Ação da CVC salta 32%; Petrobras, Via Varejo e JBS fecham quase estáveis após dispararem na abertura

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (26)

Lara Rizério

(Roberto Tamer / Divulgação)

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SÃO PAULO – A sessão foi de alta para o Ibovespa, mesmo em meio ao recorde histórico de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na semana. A expectativa fica por conta de mais estímulos à economia americana após os dados frustarem – e muito – o mercado.

Por aqui, o noticiário corporativo foi movimentado, com destaque para os resultados e novas medidas das companhias para reagir à pandemia do coronavírus. As ações da JBS abriram em alta de até 10%, após o resultado positivo do quarto trimestre, mas amenizaram, fechando com queda de 0,82%. Enquanto isso, Via Varejo, que abriu em queda, viu seus papéis subirem forte logo nos minutos iniciais, mas também amenizou e fechou com leve baixa de 0,18%.  Vale destacar que o papel da JBS é um dos que tiveram maior resiliência em meio ao forte sell-off do mercado no último mês por conta do coronavírus, enquanto as ações da varejista foram uma das que mais caíram. Locaweb, por sua vez, subiu 10,40% após resultado.

A Petrobras também iniciou um dia em expressiva alta, mas acabou por refletir a forte queda do petróleo. O petróleo WTI para maio fechou com queda de 7,71%, a US$ 22,60 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês recuou 3,83%, a US$ 26,34 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

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Os contratos futuros de petróleo encerram uma sequência de três dias consecutivos em alta e voltaram a ter uma sessão de fortes perdas, após renovadas preocupações acerca do impacto do coronavírus na demanda global, em um momento de avanço da oferta por conta do impasse entre Arábia Saudita e Rússia.

Contudo, o Goldman Sachs alertou que o excesso de produção diária pode atingir 19 milhões de bdp, o equivalente a produção, volume superior a produção da Arábia Saudita, Kuwait e Irã somados. A Petrobras, por sua vez, anunciou diversas medidas para preservar o seu caixa em meio ao cenário atual de choque de oferta da commodity o que deve, por ora, afastar as preocupações com a liquidez da estatal, conforme destaca o Bradesco BBI.

Entre as maiores altas, CVC avançou 32,41%, enquanto a Gol subiu 19%. Os últimos dias foram de alívio para as companhias do setor aéreo e para o setor de turismo, após fortes baixas com a queda de viagens e a drástica diminuição de voos por conta do coronavírus.

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Confira os destaques:

(PETR3;PETR4)

A Petrobras anunciou na manhã de hoje que adiou o pagamento de dividendos aos acionistas, de 20 de maio deste ano para 15 de dezembro de 2020.

Segundo a estatal petrolífera, a medida foi tomada para preservar o caixa da empresa da crise resultante da epidemia do coronavírus no Brasil, mas também do choque nos preços internacionais do petróleo, que já caíram 60% neste ano. A epidemia do corona também forçou a empresa a alterar a data da Assembleia Geral Ordinária do dia 22 para 27 de abril.

Segundo a estatal, serão pagos em dividendos aos acionistas R$ 1,7 bilhão para as ações ordinárias (PETR3) e R$ 2,5 milhões para as preferenciais (PETR4). O acionista deve ficar atento para a data de corte, que será 27 de abril, data da nova AGO. Já a data de corte para os acionistas que têm ações da Petrobras em Nova York – as chamadas ADRs negociadas na NYSE – será 29 de abril. Quem quiser receber o dinheiro não pode vender as ações antes destas datas.

A companhia ainda comunicou que, entre as medidas que decidiu adotar para enfrentar os impactos da pandemia de coronavírus e o choque de preços do petróleo, está a redução dos investimentos programados para o ano e o corte da produção.

O valor de investimentos para 2020 será reduzido de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões (sendo US$ 7 bilhões na visão caixa), “em função principalmente de postergações de atividades exploratórias, interligação de poços e construção de instalações de produção e refino, e da desvalorização do Real frente ao dólar americano”.

Além disso, haverá a postergação de novas contratações pelo prazo de 90 dias.

