Ação do IRB despenca 9% após gestora questionar números; Braskem salta 6% com possível ida ao Novo Mercado e Petrobras cai 1%

Confira os destaques da B3 na sessão desta segunda-feira (3)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em destaque na B3 na sessão desta segunda-feira (3), as ações do IRB (IRBR3) despencaram até 15,77% após carta da gestora Squadra que destaca a sua posição short na companhia. Contudo, durante a sessão, e também acompanhando o bom humor do Ibovespa, que registrou ganhos de mais de 1% em uma sessão de recuperação, os ativos amenizaram as perdas, mas ainda assim fecharam em forte queda de 9,06%.

A Squadra falou sobre a existência de indícios que apontam para lucros recorrentes “significativamente inferiores” aos lucros contábeis reportados pela empresa: “desde que o IRB realizou sua abertura de capital em bolsa de valores, no ano de 2017, acreditamos ter encontrado fatores que, em nossa opinião, indicam lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras significativamente superiores aos lucros normalizados. Essa disparidade entre lucro reportado e lucro normalizado (recorrente) foi crescente durante esse período e atingiu sua maior diferença nos nove primeiros meses de 2019”.

Em nota, a IRB informou que suas demonstrações contábeis são auditadas internamente e externamente (pela PwC), e que sua perfomance financeira e seu “earnings power” está fielmente retratado nas referidas demonstrações. “A Companhia informa ainda que está avaliando com seus assessores legais, as medidas cabíveis a serem tomadas neste cenário, onde o emissor da carta tem interesse econômico diametralmente conflitante com os interesses da companhia”, disse.

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Já os frigoríficos têm alta, com destaque para a disparada de até 6% da BRF (que foi uma das maiores quedas de janeiro) que, contudo, amenizou os ganhos. A alta dos ativos do setor ocorreu em meio a um novo surto de gripe aviária H5N1 na China. Braskem (BRKM5) também registrou ganhos de 6% com a notícia de que pode ir ao Novo Mercado voltando à tona.

As ações da Eletrobras (ELET3;ELET6) fecharam em leve queda. O presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre, ratificou, em documento divulgado pela sua assessoria, que a proposta de privatização da Eletrobras não será aprovada no modelo como foi proposto. Segundo ele, 48 senadores aderiram à Frente Parlamentar do Norte e do Nordeste, que apresenta resistência ao texto.

Enquanto isso, a Petrobras (PETR3;PETR4) teve uma sessão de queda acompanhando um novo dia de baixa dos preços do petróleo em meio aos temores com os efeitos do coronavírus para a demanda pela commodity. Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a demanda chinesa por petróleo caiu em cerca de três milhões de barris por dia, ou 20% do consumo total, diante do impacto do coronavírus na economia. Por outro lado, de olho nas medidas de estímulo da China, as ações da Vale (VALE3) tiveram um dia de recuperação e avançaram 1,19%.

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Confira os destaques desta segunda-feira:

IRB (IRBR3)

As ações do IRB despencam até 15,77% após carta da gestora Squadra destacando a sua posição short na companhia de resseguros.  “Desde que o IRB realizou sua abertura de capital em bolsa de valores, no ano de 2017, acreditamos ter encontrado fatores que, em nossa opinião, indicam lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras significativamente superiores aos lucros normalizados. Essa disparidade entre lucro reportado e lucro normalizado (recorrente) foi crescente durante esse período e atingiu sua maior diferença nos nove primeiros meses de 2019”, afirma a carta.

De acordo com os gestores, a rentabilidade normalizada do negócio do IRB é muito menor do que grande parte do mercado acredita ser por um conjunto de razões: i) as seguradoras brasileiras reportam sinistros recuperados junto ao IRB maiores que a despesa correspondente a DRE da companhia. As sinistralidades dos riscos cedidos ao IRB seriam próximas à média do mercado; ii) os negócios do IRB na região envolvem contratos originados por licitação pública e com sinistralidade estruturalmente elevada; iii) as despesas de sinistros contábil foi reduzida por reconhecimento de expectativa de recebimentos futuros e reversões de provisões antigas; iv) os resultados foram beneficiados por uma variedade de ganhos não recorrentes e não caixa, impactando diversas linhas da DRE; v) a geração de caixa do IRB foi muito abaixo da esperada e os recebíveis estão se acumulando e vi) o resultado financeiro favorecido por remarcações e vendas de ativos adquiridos há mais de 20 anos.

