Ação da BRF cai 4% após venda de ativos desagradar; Vale e Petrobras têm baixa de cerca de 2%

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (7)

Lara Rizério

Planta da BRF (Divulgação)

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SÃO PAULO – O mercado passou por dois sustos na sessão desta quinta-feira (7): após chegar a subir 1,06% em um movimento de recuperação depois do pior pregão desde a greve dos caminhoneiros, o Ibovespa passou a cair mais de 1% com perspectivas de adiamento da reunião entre EUA e China para discutir o acordo comercial, chegou a zerar as perdas, mas depois voltou a cair com o boletim médico de Jair Bolsonaro apontando para um quadro de pneumonia. Contudo, o índice amenizou as perdas no final do pregão, fechando em leve queda de 0,24%. 

O  grande destaque do noticiário corporativo continua sendo a Vale, que seguiu em queda após a baixa de quase 5% na véspera, também acompanhando o cenário externo mais negativo. Enquanto isso, as ações da BRF tiveram baixa de 4% após a venda de ativos. 

Depois do fechamento do mercado, IRB Brasil (IRBR3), Lojas Renner (LREN3) e BR Properties (BRPR3) divulgam resultados do quarto trimestre. Além disso, após a forte queda da véspera, as ações de bancos como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) subiram.  Confira os destaques do mercado na sessão desta quinta-feira: 

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Vale (VALE3)

A Vale sabia de falha em sensores de barragem antes de acidente, segundo aponta o G1, citando troca de e-mails entre dois profissionais da mineradora e duas empresas ligadas à segurança da barragem de Brumadinho. À Bloomberg, a mineradora enviou uma nota em que dizia se abster de “fazer comentários sobre particularidades das investigações de forma a preservar a apuração dos fatos pelas autoridades”, e que a cia. está colaborando com as autoridades.

A Vale ainda confirmou, na reta final do pregão, a decisão da Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais) que cancelou autorização provisória para a cia. operar a barragem de Laranjeiras, na mina de Brucutu. O cancelamento da autorização tem impacto estimado de aproximadamente 30 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, conforme a companhia já havia informado anteriormente. A Vale diz que adotará medidas administrativas e judiciais cabíveis contra a decisão. A Secretaria de Meio Ambiente de MG ainda suspendeu mina Jangada, que já estava paralisada.

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Em meio ao cenário de acúmulo de incertezas, os ADRs da Vale foram rebaixados para equal-weight pelo Morgan Stanley, com o preço-alvo sendo colocado em revisão. Já o Credit Suisse reduziu o preço-alvo em US$ 3, para US$ 15,50. “Ainda mantemos o outperform, pois ainda enxergamos 28% de upside, mas acreditamos que as próximas semanas podem trazer mais noticias negativas, aumentando a volatilidade do papel e reduzindo o apetite do investidor”, destacam os analistas do banco suíço. 

Ainda sobre a tragédia, a Vale pediu mais tempo para analisar o texto do TAP (Termo de Ajuste Preliminar), que define obrigações para adoção de medidas emergenciais e reparadoras por danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). O TAP foi proposto à mineradora durante audiência ontem na 6ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte. Uma nova audiência ficou marcada para dia 14 de fevereiro.

Na audiência, a Justiça mineira determinou a transferência, em caráter de urgência, para o governo de Minas Gerais, de R$ 13,44 milhões para cobrir os valores gastos até agora pelo Executivo estadual com medidas emergenciais.

Petrobras (PETR3;PETR4)

Após forte queda da véspera, os papéis da Petrobras seguiram o movimento de baixa e fecharam com queda de mais de 1%, acompanhando o petróleo, com o WTI em baixa de quase 2,5% em meio aos temores com a guerra comercial entre EUA e China. 

No noticiário da companhia, em entrevista ao Valor, o CEO da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a estatal prevê investimentos de US$ 16 bilhões em 2019, crescimento de 23% ante os aportes previstos para 2018. Segundo Castello Branco, os investimentos estão concentrados nas atividades de exploração e produção do pré- sal. 

Ele ainda afirmou que não há ativos inegociáveis na Petrobras e que pretende rever a política de dividendos trimestrais. Castello Branco afirmou que, em um momento em que realiza esforços de desalavancagem, a empresa não vê espaço para uma política mais agressiva de distribuição de dividendos. “Não consigo [pagar dividendos mais elevados antes de desalavancar a empresa]”, afirmou. “Tenho que [neste momento] seguir a obrigação legal [de distribuição de dividendo]”.

