Ação da BR Distribuidora salta 15% com recomendação; Gol sobe 7% e bancos avançam com alívio global

Confira os destaques da B3 na sessão desta terça-feira (7)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão desta terça-feira (7) foi mais uma vez de fortes ganhos para o Ibovespa, com o bom humor do mercado predominando neste início de semana em meio às informações de desaceleração dos casos de coronavírus na Europa e na Ásia, e também com alívio por aqui com a permanência de Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, no cargo, após notícias de que ele seria demitido ainda na segunda-feira (6).

Mais uma vez, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) fecharam com ganhos, de cerca de 4%, apesar do petróleo virar para forte queda. Os preços de petróleo brent caíram mais de 2%, aos US$ 32,31/barril e o WTI recuou 6%, aos US$ 24,49 o barril. Apesar do otimismo de um acordo na reunião da OPEP+ na quinta, investidores estão mais preocupados com o excesso de oferta e com a chance de uma recessão econômica global maior que a esperada.

Gol (GOLL4), CVC (CVCB3) e Smiles (SMLS3), algumas das empresas mais impactadas pela crise com o coronavírus, viram suas ações subirem entre 7% e mais de 13% em meio às notícias de desaceleração dos casos do coronavírus na Europa. Por outro lado, a Azul (AZUL4) ficou estável.

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Bancos também voltaram a registrar fortes ganhos hoje, caso de Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11) e Bradesco (BBDC4). O governo deve trabalhar para amenizar o aumento na alíquota da CSLL dos bancos que está sendo discutida no Congresso, segundo o Valor Econômico.

Já a BR Distribuidora (BRDT3) foi um dos destaques de alta do índice, com alta de 15%, após o Itaú BBA afirmar que a ação está “muito barata para ser ignorada”. Confira os destaques:

Gol (GOLL4)

Em apresentação para atualizar o mercado sobre os números do primeiro trimestre, a Gol informou que a remuneração dos tripulantes será reduzida em mais de 50% e a diretoria terá redução de 40% nos salários. A companhia ainda informou que o momento não permite fornecer projeções para 2020 e 2021, suspendendo o guidance para o período.

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A aérea, por sua vez, informou esperar lucro por ação de R$ 0,25 no primeiro trimestre e margem Ebitda entre 44% e 46% no período e uma relação entre dívida líquida e Ebitda ao fim de março de cerca de 2,8 vezes. Já para o segundo trimestre, o impacto do gasto com hedge de combustível deve ser de R$ 200 milhões.

Na véspera, a Gol Linhas Aéreas comunicou que teve uma queda de 22,2% no número de assentos ocupados e de 29,2% na demanda de passageiros em março deste ano, em comparação a março de 2019. Os números são preliminares e não refletem em cheio o impacto da epidemia do coronavírus sobre o tráfego da empresa, porque a companhia afirmou que até o dia 13 de março a ocupação estava normal, ou seja, ao redor de 82%.

A oferta em voos domésticos caiu 20,4% e a demanda recuou 27,4% em março, gerando uma taxa de ocupação de 72,8%. Já a oferta de voos internacionais e a demanda caíram 31,7% e 42,9%, respectivamente, em comparação a março de 2019, para uma taxa de ocupação de 63,8%. Segundo a Gol, as rotas internacionais foram praticamente interrompidas ainda em março, enquanto as nacionais tiveram uma redução de 92% no número de voos. Toda a malha aérea da Gol foi readequada no mês passado.

No resultado fechado do primeiro trimestre deste ano, a Gol transportou 8,4 milhões de passageiros, uma queda de 6,7% sobre igual trimestre de 2019. A taxa de ocupação foi de 79,1%, um recuo de 2,4 pontos porcentuais sobre o primeiro trimestre do ano passado.

Azul (AZUL4

A Azul divulgou hoje os números do seu tráfego aéreo em março. O tráfego de passageiros foi de 1,63 milhão de pessoas e teve uma queda de 24,6% em comparação a março de 2019, com uma redução de 17,2% na capacidade. O resultado foi uma taxa de ocupação de 73,5% nos voos, uma queda de 7,3 pontos porcentuais em comparação a março de 2019.