Em nota, o IRB informou que suas demonstrações contábeis são auditadas internamente e externamente (pela PwC), e que sua perfomance financeira e seu “earnings power” está fielmente retratado nas referidas demonstrações. “A Companhia informa ainda que está avaliando com seus assessores legais, as medidas cabíveis a serem tomadas neste cenário, onde o emissor da carta tem interesse econômico diametralmente conflitante com os interesses da companhia”, disse.

Segundo o Morgan Stanley, há uma confusão sobre a visão da sustentabilidade da lucratividade no IRB versus pares globais e os “investidores estão comparando maçãs e laranjas”. Neste sentido, há oportunidade de compra para os ativos, avaliam os analistas do banco.

Totvs (TOTS3)

A Totvs registrou ganhos após a ação ter sido reiniciada como compra pelo Santander.

BRF (BRFS3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3)

A China reportou neste domingo (2) um surto de gripe aviária H5N1 na província central de Hunan, próximo ao epicentro do coronavírus. O surto matou 4,5 mil das 7.850 galinhas da propriedade rural. As autoridades locais abateram outras 17.828 aves nas proximidades, o que pode aumentar a oferta de proteína na província em um primeiro momento, logo após notícias de que a área estaria sofrendo com escassez de ração para aves por conta do isolamento imposto pelo governo.

Não foram relatados casos de infeção humana pelo vírus H5N1 em Hunan. A possibilidade de transmissão da gripe aviária entre seres humanos é baixa, mas sua taxa de mortalidade é superior a 50%, muito acima da síndrome respiratória aguda grave (SARS), com 10% de mortalidade, e do próprio coronavírus, com 2% registrado até agora.

“Por enquanto, trata-se de um caso isolado mas, na nossa visão, caso o número de casos da gripe aviária no país aumente, isso pode representar mais uma disrupção da dinâmica de oferta e demanda de proteínas na China, o que poderia ser bom para frigoríficos brasileiros exportadores”, afirmam os analistas da XP Investimentos.

Petrobras (PETR3;PETR4)

Conforme destaca o jornal O Globo, a Petrobras negocia venda da Gaspetro na Bolsa em operação que pode levantar R$ 4 bilhões, segundo analistas. Por meio da subsidiária, estatal tem fatias em 19 distribuidoras estaduais de gás – o objetivo é sair do setor por completo.

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que a ideia é fazer uma oferta pública de ações da Gaspetro, subsidiária que reúne as participações da estatal nas distribuidoras, numa operação parecida com a que privatizou a BR Distribuidora, em 2019.

Já a greve de funcionários da Petrobras, iniciada na madrugada de sábado, seguiu no domingo e cinco sindicalistas da Federação Única dos Petroleiros (FUP) ocupavam desde as 15h de sexta-feira  uma sala do quarto andar do edifício sede da estatal, no centro do Rio. Eles afirmam que não deixarão o local enquanto a empresa não iniciar uma negociação.

A Petrobras divulgou hoje também um teaser para a venda do campo Papa-terra, na Bacia de Campos (RJ). Segundo a Petrobras, o campo Papa-terra entrou em operação em 2013, fica em águas profundas (1.200 metros) e produz 17,3 mil barris por equivalência (boe) por dia. A Petrobras é a operadora do campo, com 62,5% de participação, enquanto a americana Chevron tem os 37,5% restantes.

Braskem (BRKM5)

Ainda em destaque, a Odebrecht e a Petrobras conversam sobre uma possível migração da petroquímica para o Novo Mercado da B3, segundo informações do jornal Valor Econômico.  Seria a forma da estatal deixar o capital da Braskem.

O diálogo ainda não ganhou corpo, mas houve um aceno para formalizar a disposição a partir de uma visita de Ruy Sampaio, presidente da Odebrecht, ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, no início de janeiro.