A companhia também decidiu reduzir um total de 100 mil bpd da sua produção de óleo até o final de
março, em função da sobreoferta deste produto no mercado externo e pela redução da demanda mundial de petróleo causada pelo efeito do COVID-19. “A companhia avaliará as condições do mercado e, em caso de necessidade, realizará novos ajustes na produção de petróleo, sempre garantindo as condições de segurança para as pessoas, operações e processos”.

Os bancos Morgan Stanley e Bradesco BBI avaliaram como na direção correta as medidas anunciadas hoje pela Petrobras para proteger seu caixa e patrimônio da pandemia do Covid-19 e da guerra de preços do petróleo no mercado mundial. Ambos informaram que medidas semelhantes estão sendo adotadas por petrolíferas ao redor do mundo.

“Todas as medidas tomadas pela Petrobras deveriam reduzir as preocupações dos mercados de que a empresa possa ter problemas de liquidez. As medidas são corretas ao cortar os gastos menos urgentes, mesmo que isso reduza a produção”, avalia o BBI.

“A Petrobras está atualmente em uma posição de liquidez muito mais confortável do que estava nas crises anteriores do petróleo. Achamos que atualmente os investidores estão praticando um desconto exageradamente desfavorável para a ação, e enxergamos potencial de alta a partir dos níveis atuais”, avalia o Morgan Stanley. O banco pondera, contudo, que o cenário dos mercados do petróleo está muito volátil.

Via Varejo (VVAR3

A Via Varejo informou na noite de ontem que a sua investigação sobre fraudes contábeis, erros e mudanças de estimativas nos balanços de exercícios anteriores, cujas denúncias foram recebidas pela empresa em outubro do ano passado, encontrou a cifra de R$ 1,19 bilhão de impacto no balanço. A empresa, controladora da Casas Bahia e do Ponto Frio, afirmou que não será necessária “a abertura de exercícios anteriores a 2019 para fazer os ajustes, uma vez que a companhia avaliou bem o assunto e não são necessários ajustes retrospectivos, sendo ajustados no próprio exercício de 2019”. A Via Varejo afirma que a “conclusão da investigação demonstra que os ajustes contábeis não impactarão de forma adversa o seu fluxo de caixa, condição financeira ou sua capacidade de honras compromissos”.

Sobre o resultado, a Via Varejo apurou lucro líquido de R$ 78 milhões no quarto trimestre de 2019, revertendo um prejuízo de R$ 282 milhões no mesmo período de 2018. No ano de 2019, a varejista acumula perdas de R$ 479 milhões, ante perdas de R$ 291 milhões no ano passado.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado registrou forte expansão de 91,4% no quarto trimestre, na comparação anual, para R$ 605 milhões. No ano, o indicador recuou 15,2%, a R$ 1,736 bilhão.

A margem Ebitda ajustada passou de 4,2% para 8% no comparativo entre mesmos trimestres. Em 2019, essa margem recuou de 7,6% para 6,8%.

A receita líquida da Via Varejo cresceu 1,1% entre outubro e dezembro, para R$ 7,6 bilhões. No ano, a empresa registrou recuo de 4,8% na receita, para R$ 29,848 bilhões. O volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês) faturado somou R$ 9,3 bilhões no trimestre, alta de 7,3%.

A companhia encerrou o trimestre com uma posição de caixa total de R$ 4,4 bilhões e caixa líquido ajustado de R$ 2,2 bilhões, incluindo a carteira de recebíveis não descontados no valor de R$ 3 bilhões. A redução de 2,2 bilhões frente ao mesmo período do ano anterior, apesar da redução de estoques, está relacionada com a menor geração de caixa operacional nos primeiros nove meses do ano passado e redução do prazo médio de pagamentos.

JBS (JBSS3)

A JBS divulgou balanço na noite de ontem e reportou um lucro líquido de R$ 2,4 bilhões no quarto trimestre de 2019, uma expansão de 332,4% sobre igual trimestre de 2018. No ano passado consolidado, o lucro líquido da empresa avançou 241% sobre 2018, atingindo R$ 6,1 bilhões. Segundo a JBS, “foi o maior lucro líquido da história da empresa”. ]

O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu R$ 5,6 bilhões no quarto trimestre do ano passado, uma expansão de 67,2% sobre igual período de 2018. O Ebitda do ano fechado de 2019 foi de R$ 19,8 bilhões, um crescimento de 33,9% sobre 2018. A receita líquida da empresa avançou 20,7% no quarto trimestre de 2019, sobre igual período de 2018, para R$ 57,1 bilhões. Em 2019 fechado, a receita líquida foi de 204,5 bilhões, um crescimento de 12,6% sobre 2018.

