Ação da CVC cai 7% entre capitalização e estimativa de perdas; frigoríficos sobem e bancos recuam até 5% com fala de Maia

Confira os destaques da B3 na sessão desta terça-feira (7)

Lara Rizério

(Roberto Tamer / Divulgação)

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SÃO PAULO – A sessão foi de queda para o Ibovespa, com os investidores repercutindo os dados de produção industrial da Alemanha abaixo do esperado e monitorando o avanço dos casos do coronavírus. A confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro testou positivo para Covid-19 aprofundou as quedas durante a tarde.

O destaque de queda ficou para a CVC (CVCB3, R$ 20,28, -6,93%), com forte baixa em meio ao cenário de maior aversão ao risco do mercado, que também afeta as aéreas.

Além disso, a companhia de turismo ainda não conseguiu apresentar o informe de resultados do ano de 2019 e o do primeiro trimestre de 2020. O balanço segue atrasado devido a erros contábeis. Em comunicado divulgado nesta terça (7) ao mercado, a empresa atualiza algumas informações.

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Quanto aos erros contábeis, a previsão de perda aumentou em relação ao que havia sido informado em 28 de fevereiro. O impacto até então estimado dos ajustes na receita líquida de vendas da companhia era de R$ 250 milhões, considerando os exercícios sociais de 2015 a 2019, montante agora em R$ 350 milhões e inclui exercícios anteriores a esse período.

A companhia também comunicou que está em tratativas internas finais sobre termos e condições definitivos de uma operação de capitalização.

Também em forte queda, ficaram as ações de bancos, com Itaú (ITUB4, R$ 26,37, -4,90%), Santander Brasil (SANB11, R$ 28,53, -4,36%), Bradesco (BBDC3, R$ 19,88, -4,10%; BBDC4, R$ 21,71, -4,15%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 33,28, -4,01%), com baixas de mais de 3%.

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Em live realizada nesta terça, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) defendeu o fim das taxas de juros de cartão de crédito e cheque especial quando falava das desvantagens de um aumento de impostos para o setor bancário. “Quem paga, no fim, é o cidadão”, alertou.

O deputado fez críticas ao Ministério da Economia e voltou a avisar Paulo Guedes que a CPMF não passará no Congresso. Além disso, Maia também ressaltou que o governo precisa ainda mandar sua proposta de reforma administrativa

Já os frigoríficos registraram as maiores altas do índice, caso de Marfrig (MRFG3, R$ 13,62, +7,92%), Minerva (BEEF3, R$ 13,70, +2,85%), JBS (JBSS3, R$ 22,95, +2,82%), enquanto a BRF (BRFS3, R$ 20,50, -3,07%) caiu após abrir em alta.

No setor, em relatório, o Credit Suisse reforçou a sua visão positiva para a JBS, destacando que o segundo trimestre de 2020 deve ser o melhor da história da empresa.

Ainda em destaque, exportadores brasileiros de carne de frango e suína estão propondo testar todos os embarques que chegam à China para provar que as cargas são seguras para consumo e evitar mais proibições do país asiático.

As empresas exportadoras seriam responsáveis pela realização dos testes por amostragem segundo proposta feita ao Ministério da Agricultura, disse Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), acrescentando que o grupo aguarda resposta do governo.

As ações da Profarma (PFRM3, R$ 5,65, +2,54%) também sobem forte, até 6,5%, com o estudo para a oferta primária de ações da d1000.

JBS (JBSS3, R$ 22,95, +2,82%)

Na visão do Credit, o período entre abril e junho será um trimestre para recordar para a JBS – ou seja, que pode não se repetir nos próximos trimestres.

“Isso pode levar alguns investidores a se perguntarem por que comprar uma ação que está teoricamente no auge do ciclo? Embora entendamos essa preocupação, acreditamos que o momentum durará muito mais de um trimestre, com uma dinâmica favorável no segmento de carne bovina dos EUA (o gado não abatido no segundo trimestre será gradualmente consumido nos próximos trimestres, mantendo os custos sob controle) e de carne suína ( mercado favorável de exportação e grande rebanho suíno), e de frangos. Além disso, o nível mais depreciado do real deve ajudar a compensar parcialmente a pressão de custo sobre a Seara. Continuamos otimistas com JBS”, avaliam os analistas.

