Treze ações do Ibovespa caem mais de 10%, com destaque para Azul e Gol; Oi, TIM e Vivo conseguem fechar em alta

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (11)

Lara Rizério

Instalações de petróleo da Aramco (divulgação)

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SÃO PAULO – Mais uma vez, uma sessão de fortes emoções para o Ibovespa, com a B3 acionando o segundo circuit breaker desta semana em meio à forte aversão do mercado após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o coronavírus como pandemia. O termo se refere ao momento em que uma doença se espalhou por diversos continentes com transmissão sustentada entre as pessoas.

A maiores baixas ficaram com os papéis da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4), com quedas respectivas de 16,39% e 14,57%, aéreas que devem ser especialmente impactadas em meio à queda do turismo. O dólar também registrou forte alta e superou os R$ 4,70, impactando empresas endividadas em dólar, o que também é o caso das áreas.

13 ações caíram mais de 10% no Ibovespa, como CSN (CSNA3), Braskem (BRKM5), CVC (CVCB3) e Gerdau (GGBR4). Os ativos ordinários da Petrobras (PETR3) desabaram 10,84%, enquanto os papéis PN (PETR4) tiveram baixa de 9,74%com a forte queda do petróleo.

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Na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex), os contratos futuros do West Texas Intermediate (WTI) para abril, fecharam em queda de 4,01%, a US$ 32,98 o barril, enquanto na ICE, em Londres, os preços do Brent para entrega em maio caíram 3,84%, para US$ 35,79 o barril, entre a declaração da OMS e a Arábia Saudita aumentando a capacidade de produção. A ação da Vale, por sua vez, despencou 9,08%.

As duas únicas ações que conseguiram se salvar no Ibovespa foram a TIM (TIMP3) e a Vivo (VIVT4), com ganhos respectivos de 1,23% e 0,48%, depois da notícia de que as duas se uniram para comprar a Oi Móvel. Os ativos da Oi (OIBR3;OIBR4) também subiram fora do índice. A OIBR3 subiu 4,49% e a OIBR4 teve alta de 7,38%, bem abaixo da máxima de até 22% do início da sessão.

Confira mais destaques:

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TIM (TIMP3) e Telefônica Vivo (VIVT4)

A Telefônica e a TIM decidiram negociar, em conjunto, a compra das operações móveis da Oi. A informação foi divulgada ao mercado na noite desta terça-feira.

Se o negócio for concretizado, a telefonia móvel ficará concentrada em três grandes operadoras (Claro, Vivo e TIM) e a Oi deixará a telefonia celular para restringir sua atuação em banda larga fixa, TV por assinatura e telefonia fixa.

As duas teles manifestaram ao assessor financeiro do grupo Oi, o Bank of America Merrill Lynch, “seu interesse em iniciar tratativas com vistas a uma potencial aquisição, em conjunto, do negócio móvel da Oi, no todo ou em parte”.

Caso a operação seja consolidada, segundo o comunicado, “cada uma das interessadas receberá uma parcela do referido negócio”, de acordo com nota divulgada pela Telefônica e pela TIM. As empresas informaram ainda que a transação pode criar valor aos acionistas e clientes, gerar eficiências operacionais e melhorar a qualidade dos serviços.

A Oi, maior operadora de telefonia fixa do Brasil, entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2016 para reestruturar aproximadamente R$ 65 bilhões de dívida. Em julho do ano passado, a companhia divulgou planos para levantar até R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos não essenciais – incluindo torres, centrais de processamento de dados, imóveis e sua fatia de 25% na angolana Unitel. A Oi é hoje a quarta empresa em número de clientes na telefonia celular – serviço que mais rende receitas para as teles, principalmente devido aos dados.

O edital do leilão do 5G, em que será licitada a faixa de 3,5 GHz, já considera o cenário de apenas três grandes operadoras na telefonia móvel.

Contudo, mais detalhes sobre a operação ainda não foram definidos. Conforme destaca a equipe de análise da Levante Ideias de Investimento, no curto prazo, a expectativa é de impacto positivo nos preços das ações no curto prazo, o que está acontecendo hoje em especial para a Oi. Porém, no médio e longo prazos, serão as condições e a precificação do negócio que definirão quais acionistas serão os mais beneficiados.

“Tudo vai depender do preço da transação de compra da divisão móvel de Oi, que está bastante pressionada por endividamento e necessidade de investimentos”, avaliam os analistas.

Para a Vivo e para a TIM, o segmento móvel da Oi significa uma ampliação da sua fatia de mercado, bem como a expansão nas regiões Norte e Nordeste, menos exploradas pelas companhias.

