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Ações de petroleiras brilham, Dow Jones tem melhor mês em mais de 30 anos: os destaques de Wall Street em novembro

Mês de novembro foi histórico para os principais índices americanos, com o S&P 500 e Nasdaq também registrando fortes altas

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em um mês marcado por grande otimismo com os estudos de vacinas contra o novo coronavírus, os três principais índices de ações dos Estados Unidos registraram ganhos expressivos de mais de 10%, apesar da queda na sessão desta segunda-feira (30), a última do mês. Mas, diferentemente do que vinha acontecendo desde abril, não foram os papéis das empresas de tecnologia que se destacaram.

Em novembro, o Dow Jones fechou com valorização de 11,8%, aos 29.638 pontos, na maior alta mensal para o índice desde janeiro de 1987.

Enquanto isso, o S&P 500 teve alta de 11,8%, para 3.621 pontos e  índice de tecnologia Nasdaq avançou 10,8%, a 12.198 pontos, melhores desempenhos desde abril. Na sessão, a baixa foi de 0,91% para o Dow Jones, de 0,46% para o S&P500 e de 0,06% para o Nasdaq.  Apesar de terminar em baixa, com investidores realizando lucros após uma forte recuperação nas últimas semanas, o S&P500 registrou o melhor novembro de todos os tempos.

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O que se viu nas últimas quatro semanas foi um movimento mais forte de companhias que são mais impactadas pela crise da Covid-19, ou seja, que até agora ficaram para trás na recuperação do mercado.

Porém, com a proximidade do lançamento da vacina, os investidores preferem “inverter” suas posições em papéis que subiram forte nos últimos meses, em especial as techs, para comprarem ações que serão beneficiadas com a retomada da economia.

E olhando especialmente para as bolsas americanas um setor ficou bem à frente dos outros: o de energia. Boa parte das 10 maiores altas do S&P 500 em novembro são companhias de exploração de petróleo e gás ou ligadas ao setor de alguma forma, com ganhos de mais de 50% no período.

E o movimento se justifica quando analisado o desempenho da commodity no mês. No acumulado de novembro, os preços do WTI subiram 26,68%, enquanto os do Brent tiveram alta de 27,81%.

O setor de petróleo foi um dos mais impactados pela pandemia, com a commodity no mercado futuro chegando a bater preços negativos pela primeira vez no auge da crise. Isso porque com o isolamento social e viagens proibidas, a demanda por combustíveis desabou nos últimos meses.

Com a expectativa de retomada da normalidade, a projeção é que se aumente também o consumo por combustíveis ao passo que aviões poderão voltar a voar com maior frequência e as pessoas voltem a utilizar carros e meios de transporte públicos para saírem de casa.

Vale destacar ainda que, apesar das fortes altas no mês, todas estas empresas também acumulam perdas expressivas em 2020, entre 30% e 60%.

Confira as 10 maiores altas do S&P 500 em novembro:

Empresa Desempenho em novembro Desempenho em 2020
Occidental Petroleum +81,38% -59,82%
Apache +67,71% -45,60%
Diamond Energy Inc +67,64% -53,13%
Devon Energy +65,51% -41,88%
TechnipFMC +62,21% -58,16%
Marathon Oil +60,35% -53,24%
Carnival Corp +57,40% -57,54%
National Oilwell Varco +56,55% -47,50%
EOG Resources +50,20% -38,60%
Boeing Co +49,94% -33,54%
Concho Resources +49,41% -34,21%
ConocoPhillips +47,69% -29,18%

Mas e as techs?

Apesar de deixarem de ser o grande destaque neste mês, as companhias de tecnologia seguem em alta, mas menos expressiva neste momento.

O que analistas destacam é que está havendo um movimento de “rotação” de empresas, com investidores saindo de ações de “crescimento”- companhias em rápida expansão com potencial não realizado – para ativos de valor – papéis de empresas com receita estável e alto rendimento de dividendos – e cíclicos.

