Ações da Usiminas desabam quase 12% e Vale tem queda de mais de 5%; bancos caem até 6%

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (3)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão foi novamente de forte queda para a bolsa em meio aos dados de emprego nos EUA muito piores do que o esperado, o que voltou a elevar o sentimento de aversão ao risco do mercado. As ações da Petrobras, que chegaram a subir cerca de 3% no início da sessão, ajudando a limitar maiores perdas do índice com a continuidade do rali do petróleo, zeraram os ganhos e, durante a sessão, passaram a registrar perdas.

A sessão foi de forte alta para o petróleo e o barril do Brent disparou 15% hoje, em meio à expectativa por um acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) após a Arábia Saudita convocar reunião para discutir a crise no mercado.

A Opep+ se reúne na segunda-feira (6) para debater uma proposta de cortar a produção coletiva do grupo em pelo menos 6 milhões de barris por dia (bpd), em resposta aos efeitos da pandemia de coronavírus no mercado da commodity, segundo fontes ouvidas pela Dow Jones Newswires. As mesmas fontes disseram que os russos provavelmente não concordarão com a redução se os Estados Unidos não aceitarem participar da iniciativa. A Opep+, por esse motivo, considera a possibilidade de convidar produtores dos EUA e Canadá para a teleconferência.

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Apesar do avanço no acordo, há ainda muitas incertezas sobre qual será o impacto do coronavírus na demanda por petróleo, além das dúvidas sobre o tamanho do corte de produção.

Já os bancos caíram até 7%, caso de Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) em meio ao cenário de maior aversão ao risco do mercado. No radar está o Senado, que pode votar nas próximas semanas um projeto do senador Weverton Rocha (PDT-MA) que eleva de 20% para 50% a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para bancos e instituições financeiras, que consta numa lista de 12 pautas prioritárias a serem votadas como forma de combater ou minimizar a pandemia de coronavírus.

Enquanto isso, a Usiminas (USIM5) viu suas as ações caírem 11,88% após paralisar fornos e com o corte de recomendação pelo Bradesco BBI. A siderúrgica ainda comunicou que reduziu seus investimentos de R$ 1 bilhão para R$ 600 milhões em 2020. Por causa da crise do coronavírus, a empresa tomará várias medidas a partir de amanhã.

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O dia também foi de forte queda para as outras siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) caindo até 7%, além da Vale (VALE3), que fechou com perdas de 5,5%.

Confira os destaques:

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras comunicou que descobriu a presença de petróleo no poço pioneiro do bloco Uirapuru, localizado no pré-sal da Bacia de Santos. Segundo a empresa, o poço pioneiro está localizado a uma distância de 200 quilômetros da cidade de Santos (SP), em alto-mar e a uma profundidade de 1.995 metros. A Petrobras comentou que “os dados serão analisados para melhor direcionar as atividades exploratórias na área e avaliar o potencial da descoberta”.

O bloco Uirapuru foi adquirido em leilão de partilha do pré-sal em 2018 e está sob regime de partilha de produção. A Pré-sal Petróleo S.A. (PPSA) é a gestora do campo. A Petrobras tem 30% de participação e é a operadora do bloco, em parceria com a americana Exxon Mobil (28%), Equinor (28%) e Petrogal (14%).

O Bradesco BBI manteve a recomendação neutra para a Petrobras, mesmo com a possibilidade de uma reunião em breve da Opep+, a qual poderá anunciar um acordo final entre a Arábia e a Rússia para reduzir a produção mundial de petróleo entre 10 milhões e 15 milhões de barris diários.

Segundo o BBI, o cenário com os mercados futuros do petróleo ainda deve ser de cautela, porque não foi definido quando a reunião da Opep+ acontecerá, e também, se e quando acontecer, se haverá acordo entre os países para reduzir a produção e qual será a magnitude do corte.

“Primeiro, precisamos ver se essa reunião realmente acontecerá. Segundo, precisamos observar quais países serão convidados a cortar a produção e em quanto. Finalmente, devemos observar qual será o impacto final disso na curva de valores futuros do barril do petróleo Brent, que ainda está abaixo dos US$ 40”, avalia o BBI. Para a Petrobras, o banco reduziu algumas estimativas, prevendo agora uma queda de 7,4% nas vendas da gasolina em 2020 e uma alta marginal de até 1,5% no diesel. O BBI acredita que o pagamento de dividendos mais altos pela petrolífera deve demorar mais tempo, possivelmente em 2026, quando a relação dívida líquida sobre o Ebitda cair a 1,5 vezes (1,5x).

Vale (VALE3)

A ANM (Agência Nacional de Mineração) interdita 47 barragens de diversas empresas, sendo metade delas da Vale, sem declaração de estabilidade. As estruturas de mineração que não atestaram a segurança ou não enviaram a declaração estão automaticamente proibidas de receber novos aportes de rejeitos ou sedimentos desde 1 de abril.

Das 37 barragens interditadas em Minas Gerais, trinta não obtiveram o documento. Destas, 23 são da Vale. Em nota, a mineradora informou que “continua aperfeiçoando seu Sistema de Gestão de Barragens (TMS), com ajuda de especialistas internacionais”. A Vale informou ainda que foram emitidas “78 DCEs positivas das estruturas de suas unidades operacionais”. A mineradora disse ainda que vem tomando todas as precauções quanto as estruturas que estão em nível de emergência.