Ainda no radar, exportadores brasileiros de carne de frango e suína estão propondo testar todos os embarques que chegam à China para provar que as cargas são seguras para consumo e evitar mais proibições do país asiático.

As empresas exportadoras seriam responsáveis pela realização dos testes por amostragem segundo proposta feita ao Ministério da Agricultura, disse Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), acrescentando que o grupo aguarda resposta do governo.

Vale (VALE3, R$ 56,37, -0,35%)

A Vale levantou US$ 1,5 bilhão com uma nova emissão de títulos no mercado externo. A operação foi feita pela subsidiária Vale Overseas Limited.

Os títulos (bonds) vencem em julho de 2030 e irão pagar um “yield” (retorno) de 3,85% ao ano ao investidor. Segundo comunicado, a Vale pretende aplicar os recursos levantados em “finalidades corporativas em geral”.

A mineradora está acessando o mercado de títulos no exterior pela primeira vez em três anos, depois que a alta dos preços do minério de ferro ajudou a devolver o rendimento dos seus títulos a níveis recordes de baixa.

Even (EVEN3, R$ 12,44, +0,32%)

A construtora Even apresentou suas prévias operacionais do segundo trimestre de 2020. No período, a companhia registrou vendas líquidas de R$ 301 milhões, uma queda de 38,9% em relação aos R$ 493 milhões do mesmo período de 2019. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, houve aumento de 17,5% nas vendas. A velocidade de vendas (VSO) ficou em 14% no segundo trimestre deste ano, ante 20% no mesmo período do ano passado, e 12% no primeiro trimestre.

A companhia fez dois lançamentos entre abril e junho, ambos no Rio Grande do Sul, com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 171 milhões, contando somente a participação da Even. No ano, a companhia registra cinco lançamentos, com VGV de R$ 266,5 milhões. Também houve a entrega de 2 empreendimentos no trimestre, como valor de vendas de R$ 202 milhões.

A Even registrou R$ 50 milhões em distratos no segundo trimestre, valor 32,4% menor que no mesmo período de 2019. Em três meses, o recuo foi de 29,5%. A relação entre distratos e venda bruta subiu de 13,1% para 14,3% em um ano, mas caiu na comparação com os 21,8% no primeiro trimestre.

Por fim, a construtora adquiriu dois terrenos entre abril e junho, por meio de permuta, um em São Paulo e outro no Rio Grande do Sul. O valor potencial de vendas soma R$ 132 milhões. O banco de terrenos encerrou junho em R$ 6,8 bilhões em VGV potencial.

O Credit Suisse avaliou os dados da Even como positivos e vê potencial de valorização dos papéis da incorporadora. Os analistas destacaram as vendas líquidas e o desempenho medido pelo VSO. “Vale lembrar que os estandes de vendas estavam fechados e a confiança do consumidor em baixa. Os lançamentos vieram mais fracos e mostram a cautela dos players do segmento de renda média”, avaliaram em relatório a clientes.

Para o Credit Suisse, a Even deve mostrar uma aceleração dos lançamentos no segundo semestre. O banco classifica a empresa como “outperform”, com preço-alvo de R$ 16.

Azul (AZUL4, R$ 21,50, -2,49%)

A companhia aérea Azul demitiu cerca de mil funcionário, principalmente tripulantes, para tentar se ajustar ao novo cenário imposto pela pandemia do novo coronavírus, segundo reportagem da agência Reuters.

Esse número de demissões equivale a pouco mais de 7% do quadro de funcionários da empresa ao final de março.

A companhia aérea também abriu um programa envolvendo demissão voluntária (PDV) e licença não remunerada. A Azul informou que a adesão superou os 2 mil funcionários.

A companhia aérea tem retomado alguns voos. Ainda assim, a expectativa é que em agosto a empresa ainda estará operando ao equivalente a 35% da malha pré-crise.

Profarma (PFRM3, R$ 5,65, +2,54%)

Já o Grupo Profarma anunciou que contratou um grupo de bancos para coordenar potencial oferta primária de ações do seu braço de varejo d1000, que reúne as redes Drogasmil, Farmalife, Drogarias Tamoio e Drogaria Rosário.

