Ação da Renner afunda 8% e puxa Hering após resultado, enquanto Usiminas tem baixa de 5%; Petrobras cai com petróleo

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma sessão movimentada no noticiário geopolítico, com destaque para o aumento das tensões entre EUA e China e, no final do pregão, com a divulgação do vídeo da reunião de Jair Bolsonaro com ministros, as maiores variações percentuais do Ibovespa são para as ações de empresas que soltaram resultados na véspera, com destaque para a queda de varejistas.

As ações de Lojas Renner (LREN3, R$ 37,37, -8,34%) caíram forte após o resultado e puxaram os papéis da Cia. Hering (HGTX3, R$ 12,90, -9,09%). Fora do índice, Guararapes (GUAR3, R$ 11,75, -6%) teve queda forte.  Cogna (COGN3, R$ 4,30, -8,51%), por sua vez, teve queda superior a 8%, enquanto a Usiminas (USIM5, R$ 4,72, -5,03%) caiu 5%.

Os resultados mais fracos das empresas brasileiras no primeiro trimestre do ano refletem não só a redução das vendas, mas também as medidas de precaução adotadas para lidar com os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus, como o aumento de provisões para lidar com eventuais calotes.

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No mercado de commodities, o petróleo WTI chegou a despencar 9,4% antes de reduzir suas perdas, enquanto os metais caem em Londres após a China abandonar meta para PIB e em meio às tensões do país asiático com os EUA. Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam em queda de 0,93 dólar, ou 2,6%, a US$ 35,13 por barril. O petróleo dos EUA recuou 0,67 dólar, ou 2%, para US$ 33,25 o barril. Em meio a esse cenário, a Petrobras (PETR3, R$ 19,52, -2,16%; PETR4, R$ 18,67, -2,71%) fechou em queda de mais de 2%. Confira os destaques:

Usiminas (USIM5, R$ 4,72, -5,03%)

A Usiminas registrou um prejuízo líquido de R$ 424 milhões no primeiro trimestre do ano, ante um lucro de R$ 76 milhões em igual período de 2019.

O resultado financeiro negativo de R$ 858 milhões no período, sendo R$ 775 milhões causados por perdas cambiais, foi um dos motivos para o prejuízo do trimestre.

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Já a receita líquida da siderúrgica ficou em R$ 3,808 bilhões, uma alta de 8% no comparativo anual.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia, por sua vez, atingiu R$ 569 milhões de janeiro a março, alta de 17% na comparação anual.

O Ebitda subiu 14%, para R$ 539 milhões, e a margem Ebitda subiu de 13% entre janeiro e março de 2019 para 14% nos três primeiros meses desse ano.

Já as vendas de minério de ferro da Usiminas cresceram 17% no período, para 2,2 milhões de toneladas, enquanto as vendas de aço alcançaram 1 milhão de toneladas, aumento de 4%.

O Morgan Stanley destacou de forma positiva os resultados operacionais da Usiminas. No entanto, os analistas acreditam que os investidores devem se afastar dos papéis da siderúrgica devido ao cenário de incerteza. “Acreditamos que os investidores vão ficar longe do nome enquanto a incerteza macroeconômica permanece elevada. A Usiminas é a siderúrgica com maior exposição ao mercado doméstico de automóveis brasileiro, que foi significativamente impactado pela Covid-19”, explicaram em relatório a clientes.

Lojas Renner (LREN3, R$ 37,37, -8,34%)

A Lojas Renner registrou lucro líquido de R$ 10,4 milhões no primeiro trimestre do ano, uma queda de 94% na comparação com igual período do ano passado. O recuo decorre, principalmente, das provisões feitas para perdas financeiras.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado despencou 65%, para R$ 110,9 milhões, enquanto a receita líquida com vendas de mercadorias caiu 6%, para R$ 1,55 bilhão.