“Estamos à beira de um rali sustentado em valor”, avaliaram os estrategistas do JPMorgan, liderados por Davide Silvestrini e Marko Kolanovicl em relatório recente. Eles expressam confiança de que “esta rotação tem espaço para continuar por muito mais tempo, devido ao desempenho inferior de ações de valor registrado nos últimos anos”.

Ações como Apple e Amazon subiram “apenas” 9,36% e 4,34%, respectivamente em novembro, enquanto Netflix (+3,14%), Microsoft (+6%), Google (+8%) e Facebook (+5,27%) também não tiveram ganhos de mais de 8%.

Isso mostra que mesmo com um desempenho menor no último mês, estes papéis seguem entre as preferências do mercado. Em 2020, por exemplo, a maioria deles ainda tem forte valorização, com destaque para Apple e Amazon, que saltam 65% e 71% no acumulado do ano.

“Algumas mudanças aceleradas durante a pandemia vieram para ficar”, ressalta Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos, destacando o uso de ferramentas online para realizar compras, por exemplo. “O que pode haver é uma recuperação maior desses setores mais tradicionais que ficaram para trás, mas as empresas de tecnologia também vão continuar registrando bons desempenhos”, avalia.

Quem chamou atenção

Não é de hoje, mas um dos maiores destaques de novembro foi a fabricante de carros elétricos Tesla, que viu suas ações saltarem 46%, chegando a incríveis ganhos de 584% no ano.

Além do bom momento, puxado há meses pelos resultados positivos e os sucessivos lucros, nas últimas semanas o grande fator que puxou as ações da companhia de Elon Musk foi a notícia de que a partir de dezembro ela fará parte do índice S&P 500.

Outro destaque é o Mercado Livre, que seguiu seu rali do ano em novembro com a divulgação de seu resultado do terceiro trimestre, que veio acima do esperado pelos analistas. As ações da empresa subiram 28% no mês e acumulam valorização de 166% em 2020.

Maior portal de comércio eletrônico da América Latina, o Mercado Livre reportou um volume de vendas (GMV) de US$ 5,9 bilhões entre julho e setembro, 62,1% superior em dólar e 117,1% em moeda constante. O total de usuários únicos ativos subiu 92,2%, a 76 milhões.

A companhia fechou o trimestre com lucro líquido de US$ 15 milhões de dólares, resultando em lucro líquido por ação de US$ 0,28. Já o volume de pagamentos em seu braço financeiro, o Mercado Pago, subiu 91,7% em dólar e 161,2% em moeda constante, a US$ 14,5 bilhões.

No setor farmacêutico, impulsionado pelo avanço da vacina, o destaque ficou com a Moderna, que viu seus papéis saltarem 126% em novembro.

Além de divulgar uma eficácia de 94,5% de sua vacina, a companhia ainda foi favorecida por um grande acordo feito com a União Europeia para a venda de 80 milhões de doses para a região, com opção de uma nova venda de até mais 80 milhões.

Uma empresa que chamou atenção foi a Zoom. A companhia chegou a ver suas ações acumularem queda de mais de 7% no mês, mas conseguiu se recuperar. Os papéis fecharam novembro com alta 3,79%, sendo que no ano ainda acumulam ganhos de 603%.

O que se aponta é que com a retomada da economia e o retorno das pessoas ao trabalho presencial, a utilização de um serviço de videoconferência pago deve cair bastante. Apesar de a volta à normalidade não ser algo que acontecerá tão rápido, analistas apontam que no atual cenário a Zoom começa a parecer cara diante de outras ações.

O ano caminha para se encerrar com um bom desempenho das ações americanas, apesar do forte tombo de março, o mercado logo engatou uma recuperação. A questão agora é encontrar as oportunidades nessa rotação e entender até onde os papéis que ficaram para trás conseguirão avançar e tirar a diferença para as techs.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.