O d1000 foi criado em 2015 para consolidar as atividades de varejo do grupo. A possível oferta tem como intenção fortalecer essa área, que já conta com 300 lojas.

CVC (CVCB3, R$ 20,28, -6,93%)

A CVC comunicou que está em tratativas internas finais sobre termos e condições definitivos de uma operação de capitalização da companhia para fortalecer sua posição financeira diante dos desafios da pandemia, disse a companhia em comunicado. O comunicado não traz detalhes adicionais sobre a possível capitalização.

A CVC diz que “até o presente momento” não foi possível finalizar elaboração das demonstrações financeiras de 2019 e das informações intermediárias do primeiro trimestre. A companhia trabalha para concluir demonstrações financeiras de 2019 e informações intermediárias para apresentá-las até 31 de julho.

A evolução dos processos de revisão e reconciliação relacionados aos erros contábeis indicam impacto potencial na receita líquida de vendas de aproximadamente R$ 350 milhões e inclui exercícios anteriores a 2015 até 2019. A companhia estima ser possível recuperar cerca de R$ 55 milhões em tributos pagos indevidamente.

Leia também:
CVC: erros contábeis indicam impacto potencial de ajustes nas vendas de R$ 350 mi

Sobre os efeitos da pandemia, a CVC diz que as perspectivas para retomada das atividades do setor indicam impossibilidade de recuperação de certos ativos, levando à necessidade de registro de provisão para impairment no primeiro trimestre de 2020 de aproximadamente R$ 475 milhões referentes a ativos intangíveis e R$ 81 milhões referentes a créditos de tributos diferidos.

Os cancelamentos de viagens atingiram R$ 96 milhões até 30 de junho e geraram perdas relativas a valores já pagos pela CVC e que não são recuperáveis de aproximadamente R$ 13 milhões. O atual cenário econômico gerou incremento da inadimplência de clientes correspondendo a R$ 72 milhões, com baixa expectativa de recuperação.

A companhia tem saldo de aproximadamente R$ 380 milhões junto a companhias aéreas, referentes a bilhetes já pagos e que podem gerar perdas adicionais caso alguma companhia encerre suas operações sem honrar ou transferir bilhetes para outra empresa.

Renova (RNEW11, R$ 10,04, +2,45%)

A Renova Energia entrou com dois pedidos de recuperação judicial na segunda-feira. O objetivo é melhorar a estrutura da companhia e atender aos credores.

O primeiro plano é exclusivo às sociedades do Projeto Alto Sertão III – Fase A, vinculadas ao financiamento originalmente obtido junto ao BNDES.

O outro contempla a companhia e as demais sociedades em recuperação judicial do Grupo Renova, em trâmite perante 2º Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca do Estado de São Paulo.

Petrobras (PETR3, R$ 22,76, -1,68%; PETR4, R$ 22,23, -1,24%)

A Petrobras inicia fase não vinculante para venda de termelétricas. A fase não vinculante refere-se à venda da participação da companhia em cinco sociedades de geração de energia elétrica: Brasympe, Suape II, TEP, CEM e Brentech, segundo comunicado ao mercado.

A Petrobras detém 20% da Brasympe, 20% da Suape II, 20% da TEP, 40% da CEM e 30% da Brentech. A operação está alinhada à estratégia de otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da empresa, disse a estatal.

Suzano (SUZB3, R$ 36,19, -1,92%) e Klabin (KLBN11, R$ 20,59, -0,24%)

do lado das commodities, os preços de celulose de fibra curta na China tiveram queda forte na semana (queda de US$ 14,70 a tonelada), para US$ 445,90 a tonelada.

“No longo prazo, acreditamos que os níveis de preço atuais não sejam sustentáveis, na medida em que se encontram há muito tempo abaixo do custo marginal (cerca de US$500a tonelada).  Adicionalmente, esperamos que uma recuperação da demanda na China seja gatilho para um movimento de recomposição de estoques”, apontam os analistas da XP.

