Acionistas da JBS (JBSS3) aprovam dupla listagem e ativos têm forte volatilidade

Plano de listagem da empresa nos EUA foi aprovado em assembleia geral de acionistas.

Felipe Moreira

Fábrica da JBS em Montenegro, no Estado do Rio Grande do Sul
5/12/2024  REUTERS/Diego Vara/Arquivo
Fábrica da JBS em Montenegro, no Estado do Rio Grande do Sul 5/12/2024 REUTERS/Diego Vara/Arquivo

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A assembleia de acionistas da JBS (JBSS3) aprovou nesta sexta-feira (23) a proposta de dupla listagem das ações do frigorífico, conforme já era amplamente esperado pelo mercado.

A sessão pós-aprovação foi de volatilidade: logo após saírem do leilão, os papéis da companhia subiam 2,71%, cotados a R$ 43,41, após a negociação ter sido interrompida às 10h17. Contudo, durante a tarde, o ativo JBSS3 passou a ter baixa e fechou em queda de 1,23%, a R$ 41,74.

Uma contagem preliminar dos votos dos acionistas do frigorífico, divulgada na véspera, indicou que uma leve maioria se posicionou contra a proposta da empresa de listar suas ações nos Estados Unidos.

Antes da votação, analistas debateram os méritos da dupla listagem da empresa para acionistas minoritários.

Alguns citaram a oportunidade da empresa de alinhar sua avaliação de mercado com a de seus pares internacionais com uma listagem nos EUA, o que permitirá à JBS acesso a uma gama mais ampla de investidores.

No entanto, algumas empresas de consultoria alertaram que uma nova estrutura de ações de classe dupla provavelmente reduzirá o poder de voto dos acionistas minoritários, potencialmente limitando sua influência sobre o processo de tomada de decisões da empresa no futuro.

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Sob a nova estrutura da dupla listagem, os acionistas controladores da empresa, que atualmente detêm uma participação de 48,34% em uma única classe de ações, poderiam ver seu poder de voto aumentar para até 85%, segundo estimativas de analistas.

Isso porque, sob a nova organização da empresa, uma holding sediada na Holanda seria listada principalmente nos EUA, com uma estrutura de capital de duas classes, com direitos de voto distintos.

A família Batista, que fundou e ainda controla a JBS, tenta há mais de uma década listar as ações da empresa em Nova York, mas enfrentou vários contratempos, incluindo o escândalo de Lava Jato.

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Em 2016, o plano também enfrentou oposição do braço de investimentos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o maior acionista fora da família Batista. Em março, o banco estatal, que vem reduzindo sua participação na JBS, concordou em se abster na votação da listagem dupla.

O plano de listagem dos EUA também enfrentou críticas de políticos e grupos ambientalistas, que levantaram preocupações sobre corrupção, concentração de mercado e riscos ambientais.

Em 2024, um grupo bipartidário de senadores norte-americanos enviou uma carta ao órgão fiscalizador dos mercados de capitais dos EUA (SEC), expressando oposição à listagem da empresa no país, citando preocupações com corrupção e potenciais consequências ambientais da operação.

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Reestruturação

Aprovada por maioria dos votos, a proposta envolve a incorporação da totalidade das ações da atual JBS S.A. pela JBS Participações, com posterior emissão de ações preferenciais obrigatoriamente resgatáveis (PN Resgatáveis).

Cada duas ações da JBS S.A. darão direito a uma PN Resgatável, que será automaticamente convertida em um BDR lastreado em uma ação Class A da JBS N.V., que será negociada na Nyse.

Segundo a companhia, a nova estrutura permitirá fortalecer a governança corporativa, ampliar a base de investidores e reduzir o custo de capital.

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(Com Reuters)