A Oi Móvel possui 16,2% do mercado de telefonia móvel nacional, ante 33% da Vivo, enquanto Claro e TIM têm participação cada uma de cerca de 24%. A Oi tem quase 35 milhões de clientes: 25,6 milhões no pré-pago e 9 milhões no pós-pago.

Para a Oi, avalia a Levante, a venda trará uma grande oportunidade de gerar caixa e continuar honrando o serviço da sua dívida e seus investimentos no segmento de fibra ótica, que é a peça chave e grande aposta da companhia para voltar a ser competitiva, depois de anos complicados em meio ao processo de recuperação judicial.

O Bradesco BBI destaca que, até o fechamento da última terça-feira, o valor de mercado da Oi era de R$ 5,3 bilhões, enquanto a operação móvel deve valer entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões. Ou seja, uma quantia de quase três vezes o valor total da companhia, se considerado o valor máximo. Contudo, o valor pode ser significativamente maior dependendo das possíveis sinergias a serem geradas para as outras empresas de comunicação.

IRB (IRBR3

O governo federal brasileiro, que possui as “golden shares” da resseguradora IRB-Brasil RE, indicou na noite de ontem o executivo Antônio Cássio dos Santos para o cargo de presidente do Conselho de Administração da empresa. O nome do executivo deve ser aprovado em breve em Assembleia. Antônio Cássio dos Santos tem mais de 30 anos de experiência no setor de seguros, no Brasil e no exterior.

Na década de 2000, ele foi presidente da seguradora Mapfre. Entre 2011 e 2014, trabalhou para a seguradora suíça Zurich Insurance Group; nos últimos cinco anos, foi executivo-chefe das operações da seguradora italiana Assicurazioni Generali SpA para a América Latina e Sul da Europa, além de membro do Conselho da empresa italiana.

O IRB-Brasil RE vive uma série de polêmicas que minou sua imagem no mercado. O calvário da empresa começou em fevereiro, quando a corretora carioca Squadra acusou a companhia de irregularidades contábeis. Mais recentemente, o executivo-chefe foi demitido após dizer que o mega-investidor Warren Buffett havia se tornado sócio da empresa através da Berkshire Hathaway, o que foi negado posteriormente. Antônio Cássio dos Santos chega com a missão de recuperar a imagem do IRB-Brasil RE.

Localiza (RENT3)

A rede de aluguel de carros Localiza registrou no quarto trimestre de 2019 um lucro 25,9% maior na comparação anual, chegando a R$ 228,4 milhões. No ano, o resultado da companhia subiu 26,5%, para R$ 833,9 milhões, em relação a 2018.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do quarto trimestre do ano passado somou R$ 629,6 milhões, alta de 40,2% sobre o mesmo intervalo de 2018. Em 2019, o Ebitda alcançou R$ 2,212 bilhões, alta de 39,2% sobre o ano anterior.

A receita líquida do quarto trimestre de 2019 somou R$ 2,695 bilhões, alta de 19,3% em relação ao último trimestre de 2018. No acumulado de 2019, a receita líquida somou R$ 10,195 bilhões, crescimento de 29,1% em relação a 2018.

O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 112,5 milhões no último trimestre de 2019, uma alta de 4,7% em relação ao resultado financeiro negativo do mesmo período do ano anterior. No ano, o resultado financeiro negativo foi de R$ 409,8 milhões, alta de 11% sobre o resultado financeiro negativo de 2018.

A Localiza Hertz encerrou 2019 com dívida líquida de R$ 6,61 bilhões. Apesar do alto endividamento, a Localza Hertz encerrou 2019 com um saldo de caixa de R$ 2,8 bilhões, mais do que suficiente para fazer frente ao vencimento de R$ 459,7 milhões de debêntures que vencem em 2020 e outros R$ 1,29 bilhão que vencerão em 2021.

O Itaú BBA avalia que os resultados da Localiza Hertz são positivos, com um “impressionante” crescimento ano a ano de 29% no lucro líquido. “A Localiza conseguiu vender 41,4 mil carros usados na sua operação de semi-novos, um número muito positivo. O aluguel diário de carros também cresceu substancialmente”, comentou o BBA. O banco ressalta que receita líquida e Ebitda vieram acima das projeções para a RENT3, enquanto o lucro líquido ficou em linha, o que não deixou de ser uma expansão “impressionante” de 29% sobre 2018. O BBA mantém a recomendação compra, com preço-alvo de R$ 58,00 para a ação RENT3, uma alta de 38,2% sobre os R$ 41,93 negociados ontem na B3.

