Usualmente, eram Petrobras e Vale – as duas empresas mais representativas do índice – quem se alternavam entre os maiores lucros. Já a Ambev (AMBV4), cujo valor de mercado supera a Vale, lucrou R$ 2,50 bilhões – o sexto maior de todo o índice.

Mas 24 empresas também pioraram de 2011 para 2012
Outras 24 empresas terminaram o período com lucro menor do que tiveram no mesmo período do ano passado. O destaque ficou com a Eletropaulo (ELPL4), que viu o lucro diminuir em 96%, e PDG Realty (PDGR3), cujos ganhos neste trimestre foi 90% menor que o ano passado. 

O resultado da PDG mostra o atual momento vivido pelo setor imobiliário no Brasil, já que a Gafisa (GFSA3) viu seu resultado final cair 87% para R$ 5 milhões e a Rossi (RSID3) viu essa linha do balanço recuar 80,0% e a Brookfield (BISA3) viu seus ganhos minguarem em 71%. Entre elas ficou a Brasil Foods (BRFS3), cujo lucro caiu 75,0%, para R$ 91 milhões. 

Na comparação trimestre contra trimestre, a maior queda ficou com o BR Malls (BRML3), que viu o lucro decrescer 78,2% para R$ 100,7 milhões. Por sua vez, a Eletropaulo (ELPL4) acompanhou a queda de 75,0%, atingindo os R$ 13,7 milhões, as únicas duas quedas superiores a 50% entre os referidos períodos.

Lucros cresceram para 21 delas
Curiosamente, foi a BR Malls que apresentou a maior alta entre um ano e outro: 979,55%, já que os ganhos de um ano atrás haviam sido de apenas R$ 9,32 milhões. Melhora anual de três dígitos também foi obtida pela Sabesp (SBSP3) e Cosan (CSAN3), cujos lucros avançaram 432,1% e 348,1% para R$ 361,8 milhões e R$ 283,2 milhões, respectivamente. 

A Lojas Americanas (LAME4) ficou logo em seguida, com crescimento de 59,96% para R$ 78,7 milhões. Não foram apenas empresas que lucram na casa dos “milhões” que mostraram expressiva melhora, visto que o lucro de R$ 2,5 bilhões da Ambev representa um crescimento de 52,5% frente o que havia sido visto um ano atrás. 

Na comparação trimestral, o destaque fica com a Brasil Foods, cujo lucro caiu 75% de um ano para o outro, mas viu os números se recuperarem 1.416% nesse trimestre, mostrando que é possível que os tempos díficeis fiquem contidos nesses últimos dois trimestres. Já a Gafisa viu seu lucro pular de R$ 1 milhão para R$ 5 milhões, 400%.

Ranking de maiores lucros do Ibovespa no 2º trimestre::

Empresa Lucro (R$ mi) 3T12/3T11 3T12/2T12
Petrobras 5.567 -12,14% -*
Itaú Unibanco 3.372 -11,43% 2,18%
Vale 3.328 -57,84% -37,33%
Bradesco 2.862 1,67% 1,02%
Banco do Brasil 2.728 -5,67% -8,64%
Ambev 2.508 52,46% -29,79%
Santander Brasil 1.501 -16,70% 2,53%
Itaúsa 1.343 5,50% 13,05%
Eletrobras 1.003 -35,91% -25,65%
Cemig 937 42,62% 55,13%
Telefônica Brasil 936 -29,73% -13,73%
Cielo 589 28,72% 7,31%
JBS 459 -* 115,78%
Souza Cruz 416 2,38% 4,29%
Gerdau 408 -42,78% -25,68%
BM&FBovespa 400 0,25% -5,27%
Sabesp 361 432,06% 23,57%
Klabin 331 -* -*
CPFL Energia 321 -15,30% 37,18%
Copel 319 -7,65% 72,66%
TIM Participações 318 0,44% -8,30%
CCR 316 18,83%  41,24%
Oi 315 -26,06%  392,19%
Ultrapar 291 29,33% 24,36%
Cosan 283 348,10% -*
Transmissão Paulista 241 -30,02% 19,95%
Natura 237 17,71% 10,32%
Bradespar 223 -52,08% 1,83%
CSN 159 -85,50% -*
MRV 151 -27,75% 4,14%
Cyrela 150 2,04% 4,90%
Cesp 149 -* 84,84%
Pão de Açúcar 142 19,33% -44,31%
Duratex 125 27,70% 27,70%
Embraer 124 -* -66,31%
ALL 106 16,32% -31,04%
Cetip 100 9,69% -1,37%
BR Malls 100 979,55% -78,19%
Light 98 -* -1,37%
Brasil Foods 91 -75,07% 145,00%
Lojas Americanas 78 59,96% 108,75%
Localiza 71 -5,18% 567,29%
Lojas Renner 68 20,81% -33,82%
Hypermarcas 68 -135,91% -*
Hering 54 -14,23% -35,86%
Brookfield 31 -71,03%  -*
PDG 27 -89,64%  -*
Dasa 26 -52,57%  16,02%
Rossi 19 -80,21%  -*
Eletropaulo 13 -96,07% -75,80%
Gafisa 5 -86,95% 400%
Marfrig 1 -*  -93,55%
*Não há comparação percentual pois a empresa havia tido prejuízo no período anterior

10 empresas tiveram prejuízo
Enquanto isso, outras 10 empresas tiveram um trimestre no vermelho – incluindo as três empresas de Eike Batista que compõem o índice. Com a antiga campeã, Petrobras, agora superavitária, o posto de maior prejuízo ficou com a OGX Petróleo (OGXP3), que viu as perdas saltarem 1.222% de um ano para outro e atingirem R$ 343,6 milhões no terceiro trimestre. Já a LLX Logística (LLXL3) reduziu as perdas em 60,8% para R$ 4,91 milhões e a MMX Mineração (MMXM3) teve perdas 59,7% menor, de apenas R$ 100,1 milhões.

A companhia que baixou as perdas de maneira mais efetiva foi a Braskem (BRKM5), cujas perdas de R$ 1 bilhão tanto no terceiro trimestre de 2011 quanto no segundo trimestre de 2012 foram reduzidas em 88%, para R$ 124 milhões. A Fibria (FIBR3), também com prejuízo bilionário no ano passado, reduziu as perdas em 81,0%, para R$ 212 milhões.

A boa notícia para os investidores brasileiros é que apenas a OGX e a B2W Varejo (BTOW3) viram seus prejuízos crescerem. E mesmo assim, o salto da varejista foi de apenas 18,0%, atingindo os R$ 47,9 milhões.

Uma única companhia havia tido lucro e agora apresenta prejuízo: é a Usiminas (USIM3; USIM5), cujo resultado líquido de R$ 154 milhões um ano atrás acabou se tornando R$ 125 milhões negativos este ano.

Ranking de maiores prejuízos do Ibovespa no 3º trimestre:

Empresa Prejuízo
(em R$ mi)
3T12/3T11 3T12/2T12
OGX Petróleo 343 1222,66% -13,81%
Gol 309 -40,11% -56,74%
Fibria 112 -80,97% -59,54%
Suzano 166 -76,91% -68,91%
Usiminas 125 -* 43,68%
Braskem 124 -88,15% -88,00%
MMX 100 -59,67% -74,44%
B2W 48 17,98% 23,14%
Vanguarda 17 -75,59% -75,13%
LLX 5 -60,75% -28,81%
Vale ressaltar que, quando a oscilação 
*Empresa havia registrado lucro no período anterior