Ações da Eletrobras caem 6% após fala de candidato à presidência do Senado e BBI reduz recomendação de olho na eleição

Rodrigo Pacheco (DEM-MG) afirmou que seu foco são as reformas, o social e as privatizações, mas não a da Eletrobras

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A sessão da última quinta-feira foi de expressiva queda para as ações da Eletrobras (ELET3;ELET6), com os papéis ELET6 caindo 6,15% (R$ 31,43) e os ELET3 em baixa de 5,15% (R$ 31,30), acumulando baixa de cerca de 15% no ano.

A forte queda foi motivada pela entrevista dada ao jornal O Estado de S. Paulo pelo candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que tem o apoio da esquerda ao Palácio do Planalto, de que seu foco são as reformas, o social e as privatizações, mas não a da Eletrobras. “Não vou me comprometer com prazo, é processo longo”, disse Pacheco.

Ele acrescentou ainda que eventos recentes do setor (como apagão no estado do Amapá) levantaram preocupações no Congresso sobre a privatização da Eletrobras.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Após a declaração, gerando preocupação no mercado sobre o cronograma que já era complicado para a desestatização da companhia, o Bradesco BBI reduziu a recomendação para os ativos ELET6 de outperform (desempenho acima da média do mercado) para neutra até a eleição para a presidência na Casa, prevista para o início de fevereiro.

“Embora consideremos a fala [de Pacheco] com cautela, dado o ambiente eleitoral, não está claro se ele mudará sua posição atual – notadamente, a privatização da Eletrobras poderia trazer cerca de bem-vindos R$ 30 bilhões ao Tesouro Federal”, avalia o analista Francisco Navarrete.

Até agora, o BBI via boas chances (mais de 60%) de que o Congresso votaria no projeto de privatização na primeira metade do ano, possibilitando ao governo vender parte de suas ações da elétrica e tornando-se acionista minoritário, com a companhia se tornando uma corporação difusa. “Agora temos menos certeza”, afirma.

Continua depois da publicidade

Para Navarrete, sem um patrocinador forte no Senado, a votação do projeto de privatização da elétrica pode ficar para o segundo semestre de 2021,  o que seria negativo. Isso porque, à medida que 2022 se aproxima, os políticos estarão mais focados nas eleições presidenciais e para governo do estado, deixando de lado temas polêmicos como a privatização.

Por outro lado, as ações seguem atrativas em uma perspectiva de risco-retorno, uma vez que o valor justo para a ação da Eletrobras estatal é de R$ 33, sendo que ambas as classes de ações estão sendo negociadas com um desconto de cerca de 6% em relação a este “piso” teórico, aponta o analista.

No entanto, a visão é de que, se a privatização da Eletrobras se tornar incerta e o Congresso diminuir os esforços para aprovar o projeto de lei, a equipe de gestão liderada pelo CEO Wilson Ferreira Jr. poderia sair por falta de visibilidade
sobre o futuro da empresa – ele iniciou o trabalho na elétrica para resgatar a companhia da quase falência e ajudar a privatizá-la.

Neste cenário, o “piso” técnico esperado pelo BBI seria superado pela especulação de que o desempenho da Eletrobras se deterioraria novamente para se tornar uma estatal “ruim” – em tal cenário, a estimativa de valor justo cairia para R$ 24 (queda de cerca de 22% em relação aos valores atuais).

Assim, como resultado dada a incerteza dos eventos, o analista aponta preferir ficar à margem por enquanto dos papéis.

O banco tem um novo preço-alvo esperado para 2021 de R$ 39,00 para os papéis ELET3 e de R$ 41,00 para ELET6, o que embute uma probabilidade de 90% da privatização não ocorrer, mas as melhorias operacionais da gestão de Wilson Ferreira persistirem, enquanto haveria uma chance de 10% de privatização.

Confira os cenários para a Eletrobras desenhados pelo Bradesco BBI abaixo:

Caso otimista: Eletrobras é privatizada – ELET3/ELET6 a R$ 57
Caso 1 conservador:  ELET continua sendo uma estatal bem gerida- ELET3/ ELET6 a R$ 33/R$ 35
Caso 2 conservador: ELET como uma estatal mal gerida: ELET3/ELET6 a R$ 23/R$ 27
Caso base BBI: preço-alvo de R $ 39,0 para ELET3 e de R$ 41 para ELET6 implicando em 90% de chance de que a privatização não ocorra, mas as melhorias operacionais da posse de Wilson Ferreira persistam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.