Cogna (COGN3)

A Cogna fará uma oferta pública primária de 172,1 milhões de ações ordinárias no Brasil e projeta levantar uma soma de ao menos R$ 2 bilhões, tomando por base o preço do papel no fechamento do pregão de 31 de janeiro na B3, ou R$ 11,62. A empresa de educação (antiga Kroton) também fará uma oferta adicional de ações na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), avaliada no valor de R$ 700 milhões. Juntas, as duas operações deverão levantar R$ 2,7 bilhões para a Cogna.

A empresa informou que usará o dinheiro das operações para a aquisição de “sociedades que atuam no ensino superior” no Brasil. O bookbuilding deve começar nesta segunda-feira, com encerramento no dia 5 de fevereiro. A oferta na B3 ocorrerá no dia 13, com liquidação no dia 14. No Brasil, a oferta será coordenada pelo bancos Itaú, Bradesco, BTG Pactual, Morgan Stanley, Credit Suisse, J.P. Morgan e Santander Brasil.

“A oferta vem num momento bom para a companhia, dada a sua necessidade de reduzir o endividamento e do alto apetite do mercado por emissões. Assim sendo, a notícia é positiva para os negócios da Cogna, muito embora as ações possam reagir negativamente a divulgação por conta da pressão do volume de vendas”, destaca a equipe de análise da Levante Ideias de Investimento.

Gol (GOLL4) e Smiles (SMLS3)

A Gol concluiu na sexta a primeira etapa da reorganização societária da Smiles, proposta em dezembro. A companhia aérea transferiu as ações da Smiles de sua titularidade para sua subsidiária Gol Linhas Aéreas (GLA). Com isso, ela passou a ser controladora indireta da empresa de fidelidade.

Após essa etapa, as ações da GLA serão incorporadas pela Gol. Por fim, as ações PN resgatáveis da GLA e as da Gol serão resgatadas com pagamento em dinheiro. A Gol ofereceu, ao anunciar a reestruturação, duas relações de troca, em que uma ação da Smiles seria trocada por uma fração de um papel da Gol acrescida de um valor de resgate.

Na primeira relação, cada ação ordinária da Smiles corresponde a 0,6319 ação preferencial da Gol mais R$ 16,54 como valor de resgate. Uma relação opcional oferece 0,4213 ação PN da Gol para cada papel ON da Smiles mais R$ 24,80 como valor de resgate. As relações levam em conta o valor de R$ 39,25 por ação da Gol e de R$ 41,34 por ação da Smiles.

Linx (LINX3)

A Linx acertou a compra da Neemo por R$ 17,6 mi à vista, destacou a companhia em comunicado. A Neemo, uma empresa que presta serviços de
comércio eletrônico, tem faturamento bruto esperado para 2020 de R$ 7,7 milhões.

Além dos R$ 17,6 milhões à vista, um valor de até R$ 4,8 milhões poderá ser pago dependendo de metas a serem alcançadas entre 2021 e
2023.

Porto Seguro (PSSA3)

A Porto Seguro divulgou na manhã de hoje seus resultados do quarto trimestre de 2019. A Porto Seguro mostrou que houve uma queda de 4,2% no lucro líquido, de R$ 387 milhões no quarto trimestre de 2018 para R$ 371 milhões em igual período do ano passado.

O faturamento bruto da seguradora cresceu 5,2% para R$ 4,9 bilhões no quarto trimestre de 2019, sobre igual período do ano anterior. A empresa destacou que houve um crescimento de 11% no número de usuários do cartão de crédito Porto, “superando pela primeira vez a marca de 1 milhão de usuários”. Outro destaque foi a expansão dos planos de saúde, médico e odontológico, da Porto Seguro, de 17,6% no quarto trimestre do ano passado, sobre igual trimestre de 2018.

A queda do lucro líquido no último trimestre do ano passado é explicada “em razão da redução da taxa de juros”. Embora tenha caído no último trimestre, o lucro líquido da PSSA3 subiu 5% no ano inteiro de 2019, sobre 2018, para R$ 1,3 bilhão. O índice de sinistralidade, importante no setor, teve uma leve piora nos seguros de carros, para 57,1% no último trimestre – três pontos porcentuais acima do mesmo período do ano anterior.