Castello Branco também disse que espera chegar até o fim do mês a um entendimento com o governo sobre a negociação da cessão onerosa. Por esse contrato, em 2010, a União cedeu à Petrobras o direito de produzir até 5 bilhões de barris no pré-sal como parte da capitalização da empresa. O acordo entre as partes deve destravar a realização do leilão dos excedentes da cessão onerosa (volumes descobertos que ultrapassam os 5 bilhões de barris). Segundo o CEO da estatal, o leilão deve ocorrer até fim deste ano

A estatal avalia ainda romper contratos firmados nos governos anteriores, principalmente com grandes grupos de teatro e cinema e com a imprensa profissional. Na nova gestão, o dinheiro deve ir para as redes sociais e artistas menos conhecidos, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. 

Sobre a cessão onerosa, o Bradesco BBI destacou que é uma boa notícia para a Petrobras, uma vez que o acordo de transferência de direitos pode acontecer antes do esperado, gerando um gatilho de curto prazo para a ação. “No entanto, reconhecemos que ainda existem outros marcos a serem alcançados antes da assinatura do acordo de contrato – principalmente a aprovação do Projeto de Lei de Transferência de Direitos no Senado. A quantia a ser recebida pela Petrobras também é fundamental para que as notícias sejam bem recebidas pelo mercado. Assumimos US$ 8 bilhões em nosso modelo”, avaliam os analistas. 

BRF (BRFS3)

A BRF chegou a cair 6,04% na mínima do dia ao concluir a venda total de ativos no seu processo de desalavancagem por R$ 4,1 bilhões, ante expectativa de R$ 5 bilhões. Segundo a empresa, o descompasso com a projeção anterior poderia ser atribuído a incertezas acima do esperado nas economias da Europa e da Argentina.

Hoje, a companhia anunciou ter celebrado acordo com a Tyson International Holding Co. estabelecendo os termos e condições para a alienação de 100% das ações detidas pela BRF em unidades de processamento de alimentos e abate de aves localizadas na Europa e Tailândia. Segundo fato relevante divulgado na manhã desta quinta-feira a transação considerou um “enterprise value” das empresas de US$ 340 milhões. 

O Itaú BBA afirmou que esperava uma venda desses ativos por US$ 480 milhões. “A BRF comprou esses ativos em 2015 por US$ 410 milhões, e o mercado não esperava que a venda chegasse abaixo do valor de aquisição na época. Além disso, a empresa mencionou na teleconferência de hoje que o guidance de alavancagem proposto em junho de 2018 seria postergado e iria para 5 vezes no quarto trimestre de 2018 e 3,65 vezes no quarto trimestre de 2019, o que traz uma percepção de risco maior sobre a desalavancagem mais lenta que o esperado”, avaliam os analistas. 

De acordo com a companhia, a conclusão do negócio ainda aguarda a verificação de algumas condições precedentes, incluindo a aprovação pelas autoridades regulatórias. 

Com a venda, a companhia estima que a razão entre dívida líquida/Ebitda ajustado ficará em torno de 5 vezes no quarto trimestre de 2018, incluindo os efeitos pro forma de todas as vendas de ativos já anunciadas, e chegando a 3,65 vezes no quarto trimestre de 2019, “o que representa um adiamento de seis meses para o alcance das metas divulgadas em junho de 2018”, conclui a empresa.

Em teleconferência, a BRF reiterou o foco na contínua desalavancagem e a expectativa de fluxo de caixa positivo em 2019. Além disso, a empresa espera melhoria dos resultados operacionais com reversão da queda de margem esse ano e volta à média histórica em 2020. O mercado doméstico já apresenta melhora, com preços mais robustos, enquanto a empresa poderia buscar parcerias para investir na Europa e na Arábia Saudita. Não há previsão de investimentos inorgânicos nos próximos 3 anos – apenas investimentos para manutenção e melhorias operacionais. A empresa reiterou ainda que está confortável com sua situação de caixa e que não precisará de caixa adicional após as inciativas alcançadas.