O lucro e o Ebitda vieram mais fraco que o esperado pelos analistas do Itaú BBA. “Acreditamos que os investidores não se concentrarão no resultado operacional do primeiro trimestre de 2010, mas em quanto esses resultados podem afetar a capacidade da Renner de crescer a longo prazo”, avaliaram, em relatório a clientes.

A empresa, que está com pouco mais de 100 das suas 597 lojas em funcionamento, informou que para lidar com o período das restrições impostas pela pandemia do coronavírus levantou R$ 2 bilhões em financiamentos, reduziu os investimentos para R$ 560 milhões e o pagamento aos acionistas para 25% do lucro de 2019. As medidas “garantiram a preservação da saúde financeira da companhia mesmo em cenários de estresse”.

A XP Investimentos aponta que a Renner reportou resultados fracos, conforme esperado. Com o fechamento temporário das lojas a partir da segunda quinzena de março, a companhia reportou uma queda de vendas no conceito mesmas lojas de 10,7% na base anual.

Entretanto, os impactos relacionados ao COVID-19 nas operações de varejo e financeira já eram amplamente antecipados pelo mercado.

“Dessa forma, apesar de reconhecermos que a perspectiva de curto prazo continua desafiadora em meio ao cenário atual, continuamos confiantes no potencial de ganho de participação de mercado da companhia no médio prazo”, afirma Pedro Fagundes, analista da XP, reiterando a recomendação de compra e preço-alvo de R$ 50 por ação ao final de 2020.

Já o Credit Suisse aponta que, apesar das boas perspectivas de longo prazo e da excelente execução e estratégia e balanço sólido, os analistas do banco ainda não acham a relação risco-retorno atraente no curto prazo e veem o papel negociando a múltiplos elevados, destacando preocupação com um potencial com um efeito prolongado da crise no consumo em geral, uma vez que os pilares da demanda no varejo serão enfraquecidos (taxa de emprego mais alta, menor confiança do cliente, etc). Além disso, apontam, o crescimento e-commerce parece estar abaixo dos pares.

Cogna (COGN3, R$ 4,30, -8,51%)

A Cogna Educação (ex-Kroton Educacional) registrou lucro líquido de R$ 46,809 milhões no primeiro trimestre do ano,  85,3% menor ante o lucro de R$ 318,692 milhões em igual período de 2019.

A receita líquida, por sua vez, caiu 11,4%, totalizando R$ 1,627 bilhão, “refletindo as pressões de receita no ensino superior”. Enquanto isso, o Ebitda teve baixa de 33%, a R$ 504,8 milhões, devido à menor diluição de custos e despesas, maior nível de provisões para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) para fazer frente ao cenário do coronavírus, e aumento nas despesas com marketing.

Na avaliação dos analistas do Morgan Stanley, os resultados mais fracos no primeiro trimestre refletiram não só os problemas decorrentes da crise sanitária do país, que reduziu o número de novas matrículas, mas também o aumento de concorrência e o ambiente macroeconômico. “A surpresa positiva foi o segmento de ensino a distância, que reverteu a tendência de perda de participação de mercado e registrou um forte aumento”, informaram em relatório a clientes. Essa alta foi de 26%.

Guararapes (GUAR3, R$ 11,75, -6%)

A Guararapes, dona da marca Riachuelo, foi outra varejista que registrou piora no resultado no primeiro trimestre do ano. O prejuízo líquido ficou em R$ 47,5 milhões, ante lucro de R$ 29,3 milhões apurados entre janeiro e março de 2019.

O Ebitda recuou 46,4%, para R$ 101,1 milhões, e a margem passou de 18% no primeiro trimestre do ano passado para 10% no primeiro três meses de 2020.

Para o Itaú BBA, o resultado da Guararapes foi ligeiramente negativo, em especial devido ao desempenho da área de serviços financeiros. “Sinalizamos um agravamento dos resultados do braço financeiro da empresa com a preocupação pelos devedores duvidosos e descontos de crédito”, avaliaram em relatório a clientes.

