A Previdência não é o maior problema; o cenário externo é, diz Márcio Appel

Para o gestor, sócio da Adam Capital, os riscos do mercado internacional estão sendo subestimados pelos investidores. Ele diz ainda que a reforma da Previdência pode ajudar, mas o crescimento da economia brasileira independe disso

Giuliana Napolitano

Márcio Appel, sócio fundador da Adam Capital

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O gestor Márcio Appel, sócio da Adam Capital, continua otimista com a recuperação da economia brasileira. Para ele, o crescimento do PIB neste e no próximo ano independe da reforma da Previdência – ainda que sua aprovação possa “tornar as coisas mais fáceis”.

“É claro que a reforma é importante e necessária, porque muda o patamar de crescimento de longo prazo do país. Mas não concordo com quem diz que seria uma tragédia se ela não fosse aprovada. Alguns diziam que 2018 seria uma tragédia sem a reforma: ela não passou e não foi um desastre”, disse Appel, um dos principais gestores de fundos multimercado do país, ao InfoMoney.

O grande risco para o país, na visão de Appel, é a piora do cenário externo, algo que está sendo subestimado pela maioria dos investidores. “O ambiente está se deteriorando de forma marcante, com níveis menores de crescimento em muitas regiões. E os preços dos ativos não acompanharam isso”, afirma.

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Para o gestor, o discurso mais brando do Federal Reserve, o banco central americano, está agravando o problema. “O Fed está sustentando preços que não são compatíveis com a situação atual”, disse. “Isso está contribuindo para deixar os investidores otimistas, quando deveríamos estar vendo uma correção dos mercados.”

Investimento em ações

Os investimentos da Adam refletem essa avaliação mais positiva sobre o Brasil e pessimista com o cenário externo. Apesar de Appel acreditar que a bolsa brasileira subiu bastante nos últimos meses, seus fundos continuam aplicando em ações aqui. “O nível de preço está mais frágil, há menos espaço para novas altas, mas o mercado ainda tem potencial para valorizar”, afirma.

O gestor também acredita que os juros deveriam estar mais baixos no Brasil. “Não concordo com a visão de que as taxas atuais são um estímulo à economia. A recuperação ainda é anêmica”, diz. Na sua opinião, o Banco Central deveria estar preocupado com isso.

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Lá fora, seus principais investimentos estão na bolsa, mas via uma estratégia long and short – de compra e venda combinada de ações. Ele também acredita que as moedas de países emergentes devem desvalorizar, em meio à deterioração do cenário internacional. “Estamos vendidos no mercado externo, em resumo”.

Depois de um período complicado em 2018, em que o rendimento dos principais fundos da Adam ficou abaixo do CDI, a estratégia atual de gerou retornos positivos. O fundo multimercado Macro rendeu 4,35% em seis meses e o Advanced, 7,6% — ambos acima do CDI.

“Cerca de 80% do rendimento do fundo, historicamente, vem dos mercados internacionais. A diferença, agora, é que temos posições opostas aqui e no exterior, por conta da nossa leitura do cenário”, diz Appel.

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Expectativa com a reforma da Previdência

Appel acredita que a reforma da Previdência será aprovada, mas “levará mais tempo do que a maioria das pessoas espera”. Para ele, o texto será aprovado entre o terceiro e o quatro trimestre de 2019.

“A proposta de reforma veio dentro do esperado. Mas, claro, deve haver mudanças no Congresso e ruídos ao longo da tramitação.”

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.