O CEO da Azul, John Rodgerson, disse que até a metade de março a demanda e oferta seguiram nos níveis normais, com uma expansão de até 20% na demanda. Na metade do mês passado, contudo, a Azul precisou readequar toda a sua malha aérea por causa da chegada da epidemia do coronavírus ao Brasil. Rodgerson diz que a capacidade caiu mais de 50%, ano contra ano, nas últimas duas semanas de março.

“De 25 de março a 30 de abril, esperamos operar 70 voos diretos por dia para 25 cidades, o que representa uma redução de 90% na capacidade em comparação a igual período de 2019”, projetou Rodgerson. Mesmo com a fortíssima queda a partir da metade de março, os números preliminares da Azul para o primeiro trimestre deste ano são positivos: a empresa transportou 7,5 milhões de passageiros no período, uma expansão de 10,8% sobre igual trimestre do ano passado.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras anunciou a descoberta de petróleo em um poço do bloco Sudoeste do campo de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos. O poço foi chamado informalmente de Natator e fica a 130 quilômetros de distância da cidade de Macaé (RJ), a uma profundida de 1.080 metros, no pós-sal. Segundo a estatal, os dados serão analisados para direcionar as atividades exploratórias na área e avaliar o potencial do poço. O bloco Sudoeste de Tartaruga Verde foi adquirido pela Petrobras na quinta rodada de partilha da produção em setembro de 2018. A estatal é a exploradora do bloco com 100% de participação; a gestão é feita pela Pré-sal Petróleo SA (PPSA).

O banco Credit Suisse revisou o preço-alvo dos ADRs da Petrobras negociados em Nova York de US$ 21,00 para US$ 14,00. O banco manteve a nota outperform – acima da média de mercado, para os papéis da petroleira brasileira. A justificativa para a revisão é a crise nos preços do petróleo. “A combinação explosiva da Covid-19 com um desequilíbrio na oferta nos trouxe a pior crise no setor de petróleo e gás em 100 anos”, avalia.

BR Distribuidora (BRDT3)

O Itaú BBA fez um relatório detalhado sobre a BR Distribuidora, empresa que foi subsidiária da Petrobras, privatizada ano passado, e controladora dos postos de combustíveis da marca. O BBA concluiu que as ações BRDT3 têm um potencial de valorização “incrivelmente atrativo”. Segundo o banco, “mesmo que falte à ação um ímpeto de curto prazo, nós vemos um risco de baixa muito limitado no atual nível dos preços dos papéis”.

O BBA destacou que realizou vários possíveis cenários de estresse para a empresa e concluiu que eles são improváveis. Um deles, por exemplo, levanta a hipótese de que a metade dos postos de combustíveis localizados em São Paulo da bandeira BR precisem de financiamentos nos próximos três meses – são pequenos negócios, não da distribuidora. Neste cenário improvável, os postos precisariam de R$ 1,02 bilhão. “Esse é um cenário extremamente não realista. Mesmo assim, ele mostra que os impactos seriam administráveis” pela empresa, avalia o BBA.

Atualmente, a BR Distribuidora tem 7.816 postos, com 1.215 lojas de conveniência. O BBA também avaliou a exposição da BR distribuidora ao setor de aviação e às recebíveis. Todos os cenários levam em conta a recessão provocada pela pandemia do coronavírus no Brasil. O Itaú BBA classifica a ação como outperform – acima da média de mercado, com um preço-alvo de R$ 30,00 para 2020, uma valorização de 93,4% sobre os R$ 15,51 do fechamento de ontem na B3.

Lojas Renner (LREN3)

A Lojas Renner aprovou ontem a emissão de debêntures simples no valor de R$ 500 milhões. No total serão emitidas 500 mil debêntures e o objetivo da empresa varejista é levantar recursos para fortalecer o caixa e capital de giro. A Renner, como todas as operações de varejo do Brasil, sofre com o fechamento das lojas físicas para impedir a propagação do coronavírus no país. A empresa pagará uma taxa remuneratória de 2,96% sobre os papéis, mais a variação diária do DI.