A JBS afirma que, mesmo com as aquisições feitas no ano passado conseguiu reduzir a dívida líquida em 8,9% para R$ 42,9 bilhões no final de 2019. Segundo a empresa, a relação dívida líquida sobre o Ebitda, que no final de 2018 era de 3,18 vezes (3,1x), caiu para 2,16 vezes (2,16x) no fim de 2019. A empresa encerrou 2019 com R$ 9,8 bilhões no caixa. Os números da JBS incluem as variações cambiais, principalmente a desvalorização do real frente ao dólar no ano passado.

Os bancos e analistas de mercado avaliaram como positivos os resultados. Segundo o Bradesco BBI, embora os resultados do quarto trimestre de 2019 agora pareçam distantes, com a pandemia do Covid-19, eles mostram que a JBS construiu uma posição de caixa robusta para enfrentar os desafios que virão.

Outro ponto positivo, avalia o BBI, é que a empresa tem exposição doméstica relativamente elevada, o que a protege de possíveis gargalos nas exportações por causa da pandemia. O BBI destacou que o lucro líquido do quarto trimestre chegou acima das expectativas, bem como o Ebitda e as vendas nos Estados Unidos e, no Brasil, da marca Seara. O BBI mantém a nota outperform (acima da média) com preço-alvo de R$ 37,00 para o papel, uma alta de 68% sobre o fechamento de ontem a R$ 22,05 na B3.
Para o Credit Suisse, a JBS “entregou um bom quarto trimestre, com destaque para o Ebitda 67% maior no Brasil, em R$ 5,7 bilhões.

Os destaques foram as divisões de carnes bovina e suína nos Estados Unidos (US beef e US pork) e Seara e JBS Brasil, embora essas duas tenham entregado um resultado decente mas ainda abaixo do esperado”, comentou o banco suíço. “A forte demanda nos supermercados deve beneficiar a JBS” avalia o CS, face à epidemia do coronavírus.

Para a Bloomberg, a receita líquida da JBS no quarto trimestre, de R$ 57,1 bilhões, chegou acima até das maiores estimativas, que eram de R$ 55,4 bilhões. “O frigorífico ainda aprovou a recompra de 10% das ações em 18 meses e, segundo o executivo-chefe, Gilberto Tomazoni, a companhia está operando em volume acima do normal para satisfazer a demanda global por proteína”.

Oi (OIBR3;OIBR4)

O Oi teve teve prejuízo líquido de R$ 9 bilhões em 2019, revertendo o lucro líquido de R$ 24,591 bilhões de 2018 – quando se beneficiou do corte da dívida em seu processo de recuperação judicial.

O Ebitda de rotina, ajustado pela norma contábil IFRS 16, totalizou R$ 6,015 bilhões no ano. Já a receita líquida foi de R$ 20,136 bilhões, queda de 8,7%.

A dívida bruta somou R$ 18,227 bilhões, alta de 1,8%.

A Oi informou, também, que não está fazendo projeções para 2020, devido à incerteza econômica causada pela pandemia da covid-19, mas “principalmente” pela iminente assembleia-geral de credores da Oi prevista para este ano, “a qual poderá deliberar sobre temas estratégicos para a companhia com potencial impacto relevante em seus negócios futuros”.Paranapanema (PMAM3)

A Paranapanema informou na noite de ontem que suspenderá as atividades nas suas fábricas de Utinga (SP) e Serra (ES), a partir de 30 de março. Segundo a fabricante de tubos, conexões, vergalhões e cobre refinado, a suspensão ocorrerá temporariamente por causa da queda da atividade econômica que a epidemia do coronavírus provocou no Brasil. A Paranapanema manterá em operação apenas na sua fábrica em Dias D’Ávila (BA).

