Ação da Americanas (AMER3) fecha em alta de 12,68% na primeira sessão fora do Ibovespa, mas segue abaixo de R$ 1

Noticiário para a varejista segue movimentado, com investidores de olho nos próximos passos da recuperação judicial

Equipe InfoMoney

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Em seu primeiro dia fora do Ibovespa, as ações da Americanas (AMER3) tiveram uma sessão de alta nesta segunda-feira (23) , fechando com ganhos de 12,68%, a R$ 0,80. Ou seja, ainda abaixo de R$ 1, seguindo como “penny stock”.

A sessão prometia ser novamente de volatilidade para os ativos, como na sexta-feira, quando as ações chegaram a subir 18%, mas fecharam em queda de 29%, a R$ 0,71, também levando em conta o baixo valor dos ativos (assim, mudanças de centavos podem levar a grandes variações percentuais). Vale destacar que, percentualmente, a ação subiu forte nesta segunda, mas ficou bastante longe do fechamento de R$ 12 do dia 11 de janeiro (quando foram reveladas as inconsistências contábeis); desde então, os papéis já caíram mais de 93%.

Os últimos dias foram cheios de notícias para a companhia, após o pedido de recuperação judicial na quinta-feira.

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Na noite de domingo, na primeira manifestação pública desde que estourou o rombo contábil de bilhões, o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência da companhia, negou conhecimento prévio sobre as “inconsistências”, que levaram as ações da empresa a derreterem na bolsa.

“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país”, afirmaram.

Antes disso, após protocolar seu pedido de recuperação judicial, a Americanas teve novamente um rebaixamento do rating pelas agências de classificação de risco entre quinta à noite e sexta à tarde. A Fitch anunciou o corte dos ratings da varejista de “C” para “D”, destacando em nova nota que a companhia tornou-se inadimplente em suas obrigações financeiras.

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A Moody´s também rebaixou a nota de crédito da Americanas de “Caa3” para “Ca”, assim como as notas globais seniores sem garantia emitidas pelas subsidiárias integrais JSM Global e B2W Digital, cujo rating foi colocado em observação negativa. A agência de classificação de risco destacou que os acionistas da empresa não foram capazes de capitalizar a organização a tempo, e que o rating pode ser elevado caso a varejista obtenha sucesso na reestruturação da dívida com os credores, destaca a Levante.

Após o pedido de RJ, a Americanas foi excluída dos 14 índices da B3 dos quais fazia parte. A partir desta segunda, as ações da Americanas continuam sendo negociadas na Bolsa, porém, sob o título Recuperação Judicial, um segmento especial onde ela passará a publicar informações.

O próximo passo agora, destaca a Levante, é a entrega da primeira versão do plano de reestruturação que a empresa precisa apresentar em até 60 dias, com todas as medidas que deverão ser adotadas para o rebalanceamento da estrutura de capital. É nessa etapa que ocorre a negociação das dívidas, conversão de dívidas em ações e uma injeção de capital, que, no caso das Americanas, poderá ser inicialmente de R$ 10 a 15 bilhões. “Nessa fase, a companhia deve fazer todo esforço possível para levantar capital, devendo realizar o desinvestimento de diversos ativos”, aponta.

“Com relação ao caixa, a companhia deve buscar agora cerca de US$ 2 bilhões em uma linha de financiamento chamada de Debtor in Possession, ou DIP, que é um tipo de instrumento que possibilita que empresas em processo de RJ consigam obter recursos o mais rápido possível para manter suas operações. Assim como foi feito no processo de recuperação da Latam, os credores que liberam esse financiamento ficam no topo de prioridades para recebimento no caso de uma liquidação da organização”, avalia.

Os bancos Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) foram os primeiros a retirar os bloqueios aos recursos da Americanas na sexta-feira (20). O juiz Paulo Assed Estefan, que acatou o pedido de RJ da varejista, determinou que os bancos credores não utilizem o dinheiro da Americanas para compensação de dívidas. A exceção fica somente com o BTG (BPAC11), que conseguiu uma liminar para manter os recursos de R$ 1,2 bilhão.

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“Apesar de não poder acessar os recursos do BTG, a liberação dos recursos por parte dos demais bancos credores dá à Americanas um pouco mais de fôlego para manter de pé suas operações, à medida que trabalha na reestruturação das dívidas”, avalia a casa de análise.

“Esperamos que as ações continuem sofrendo com alta volatilidade, já que as medidas de uma RJ normalmente acabam diluindo os acionistas. Além disso, ressaltamos que o processo de uma RJ é demorado, levando no mínimo 2 anos, porém, muitas vezes excede esse prazo, como foi no caso da Oi (OIBR3), em que o processo durou mais de 6 anos. Dentro do processo, os advogados acabam conseguindo dilatar bastante os prazos, e as Assembleias são marcadas e remarcadas
estrategicamente por várias vezes, como forma de manobra para arrastar esse prazo”, destacou a Levante.

Cabe destacar que, na manhã desta segunda, a Capital Research informou que reduziu a participação que administra em ações ordinárias de emissão da Americanas para um total de 36.770.436 ações ordinárias, que representam 4,07% das ações ordinárias da varejista.