Ecorodovias (ECOR3)

A Ecovias (concessionária do Grupo Ecorodovias) informou ontem que celebrou um acordo com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP), em que a companhia pagará R$ 638 milhões.

“Apesar de se tratar de um montante relevante, relativo a 12% do valor de mercado da Ecorodovias, reforçamos que (i) o acordo resultará no encerramento dos procedimentos contra o Grupo de acordo com o Fato Relevante, e (ii) o acordo não afetará as negociações em curso relativas a desequilíbrios contratuais, que se encontram em estágio avançado. Dessa forma, acreditamos que o acordo tire um potencial “peso” das ações relativo à incerteza de procedimentos futuros. Mesmo assim, esperamos reação negativa por parte do mercado. Mantemos recomendação de Compra para as ações, e preço-alvo de R$ 14,8/ação”, destaca Bruna Pezzin, analista da XP Investimentos.

Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3)

Os preços de celulose de fibra curta na China tiveram alta esta semana (+US$0,3/t), para US$ 462,1 a tonelada. “Apesar de oscilar em torno dos US$460 a tonelada há alguns meses, seguimos com a visão de que os preços estejam próximos de um piso, reforçados pela continuidade do movimento de desestocagem da Suzano”, destaca a XP.

JBS (JBSS3)

A JBS anunciou na noite de ontem a conclusão da aquisição da Empire Packing Company, feita pela JBS USA em 18 de fevereiro. Na transação, a filial americana do frigorífico brasileiro pagou US$ 238 millhões (aproximadamente R$ 1,14 bilhão na época) e tornou-se acionista majoritária da Empire Packing, adquirindo a marca Ledbetter. A Empire Packing tem cinco frigoríficos nos estados de Ohio, Washington, Colorado e Tennessee. Atualmente, a JBS USA já responde por 65% do faturamento do grupo JBS.

Embraer (EMBR3)

Após duas semanas de licença remunerada e duas de férias coletivas (que se encerrarão na sexta-feira, 10), funcionários da Embraer deverão ter seus contratos suspensos por 60 dias ou a jornada de trabalho e o salário reduzidos em 25%.

Essa foi a proposta apresentada pela empresa aos funcionários, na segunda-feira, segundo o sindicato da categoria.

BRF (BRFS3)

A BRF informou que o governo chinês autorizou o seu frigorífico em Dourados (MS) a exportar carnes para a China. A capacidade de abate da planta é de aproximadamente 130 mil aves por dia. A BRF informou que com a autorização, concedida pela Administração Geral da Alfândega da China (CACC, na sigla em inglês), agora tem 14 plantas autorizadas a exportar para o país asiático, sendo dez de aves e quatro de carne suína.

Yduqs (YDUQ3)

A Yduqs, antiga Estácio, segundo maior grupo de educação privada do Brasil, decidiu ontem realizar a emissão de uma cédula de crédito bancário no valor de R$ 75 milhões no Citibank. A operação de crédito terá vencimento em dois anos a partir da emissão, pagando remuneração de 2,75% ao ano, acrescidos de 100% do CDI.

Bancos

O governo deve trabalhar para amenizar o aumento na alíquota da CSLL dos bancos que está sendo discutida no Congresso, segundo informa o Valor Econômico. As conversas sobre a medida mexeram com os ativos das instituições financeiras na semana passada. Após criticas do ministro Paulo Guedes, de que os bancos estariam “empoçando” o crédito, Febraban divulgou que instituições receberam mais de 2 milhões de pedidos de renegociação de dívida, em valores que chegam a R$ 200 bilhões.

Recomendações

No radar de recomendações, a Arezzo (ARZZ3) teve a recomendação reduzida para neutra pelo Goldman Sachs, com preço-alvo de R$ 32, enquanto a B2W (BTOW3) teve a recomendação elevada a compra, com preço-alvo de R$ 55, assim como a RD (RADL3), com preço-alvo de R$ 118.

A BR Malls (BRML3), por sua vez, teve recomendação reduzida a neutra pelo JPMorgan, com preço-alvo  de R$ 11, enquanto a Multiplan (MULT3) foi elevada a overweight (exposição acima da média do mercado) pelo JPMorgan, com preço-alvo de R$ 24,50.

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(Com Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.