Embraer (EMBR3)

A Embraer, maior fabricante brasileira de aeronaves, divulgou balanço na manhã de hoje do quarto trimestre de 2019 e do ano passado inteiro. A empresa informou que teve um prejuízo de R$ 383,6 milhões no quarto trimestre de 2019, revertendo lucro líquido de R$ 78,9 milhões de igual trimestre de 2018. No ano fechado de 2019, a Embraer obteve prejuízo de R$ 862,7 milhões, resultado bem mais negativo que em 2018, quando o prejuízo foi de R$ 224,3 milhões.

Houve queda nas vendas do setor da aviação comercial, mas o maior impacto nos resultados da Embraer foi o reconhecimento de um impairment de R$ 294,2 milhões na aviação executiva. A receita líquida da empresa cresceu 33% no quarto trimestre do ano passado, avançando para R$ 8,58 bilhões.

A receita líquida do ano consolidado de 2019 foi de R$ 21,8 bilhões, resultado 16% superior ao faturamento líquido de R$ 18,7 bilhões de 2018. A receita líquida cresceu porque as encomendas no setor de defesa tiveram aumento de 39%, enquanto as de aviação executiva cresceram 35%. Já o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 270,7 milhões no quarto trimestre de 2019, queda sobre o Ebitda de R$ 502,8 milhões de igual período do ano anterior. O Ebtida ajustado de 2019 consolidado atingiu R$ 431,4 milhões, queda de mais de 50% sobre 2018.

O Ebit (que exclui amortização) ajustado da Embraer no quarto trimestre de 2019 foi de R$ 17,4 milhões e sofreu um forte impacto, de R$ 222,9 milhões, dos custos da separação da aviação comercial da Embraer – a divisão está sendo comprada pela norte-americana Boeing. As entregas de aeronaves da Embraer em 2019 somaram 89 comerciais e 109 executivas, praticamente a mesma quantidade de 2018, quando foram entregues 90 aeronaves comerciais e 91 executivas.

A empresa atribuiu o resultado mais negativo de 2019 a impostos mais altos e um resultado operacional menor. A dívida líquida da empresa caiu em R$ 996,4 milhões em 2019, para R$ 13,6 bilhões no final de 2019. Segundo a fabricante, R$ 12,8 bilhões da dívida eram de longo prazo no final de 2019. A Embraer fechou 2019 com US$ 16,8 bilhões (R$ 84,3 bilhões) em encomendas na carteira, US$ 500 milhões a mais que no final de 2018.

Bradespar (BRAP4)

A Bradespar teve prejuízo líquido de R$ 388 milhões no quarto trimestre, impactada pelo resultado da Vale, que teve prejuízo de R$ 6,04 bilhões. A receita operacional foi negativa no trimestre em R$ 344,1 milhões. Os ativos totais somaram R$ 15,67 bilhões. No ano, o prejuízo líquido foi de R$ 403,2 milhões.

Locaweb(LWSA3

A Locaweb, maior empresa de hospedagem de sites do país, divulgou balanço na noite de ontem e informou um lucro líquido de R$ 6,9 milhões no quarto trimestre de 2019. Segundo a empresa, o resultado representou expansão de 29,8% sobre igual período de 2018. No ano consolidado de 2019, a Locaweb teve lucro líquido de R$ 18,1 milhões, um crescimento de 66% sobre 2018.

A empresa, que fez no início de 2020 sua oferta primária de ações na B3, reportou um lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 29,5 milhões, uma alta de 37% sobre igual trimestre de 2018. No ano consolidado de 2019, o Ebitda avançou 46,1% sobre 2018 para R$ 106,9 milhões. A Locaweb informou que a expansão ocorreu pelo aumento da base de clientes. A dívida líquida da empresa também teve uma forte expansão, de 184,5% em 2019, para R$ 146,5 milhões.

BB Seguridade (BBSE3)

Erik da Costa Breyer exercerá o cargo de diretor de finanças, relações com investidores e gestão das
participações da BB Seguridade, completando o mandato 2019/2021, segundo comunicado. Erik Breyer atualmente exerce o cargo de diretor de mercado de capitais e infraestrutura do BB. A conclusão do processo de indicação ainda dependerá de trâmites internos antes de ser submetida ao conselho da companhia.

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(Com Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.