Valid (VLID3, R$ 8,89, -2,74%)

A Valid teve lucro líquido de R$ 2,1 milhões no primeiro trimestre de 2020, 84,7% menor na base de comparação anual.

A receita líquida, por sua vez, teve alta 8,6%, a R$ 463,7 milhões, também levando em conta o crescimento de receita na divisão de meios de pagamento. O Ebitda foi de R$ 60,2 milhões, 10,3% abaixo do ano anterior.

JBS (JBSS3, R$ 20,65, +1,23%)

Fora da temporada de balanços, a JBS informou que retomou a operação na unidade de aves de Passa Fundo (RS), fechada desde o dia 24 de abril devido a contaminação de funcionários por coronavirus e que tem capacidade de abate de 320 aves ao dia.

A redução dos estoques de carnes nos Estados Unidos pode beneficiar os exportadores de proteína. Os estoques de carne bovina e suína estão mais baixos, uma vez que a pandemia de coronavirus tem causado o fechamento de unidades de processamento.

Só no mês passado, cerca de 20 frigoríficos tiveram que ser fechados em um momento de aumento de consumo causado pelas medidas de isolamento social.

BB Seguridade (BBSE3, R$ 23,51, -2,65%)

A BB Seguridade teve a recomendação para as suas ações reiniciada como compra por Goldman Sachs e elevada de neutra a overweight (exposição acima da média do mercado) pelo JPMorgan.

Vulcabrás (VULC3, R$ 3,97, -5,92%)

A fabricante de calçados Vulcabrás Azaleia informou que as operações na fábrica localizada em Horizontina (CE) estão suspensas até o dia 31 de maio. Os funcionários permanecem dispensados do trabalho com o período sendo compensado pelo banco de horas. O retorno está previsto para o dia 1º de junho. A decisão deve-se à prorrogação do “lockdown” determinada pelo governo do Ceará.

Santos Brasil (STBP3, R$ 3,78, -3,57%)

A Santos Brasil divulgou na quinta-feira à noite que fez o arrendamento, pelo prazo de 180 dias, da instalação portuária no Saboó, localizada na margem direita do porto de Santos. A área tem 42 mil metros quadrados e será utilizada para movimentação de carga.

O contrato de transição foi feito a partir de ato convocatório da Santos Port Authority (atual nome da Companhia Docas do Estado de São Paulo).

Multiplan (MULT3, R$ 21,19, -2,35%)

A administradora de shoppings Multiplan anunciou, na quinta-feira à noite, que vai retomar o funcionamento do Barra Shopping Sul, em Porto Alegre, a partir dessa sexta-feira. O horário, no entanto, será reduzido. As lojas poderão funcionar das 12h às 20h e o segmento de alimentação das 11h às 21h.

A empresa complementa que os shoppings fora do estado do Rio Grande do Sul funcionam apenas com serviços essenciais para manter as atividades de delivery e retirada no sistema de “drive-thru”.

CPFL (CPFE3, R$ 30,57, +2,52%)

A CPFL Energia Renováveis informou, na noite de quinta-feira, que deu um novo passo em seu processo de oferta pública de aquisição de ações (OPA). O Conselho de Administração da empresa emitiu parecer favorável à aceitação pelos acionistas das condições da OPA e saída do segmento Novo Mercado da B3, que é o que possui o maior nível de governança corporativa.

Novo Refis

O jornal “Valor Econômico” registra que começou a tramitar na Câmara dos Deputados um projeto de lei que criar um parcelamento de tributos que valerá tanto para pessoas físicas como empresas. O novo “Refis” é uma iniciativa para lidar com as perdas causadas pela pandemia do coronavírus.

O projeto do deputado federal Ricardo Guidi (PSD/SC) prevê descontos de até 90% em multas e juros. As parcelas serão calculadas com base no faturamento e os devedores poderão usar créditos de ações judiciais transitadas em julgado, como as que excluem o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.