Invepar (IVPR3B)

A Invepar divulgou os dados do desempenho de suas concessões durante o segundo trimestre e, como era esperado, todos os empreendimentos sofreram retração no número de usuários em razão das medidas de isolamento social adotadas para conter o avanço do coronavírus no país.

No Gru Airport, o número de passageiros ficou em 1,116 milhão, uma queda de 88% na comparação com igual período de 2019, com uma retração maior no segmento internacional.

O mesmo ocorrer com pousos e decolagens, a queda foi de 82%, para 11.839 movimentações. No transporte de carga, o recuo foi um pouco menor, de 52%, para 35,7 mil toneladas.

Apesar da queda, a concessionária mostrou uma recuperação dos números de junho na comparação com maio.

Já na mobilidade urbana, a Invepar viu o número de passageiros pagantes cair 79% no segundo trimestre, para 8,972 milhões na Linha 1 e 2 do Metrô do Rio. Na Linha 4, a queda foi de 81%, para 2,425 milhões de pagantes.

Multiplan (MULT3, R$ 22,40, -1,75%) e JHSF (JHSF3, R$ 9,77, +3,72%)

As administradoras de shoppings seguem adaptando suas operações de acordo com a evolução da pandemia do novo coronavírus nas cidades em que operam.

A Multiplan informou que seus shoppings na cidade de Jundiaí (SP) operam com horário restrito e com funcionamento apenas de serviços essenciais. As demais operações podem atender aos clientes apenas na modalidade “delivery” e “drive-thru”.

A JHSF Participações também informou que suspendeu as operações do Catarina Fashion Outlet, localizado na cidade de São Roque, na região de Sorocaba (SP). A medida atende às exigências da prefeitura local.

Ambipar

A fixação do preço das ações da Ambipar ocorre no dia 10 de julho. Com a demanda, a oferta pode ultrapassar o R$ 1 bilhão e o valor do papel ficar acima do piso da faixa indicativa, que ficou estabelecida entre R$ 18,75 e R$ 24,75.

Cosan (CSAN3, R$ 73,50, -4,27%), Cosan Logística e Cosan Limited

A Cosan Ltd. tem recomendação elevada pelo analista de HSBC Alexandre Falcao para compra de manutenção. O preço-alvo de US$ 20,30 implica potencial de alta de 14% em relação ao último fechamento.

Ainda em destaque, a Cosan, Cosan Logística e Cosan Limited informaram que além da organização societária em curso, uma eventual realização de oferta pública inclui todas as controladas e co-controladas dessas empresas.

“Qualquer uma delas poderá vir a ser capitalizada, conforme necessidade específica do negócio, sendo que as mesmas poderão ocorrerem paralelo ao processo de reorganização das companhias”, segundo fato relevante enviado à CVM.

Na sexta-feira, a Cosan anunciou a aprovação de reorganização societária das empresas que fazem parte do grupo pelos respectivos conselhos de administração. Agora, esse processo precisa ser aprovado por acionistas para que a Cosan se torne uma holding única, incorporando Cosan Limited e a Cosan Logística, controladora da Rumo.

Os acionistas das três empresas passarão a deter ações da Cosan (holding), que continuará sendo controlada pela Aguassanta, veículo de investimento da família de Rubens Ometto.

Arcos Dorados

A Arcos Dorados informou que as vendas da rede de restaurantes McDonald’s no Brasil caíram 46,3% no segundo trimestre deste ano na comparação com igual período de 2019.

No consolidado da Arcos Dorados, que inclui operação em outros países, a queda foi de 51% na mesma base de comparação.

Os analistas do Bradesco BBI destacaram que é positivo para a Arcos ter uma participação relevante de lojas de rua (47% do total), o que pode contribuir para que a empresa apresente uma recuperação mais forte. Além disso, a companhia conta com 1.500 restaurantes que operam no sistema de delivery.

“Acreditamos que esses canais ajudarão a Arcos a se recuperar à medida que os bloqueios forem suspensos e o consumo começar a se recuperar”, avaliaram.

Em 6 de julho, 86% dos restaurantes da empresa no Brasil estavam operando em pelo menos um canal de vendas. No consolidado, a fatia é de 88%.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.