Ações do Banco Inter (BIDI11) fecham em queda de 8,54% após prévia operacional evidenciar desafios de monetização

Desaceleração na originação de crédito e no volume transacionado em cartões foram pontos de atenção, segundo analistas de mercado

Lara Rizério

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O Banco Inter (BIDI11) registrou a maior queda do Ibovespa após a divulgação da sua prévia operacional referente ao primeiro trimestre de 2022 (1T22). As units BIDI11 fecharam em baixa de 8,54%, a R$ 16,70.

A companhia mostrou um aumento de 82% na base de clientes no primeiro trimestre ante igual período do ano anterior.  Contudo, de acordo com analistas de mercado, em linhas gerais, os números vieram fracos, com desaceleração na originação de crédito e no volume transacionado em cartões.

Apesar da alta da originação na base anual, de 22%, houve uma queda de 26% frente o quarto trimestre de 2021, a R$ 4,5 bilhões o que, segundo a Levante Ideias de Investimentos, provavelmente reflete a majoração de taxas que teve início no último trimestre.

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Já a inadimplência teve aumento para 3,3%, elevação de 0,5 ponto percentual (p.p.) quando comparada ao quarto trimestre de 2021 (4T21). Quando se olha os números para o segmento de cartão de crédito a inadimplência foi de 6,6%, aumento de 1,50 p.p quando comparada aos últimos três meses do ano passado.

O volume transacionado em cartões (TPV) atingiu R$ 14,1 bilhões, queda de 1% quando comparado com o 4T21. “Neste caso, é importante ressaltar que a sazonalidade impacta positivamente o último trimestre do ano. Porém, para uma operação de crescimento acelerado, essa retração na base comparativa é um ponto de atenção”, avalia a Levante Ideias de Investimentos.

Já o o Interinvest manteve os mesmos 2 milhões de clientes do último trimestre, mostrando que a plataforma ainda encontra dificuldades em atrair investidores, aponta a Levante.

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Os analistas do Itaú BBA comentaram que o Inter reportou números operacionais abaixo do esperado, destacando também que o ritmo de originação de crédito deu um grande passo para trás, os volumes de transações com cartão estagnaram e a qualidade do crédito se deteriorou rapidamente, especialmente em cartões.

Os poucos destaques positivos, na opinião do BBA, foram a sólida captação líquida de novos clientes e o volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês). Os números mais fracos provavelmente eram já um pouco esperados, devido ao macro mais difícil e à reprecificação de produtos que começaram no 4T21, mas os analistas esperavam mais devido às vantagens relativas de financiamento, opex e produtos do Inter.

Do lado positivo, a Levante ressaltou as abertura de novas contas no trimestre, com a adição de 2,3 milhões de clientes, enquanto outras fontes de receita da companhia apresentaram forte crescimento. É o caso do segmento de seguros, que aumentou sua base de clientes 10% no comparativo trimestre contra trimestre, saindo de 838 mil clientes para 915 mil, e o Intershop que apresentou melhora em seu take rate  – a taxa que o banco leva por comercializar o serviço dos parceiros.

“Os números apresentados pelo Inter em sua prévia operacional mostram que a fintech continua seu plano de expansão, com abertura de novas contas em ritmo acelerado, porém voltando a mostrar dificuldades na monetização desses clientes. Com isso, esperamos um impacto negativo nas ações da plataforma no Curto Prazo”, destaca a casa de análise, uma vez que levanta questionamento sobre a rentabilidade de suas operações no médio/longo prazo.

Para os analistas, o cenário macroeconômico desafiador continuará impactando os resultados de crédito e inadimplência
nos próximos meses. Isso colocará uma escolha difícil entre crescer ou tentar rentabilizar sua operação. No primeiro trimestre, avaliam, nenhuma das duas alternativas foi alcançada: “claro que a abertura de novas contas é um trunfo, mas as avenidas que trazem receitas ficaram estagnadas e a rentabilidade deve ter sido prejudicada”, apontam.

Assim, continuam acreditando que o Inter está longe de alcançar a rentabilidade que consideram desejada para uma operação que é financeira, e “acreditamos que isso é um dos principais responsáveis pela derrocada de suas ações nos últimos meses”, avalia a Levante. No acumulado de 2022, a baixa é de 41%, a segunda maior queda do Ibovespa no período.

Para o Bradesco BBI, embora possa ver uma recuperação ao longo do ano, o momento de curto prazo ainda parece muito desafiador, principalmente nos resultados de crédito. Além disso, acredita que as provisões no trimestre podem permanecer altas (potencialmente chegando a cerca de R$ 200 milhões no trimestre) pesando, em última análise, nos resultados. “Vemos riscos de queda para o lucro líquido de consenso, estimado em R$ 244 milhões para 2022”, avaliam os analistas do banco.

Os resultados completos devem ser divulgados em 16 de maio, após o fechamento do mercado.

Tanto o Bradesco BBI quanto o Itaú BBA, no momento, possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para as units BIDI11, com preços-alvos respectivos de R$ 34 (potencial de alta de 86% em relação ao fechamento de segunda-feira) e de R$ 65,12 (potencial de alta de 246% frente o fechamento de segunda).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.