“Mantemos nossa recomendação neutra para BRF. Apesar de esperarmos recuperação de resultados, vemos a ação negociando a 10.5 vezes o EV/EBITDA 2019 e 8 vezes o esperado para 2020, justa em nossa visão”, avalia a XP Research. 

Sabesp (SBSP3)

Em evento realizado pela XP Investimentos nesta quinta-feira, o secretário da Fazenda e Desenvolvimento de São Paulo Henrique Meirelles voltou a falar sobre os cenários para a Sabesp. Meirelles afirmou, em entrevista ao InfoMoney durante o evento, que a prioridade para a estatal de saneamento continua sendo a privatização, desde que haja uma  mudança na legislação federal de saneamento. Contudo, na lei atual, a melhor opção é a capitalização. 

Sobre o assunto, ele afirmou que aguarda definição do Congresso. Caso ocorra a privatização, a estimativa é de uma arrecadação de pelo menos R$ 10 bilhões.

Fertilizantes Heringer (FHER3)

Após ter registrado uma derrocada de 30,41% na terça-feira com o pedido de recuperação judicial e estender suas quedas na véspera, as ações da Fertilizantes Heringer registraram uma sessão de alta. 

Isso porque a 2ª Vara da Comarca de Paulínia (SP) aceitou o pedido de recuperação judicial da empresa. “A companhia ressalta que o processo de recuperação judicial representa um novo passo em seu processo de reestruturação financeira, administrativa e operacional, e possui como objetivo permitir a continuidade dos negócios desenvolvidos pela Heringer”, afirmou a empresa no comunicado.

Com o deferimento do pedido, todas as ações e execuções atualmente em curso contra a companhia são suspensas pelo prazo de 180 dias corridos.

Usiminas (USIM5)

As negociações para a venda do negócio de mineração da siderúrgica Usiminas travaram, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo com fontes a par do assunto. As conversas foram interrompidas na semana passada, poucos dias após o rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que pertence à Vale.

Avaliada em cerca de R$ 1 bilhão, a venda da Mineração Usiminas (Musa) é uma das prioridades da companhia mineira para reduzir seu pesado endividamento, de R$ 5,9 bilhões. No ano passado, o grupo contratou o BTG Pactual para vender os 70% da participação que detém na Musa. Os outros 30% pertencem ao conglomerado japonês Sumitomo.

Entre os potenciais interessados no ativo estão a ArcelorMittal e a Ferrous, que foi comprada pela Vale no fim do ano passado. O banco estava na fase de recebimento das propostas. A expectativa era concluir as negociações até julho. O grupo Sumitomo, que adquiriu sua participação na Musa em 2010, tem o direito de preferência pela compra do ativo, mas não manifestou interesse pelo negócio.

Klabin (KLBN11)

A Klabin registrou um lucro líquido de R$ 913 milhões no quarto trimestre de 2018, revertendo o prejuízo de R$ 83 milhões no mesmo período de 2017. A receita líquida de vendas subiu 21% na mesma base de comparação, passando de R$ 2,298 bilhões para R$ 2,785 bilhões, impulsionada pelo aumento no volume de vendas e melhor cenário de preços.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado apresentou um crescimento de 33% no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2017, enquanto a margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) subiu 4 pontos percentuais, a 41%. 

Ao final de dezembro a relação dívida líquida/Ebitda foi de 3,1 vezes, redução de 0,3 vezes se comparada ao final do terceiro trimestre de 2018.

Braskem (BRKM5)

Segundo o Valor, a Odebrecht, controladora majoritária da Braskem, já admite internamente que, para vender a petroquímica à holandesa LyondellBasell, terá de receber parte do pagamento em dinheiro, e provavelmente uma parcela maior do que chegou a indicar ao longo das conversas. A Odebrecht preferiria receber toda sua fatia em ações da companhia europeia, listada na Bolsa de Nova York, e estimava que ficaria com cerca de 10% da empresa resultante da união.

Recomendações

No radar de recomendações, a Gafisa (GFSA3)  teve a recomendação reduzida a ’underperform’ pelo BB Investimentos, enquanto a Tenda (TEND3) foi rebaixada a market perform pelo mesmo banco. A Ultrapar (UGPA3), por sua vez, foi rebaixada a ’neutra’ por Safra, com preço-alvo de R$ 61.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.