O Bradesco BBI também avaliou os resultados da Localiza Hertz como positivos, mas alertou que houve um crescimento forte na depreciação da frota. “O preço mais baixo dos carros novos e o aumento da competição explicam a maior depreciação. Ela também pode ser explicada porque mais motoristas do Uber e da 99 alugam carros”, comenta o BBI. O Bradesco BBI manteve a recomendação outperform (acima da média) para a ação RENT3, mas reduziu o preço do papel para 2020 de R$ 57,00 para R$ 55,00 por causa da maior depreciação da frota.

Movida (MOVI3

A Movida, uma das três maiores locadoras de veículos do Brasil, publicou balanço e informou um lucro líquido recorrente de R$ 84 milhões no quarto trimestre de 2019. Houve crescimento de 63% sobre igual período de 2018. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) da Movida avançou 89% no quarto trimestre de 2019 para R$ 259 milhões. A receita líquida da empresa avançou 34,2% para R$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2019. No consolidado de 2019, a receita líquida cresceu 45,2% para R$ 3,83 bilhões. O lucro líquido no ano inteiro de 2019 cresceu 62,7% sobre 2018, para R$ 227,8 milhões.

O Conselho de Administração da Movida aprovou a distribuição de dividendos no valor de R$ 40 milhões aos acionistas. O dinheiro será pago em duas parcelas, a primeira até o dia 15 de maio e a segunda até o dia 15 de julho.

Em 2019, a Movida expandiu a quantidade de automóveis premium na frota e intensificou esforços de vendas durante a alta temporada. A frota cresceu em 16 mil carros, para 109.661 automóveis no final de 2019. A receita por carro superou os R$ 2 mil, um crescimento de 7% sobre o quarto trimestre de 2018.

O Bradesco BBI avaliou como positivos os resultados da Movida. Segundo o BBI, a locadora mostrou um forte resultado no quarto trimestre de 2019, com lucro líquido e Ebitda chegando acima das expectativas. O banco notou que a empresa conseguiu aumentar o valor diário do aluguel dos carros e as vendas de semi-novos. “A Movida mostrou um forte avanço no Ebitda da divisão de semi-novos no quarto trimestre.

A empresa também incrementou a velocidade de renovação da frota, ao mesmo tempo melhorando o preço dos carros usados vendidos. Este é o destaque mais positivo do trimestre e que deverá acelerar o negócio do aluguel nos próximos meses de 2020”, avalia o BBI. O banco manteve a recomendação acima da Média (outperform) e aumentou o preço-alvo do papel MOVI3 para 2020 em 63%, para R$ 26,00. A ação MOVI3 fechou ontem a R$ 15,91 na B3.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

O governo decidiu concentrar esforços na privatização de duas empresas estatais em 2020, a Pré-Sal Petróleo (PPSA) e a Eletrobras, disse a jornalistas da Bloomberg uma fonte com conhecimento direto do assunto que pediu para não ser identificada porque a discussão não é pública. A equipe econômica avalia que o programa de privatizações será afetado pelos efeitos do coronavírus e por isso é preciso focar em ativos de maior porte.

A venda das duas empresas, no entanto, depende de mudanças legais. Para vender a PPSA, estatal que gerencia a parcela do petróleo do pré-sal referente à União, o governo quer primeiro fazer mudanças no regime de partilha, no qual a empresa atua. Já a venda da Eletrobras depende da aprovação de projeto de lei no Congresso que prevê a capitalização da empresa. O assunto, no entanto, enfrenta resistências, especialmente das bancadas do Norte e Nordeste no Senado.

Magazine Luiza (MGLU3)  e Centauro (CNTO3)

O Magazine Luiza deverá ratificar na sua Assembleia Geral Extraordinária, em 9 de abril, o aumento de capital social de R$ 1,77 bilhão para R$ 6 bilhões.

Ainda em destaque, a Superintendência do Cade deferiu pedido de intervenção como terceiro interessado feito pela NS2.com, a
Netshoes, de acordo com despacho no Diário Oficial e parecer no site do órgão regulador. Em 6 de fevereiro, a Centauro, que pertence ao Grupo SBF, assinou parceria com a Nike para distribuição no Brasil, o que fez a ação saltar na bolsa. A Netshoes foi comprada pelo Magalu em junho de 2019.

Vale (VALE3)

As ações da Vale tiveram recomendação elevada de manutenção a compra pelo HSBC.

Azul (AZUL4

A situação do coronavírus no país é menos preocupante, pois Brasil tem clima quente e malha doméstica sofre menos com o pânico, disse o fundador da Azul, David Neeleman, em entrevista à Folha. A aérea suspenderá voos de Campinas para Porto, entre setembro e março de 2021, e diminuirá número voos semanais do trecho entre Campinas e Fort Lauderdale, segundo a reportagem. Desde o dia 2 de fevereiro, as ações da companhia desvalorizaram quase 40%, com a alta do dólar e o impacto do vírus no turismo.

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(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.