Ação da Light (LIGT3) fecha em derrocada de 15,62% após saída de CEO; empresa diz que plano de ação será mantido

Analistas avaliam que Raimundo Nonato, que renunciou ao cargo, tinha experiência em turnaround e transmitia confiabilidade ao processo

Equipe InfoMoney

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A Light (LIGT3) registra uma sessão de forte queda na sessão desta quinta-feira (30), em meio à notícia de saída do seu CEO. Os ativos LIGT3 tiveram baixa de 15,62%, a R$ 5,78.

Na véspera, a companhia comunicou a renúncia, por motivos pessoais, de Raimundo Nonato Alencar de Castro ao cargo de Diretor -Presidente da elétrica.

A renúncia em questão também abrange todos os cargos ocupados pelo referido administrador nos órgãos da administração das demais sociedades controladas ou coligadas.

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O preenchimento do respectivo cargo será realizado interinamente por Wilson Martins Poit.

Castro era da Equatorial Energia (EQTL3) e foi para a Light em 2020, gerando expectativa no mercado. De acordo com o JPMorgan, a saída do executivo pode ser uma indicação pelo mercado de falta de confiança na recuperação da empresa. Os analistas do banco têm recomendação de venda para o ativo, com preço-alvo de R$ 9.

“O caso da Light é de turnaround [virada], muito baseado na capacidade da gestão da companhia de fazer as melhorias necessárias. Adiciona o fato que no dia anterior saiu uma decisão sobre a devolução de créditos de PIS/COFINS, que havia sido negativo para a companhia’, avalia Alexandre Kogake, analista da Eleven Financial.

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Na mesma linha, a Ativa Investimentos destacou ler a notícia como negativa. “A figura de Raimundo Nonato, reconhecido executivo com experiência em cases de turnaround, era importante e transmitia confiabilidade ao processo que a companhia necessita desempenhar ao longo dos próximos trimestres”, escreveram os analistas da casa.

Após mudanças de gestão e incertezas em torno da empresa, o UBS BB colocou o seu preço-alvo e a recomendação para o papel, até então de compra, em revisão.

Os analistas lembram que a renúncia de Castro aconteceu poucos meses após Firmino Sampaio ter renunciado ao cargo de presidente do Conselho de Administração.” Ambos ingressaram na empresa em 2020, com a promessa de melhorar as perdas não técnicas e estavam anteriormente na Equatorial, que também tinha concessões complexas”, reforçam os analistas.

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A entrada de ambos na Light foi bem recebida pelos investidores na época, já que as ações subiram 20% com a notícia.

“Argumentamos anteriormente que as perdas não técnicas são um problema estrutural da concessão no Rio de Janeiro e não um problema da empresa. Como eles foram considerados pelo mercado como o time que poderia virar a empresa, a reação do mercado é muito negativa”, avaliam.

Os analistas reforçam anda não acreditar que a empresa possa reduzir as perdas não técnicas sem o apoio do governo. As perdas de energia são um dos temas mais sensíveis e complexos para a Light.

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O UBS BB estima que, para cada mudança de 100 pontos-base (bps) nas perdas não técnicas de energia em 2022, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) esperado para 2022 mudaria 300 bps, ou um adicional de R$ 80 milhões no fluxo de caixa. o valor pago a maior pelos consumidores de energia elétrica pelo ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins.

“Isso significa que haverá uma redução na tarifa para os consumidores. No entanto, acreditamos que possa impactar o fluxo de caixa das distribuidoras de energia, uma vez que, para as empresas sob nossa cobertura, o valor contabilizado do crédito tributário é superior à capacidade de pagamento anual dos tributos federais”, concluem.

Plano de ação continua

Após o fechamento, em nota, a Light afirmou que vai prosseguir no seu plano de ação, que foi aprovado pelo Conselho de Administração e tem como foco a estratégia de combate às perdas.

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“Neste momento, o presidente do Conselho de Administração, Wilson Martins Poit, assumiu, interinamente, o comando das empresas. O Conselho já vem trabalhando na busca de um novo CEO, que mantenha o foco e dê continuidade ao plano de ação da Companhia”, apontou.

Segundo a elétrica, a estratégia adotada pela atual gestão de fortalecer o combate às perdas, melhorar os indicadores de continuidade do serviço e fazer a transformação digital da Light tem dado resultados. Mesmo em um contexto socioeconômico desafiador, em um ano, a companhia melhorou em 1,2 ponto percentual (p.p.) a sua arrecadação, afirmou.

“Os processos de turnaround Orçamento Base Zero (OBZ) e a redução de custos, atualmente em curso, seguem conforme o planejado”.

Sobre as peculiaridades de suas regiões de atuação, a Light aponta que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)  reconhece que a companhia possui desafios que não são encontrados em outras regiões do país. Por isso, durante a revisão tarifária, em março, a agência reconheceu um patamar de perdas regulatórias maior, passando de 36% para 40%, o que representa um ganho para a empresa.

“O plano de ação da Light, que inclui o combate às perdas e a melhoria da arrecadação, foi aprovado pelo Conselho. Os pilares deste plano já foram solidificados na gestão de Nonato de Castro e pela diretoria, que segue na Companhia. Os recentes resultados da empresa mostram que estamos no rumo certo, enfrentando os desafios peculiares da nossa área de concessão”, disse na nota o CEO interino, Wilson Martins Poit.

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