Tegma (TGMA3)

O Conselho de Administração da Tegma, maior operadora logística do transporte de carros zero quilômetro do país, aprovou a captação de R$ 100 milhões, pelos próximos dois anos, pela diretoria da empresa. Segundo o Conselho, a diretoria tem um prazo até o dia 30 de abril para decidir onde captará os recursos no sistema financeiro. A Tegma não informou qual é a destinação dos recursos.

Usiminas (USIM5)

A Usiminas informou que fará o abafamento do Alto-Forno 2 da siderúrgica de Ipatinga (MG), a partir de sábado, 4 de abril, e do Alto-Forno 1 da mesma usina no dia 22 de abril. A siderúrgica mineira também informou que em 22 de abril paralisará a Aciaria 1 da usina de Ipatinga. A siderúrgica em Cubatão (SP) continuará paralisada. A empresa afirmou que as medidas são temporárias.

“Tais medidas têm como objetivo adequar a produção à demanda de mercado, que se encontra em queda por causa da retração da atividade econômica provocada pela disseminação do coronavírus”, informou a empresa. A Usiminas informou que o Alto-Forno 3, a Aciaria-2 e as unidades de laminação e galvanização de Ipatinga continuarão em operação. A Usiminas também cortará seus investimentos em 2020, de R$ 1 bilhão para R$ 600 milhões.

O Bradesco BBI cortou a recomendação para as ações da Usiminas de neutra para underperform (desempenho abaixo da média do mercado), com o preço-alvo sendo cortado de R$ 5 para R$ 3,90 após a empresa anunciar a redução dos investimentos e da produção em 2020 por causa da epidemia do coronavírus.

Segundo o BBI, a estimativa dos lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Usiminas para 2020 foi cortada em 70% a R$ 460 milhões. O BBI prevê que deve ocorrer queda de 25% nas vendas e aumento de 18% nos custos das unidades empresa neste ano, baseado nas medidas drásticas do abafamento de dois altos-fornos em Ipatinga (MG) e da suspensão de uma aciaria na fábrica mineira e de outra aciaria em Cubatão (SP) – lembrando que a empresa já abafou o alto-forno de Cubatão em 2015. “Siderúrgicas não abafam altos-fornos facilmente, dados os custos da operação e depois do religamento”, comenta o BBI. O banco avalia que as medidas da Usiminas refletem o forte impacto que o coronavírus trouxe para setores como a indústria automotiva, que consomem bastante aços planos – a Fenabrave reportou uma queda de 22% nas vendas de automóveis em março deste ano.

O Itaú BBA avalia que as medidas são negativas. “Embora elogiemos o fato de que a Usiminas tente reduzir os seus custos fixos, o abafamento dos altos-fornos indica que a empresa não espera que a demanda se recupere por um longo período”, avalia o BBA. O banco lembra que retomar a operação de um alto-forno leva entre 60 e 90 dias. Quando abafou o alto-forno de Cubatão em 2015, a empresa gastou R$ 80 milhões.

JBS (JBSS3)

A JBS SA está oferecendo 3 mil empregos no Brasil como parte de seu plano de admissão para todas as regiões do país, de acordo com comunicado enviado pela empresa por e-mail.

Serão contratados trabalhadores diretos e indiretos. As admissões não estão relacionadas a um eventual aumento do absenteísmo devido à disseminação do coronavírus, a assessoria de imprensa da JBS informou por mensagem à Bloomberg.

Na semana passada, a JBS comprometeu-se a manter seus 120 mil funcionários no país. A JBS reafirmou que adotou medidas rigorosas para garantir a saúde e a segurança dos funcionários que seguem as orientações da OMS e do Ministério da Saúde, incluindo ações para reduzir a aglomeração, melhorar a higienização dos ambientes e afastar pessoas de grupos de risco do trabalho.

Cogna (COGN3)

O Itaú BBA avaliou como positivas as medidas anunciadas pela Cogna (antiga Kroton), maior grupo de educação privada do Brasil, logo após a empresa ter suspendido as aulas nas escolas, cursinhos pré-vestibular e faculdades que fazem parte do grupo, por causa da epidemia do coronavírus. “Houve uma reação rápida e efetiva, em 24 horas após a suspensão, a Cogna deu acesso a todo o conteúdo online aos seus estudantes universitários”, comentou o BBI.

O banco enfatiza que os estudantes responderam rápido, aceitando e usando pela internet o conteúdo digital, tanto nas faculdades como nos cursinhos. Além disto, o BBA destaca que as escolas puderam rapidamente usar a plataforma digital Plural, tanto as do grupo Cogna como as mais de 3,6 mil escolas associadas. Para os estudantes universitários, a Cogna passou a oferecer aulas online.

O BBA mantém a nota outperform (acima da média de mercado) para o papel COGN3, ressaltando que a posição de caixa líquido, de R$ 2,6 bilhões, é robusta para atravessar as quarentenas decretadas pelos governos estaduais ao redor do Brasil. O BBA mantém um preço-alvo de R$ 14,00 para a ação em 2020, uma valorização de 250% sobre os R$ 4,00 no fechamento ontem na B3.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.