“O aumento foi justificado pelo crescimento das despesas com colisão e pela base de comparação, já que em 2018 a sinistralidade permaneceu muito abaixo da média histórica”, comenta a PSSA3. O lucro antes do IR e da CS foi de R$ 592,7 milhões no quarto trimestre, uma queda de 6,2% sobre os R$ 661,3 milhões de igual período de 2018.

De acordo com Marcel Campos, analista da XP Investimentos, os balanços foram considerados mistos. “Embora a seguradora tenha apresentado crescimento de receita, os ganhos foram impactados por (1) um pior resultado operacional; e (2) deterioração dos resultados financeiros. No geral, vemos o resultado como neutro. O crescimento das linhas de receita é um fator importante e esperado para a seguradora, mas deve ser seguido por melhores resultados operacionais, o que não foi o caso no trimestre. Mantemos nossa recomendação neutra para as ações e preço alvo de R$ 58,00”, destacam.

MRV (MRVE3)

Os acionistas da MRV aprovaram o investimento que a construtora e incorporadora imobiliária mineira fará na sua subsidiária americana AHS Residential. A questão levou vários meses para ser resolvida e a MRV comunicou que os interesses do principal acionista individual da empresa no Brasil, Rubens Menin, foram conciliados aos dos outros acionistas brasileiros da MRV. A AHS Residential é uma subsidiária que a MRV montou nos Estados Unidos para explorar um ramo em crescimento no mercado imobiliário local, o da construção e aluguel de imóveis residenciais. A AHS Residential realizará seus investimentos após subscrever US$ 236 milhões (R$ 986,4 milhões) em ações nos EUA, nos próximos quatro anos.

Engie (EGIE3)

A Engie Brasil aprovou a emissão de até R$ 500 milhões em debêntures da sua subsidiária Engie Transmissora. As debêntures são simples e não conversíveis em ações, com prazos de vencimentos em nove emses a partir da emissão. A empresa, filial do grupo franco-belga Engie, informou que pagará juros correspondentes a 100% do DI mais 0,67% ao ano no papel.

Inepar (INEP4

A Inepar Indústria e Construções, de Curitiba (PR), comunicou ao mercado que aumentou o capital social em R$ 2,6 milhões, através da conversão de 2,6 milhões de debêntures da sexta série em 37 mil ações ordinárias. A Inepar está em recuperação judicial. Segundo a empresa, seu capital social passou para R$ 415, 1 milhões.

AMBEV (ABEV3)

O Bradesco BBI reduziu o preço-alvo da ação da cervejaria Ambev de R$ 22,00 para R$ 18,50, citando o cenário de maior concorrência no setor de cervejas no Brasil a partir do quarto trimestre do ano passado. O BBI também reduziu a projeção de crescimento da receita da Ambev de 7% para 4,5% no quarto trimestre de 2019. A recomendação para o papel ABEV3, contudo, permaneceu neutra. Os analistas projetam que a expansão do volume de vendas das cervejarias no Brasil será baixa em 2020, ao redor de 2%, com uma pressão de preços muito forte nos fabricantes – Heineken, Eisenbahn e Amstel dobraram a capacidade de produção. Por isto, as margens tendem a ficar baixas.

Unidas (LCAM3)

A Unidas elegeu Eduardo Luiz Wurzmann como presidente do Conselho de Administração.

Oi (OIBR3;OIBR4)

A coluna de Lauro Jardim, do Jornal O Globo, informou que, depois de vender sua fatia na angolana Unitel e de contratar o Bank of America para vender sua operação de telefonia móvel, a Oi estudaria se desfazer se sua rede de fibras ótica que leva a banda larga da empresa Brasil afora.

Contudo, em nota, a Oi informou que não planeja a venda dos seus ativos de fibra ótica. O pilar central do plano estratégico da Oi prevê que a empresa será a maior companhia de infraestrutura de fibra do Brasil e viabilizadora da banda larga de última geração no país.

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(Com Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.