Ações de CSN (CSNA3) e Vale (VALE3) recuam com desvalorização do preço do minério, mas analistas enxergam queda como pontual

Analistas estão majoritariamente positivos com preços do minério, com impulso de gargalos de produção e da retomada econômica

Vitor Azevedo

Iron Ore - Getty Images
Iron Ore - Getty Images

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As ações ordinárias da CSN (CSNA3) e as da Vale (VALE3) foram destaques entre as quedas do Ibovespa nesta terça-feira (15), recuando, respectivamente, 4,72% e 2,97%. As baixas se justificam, principalmente, pelo fato de o preço do minério de ferro ter caído quase 10% no porto de Dalian após o governo da China, país que é o maior consumidor da commodity no mundo, voltar a chamar atenção para as especulações que o envolvem. Para analistas, porém, a baixa pode ser pontual.

“De forma artificial, o governo chinês impôs taxas maiores nas negociações de contratos futuros e estabeleceu que irá aumentar a fiscalização nos portos”, explica Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “Trata-se de uma tentativa de frear os preços mais altos e agora há o medo de que restrições e regulações voltem a ser feitas por Pequim”.

A questão, segundo comentários, é que não é a primeira vez que a segunda maior economia do mundo tenta controlar o preço do minério de ferro. “A China já tinha feito isso em maio de 2021, quando a tonelada estava custando mais do que US$ 200”, lembra Victor Burke, analista do setor da XP Research. “No final do dia, isso acaba sendo momentâneo, apesar da movimentação relevante na tela. O preço é definido por questões de oferta e demanda”, elucida.

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Dinâmica de mercado para minério continua positiva

Segundo Burke, a dinâmica de mercado continua positiva para os preços, com a economia chinesa acelerando e o governo despejando estímulos – no mesmo dia em que tentou controlar o preço do minério, inclusive, o Banco do Povo Chinês, o banco central do país, injetou US$ 45,19 bilhões na economia local para gerar liquidez e para sustentar o crescimento econômico.

“A produção de aço deve acelerar após as Olímpiadas de Inverno, com o fim das restrições para conter a poluição em Pequim”, pontua sobre a demanda.

Além disso, voltando às restrições de oferta, ele ainda menciona para as recentes quedas de produção na Austrália e no Brasil, os dois principais produtores da commodity do mundo. O primeiro país vem sofrendo com escassez de mão de obra na sua indústria mineradora e, no Brasil, as chuvas diminuíram parcialmente a produção, principalmente da Vale, nos últimos meses.

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O Morgan Stanley vai no mesmo caminho. Em relatório, o banco pontuou que ações como as de hoje provindas do governo chinês já ocasionaram outras vendas significativas, mas que, todas as vezes, o preço tende a se recuperar “dentro de uma semana”.

“A China foi razoavelmente bem sucedida na redução do preço do carvão no quarto trimestre, mas o fornecimento do carvão conta com 93% de participação do mercado doméstico, o que torna indiscutivelmente mais fácil de alcançar o controle”, comentam os analistas Marius van Straaten, Amy Sergeant e Martijn Rats.

Para o banco americano, a visão é de que o mercado para o minério de ferro continue apertado no segundo trimestre, visto que a produção de aço na China pode crescer cerca de 20% em comparação ao “nível moderado do quarto trimestre de 2021”. A alta deve ser estimulada pela combinação da flexibilização das restrições ambientais e antecipação do estímulo à infraestrutura.

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Além do fim da Olímpiada, a produção de aço por lá deve crescer pelo fato de o país ter, recentemente, postergado a meta de descarbonização das siderúrgicas em cinco anos, para 2030. Além disso, a segunda maior economia do mundo deve continuar estimulando sua economia, com foco em crescimento e também buscando impulsionar seu setor de construção após o problema da Evergrande.

“Esperamos que, assim como nas outras vezes, o preço também se recupere da atual fraqueza neste caso específico”, comenta o Morgan Stanley.

Ariane Benedito, economista da CM Capital, afirma que o movimento de especulação, que teria incomodado o governo chinês, é fruto, justamente, do otimismo de investidores para a dinâmica do preço do minério.

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“Ainda temos uma visão positiva. A recuperação global e a continuidade de estímulos tendem a aquecer o mercado”, explica Benedito. As precificações, segundo ela, continuaram acontecendo e é normal que preço dos contratos futuros descolem daquilo visto nas “negociações reais” do minério do ferro.

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