A nova investida de Trump que derrubou (mais uma vez) Ibovespa e Wall Street no dia

Ibovespa caiu 0,81%, amenizando as perdas ao reagir com a alta de VALE3

Estadão Conteúdo

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Mais um dia de queda para os mercados mundiais – e que também afetam a Bolsa brasileira.

Com os mercados globais ainda pressionados pelos desdobramentos em torno do protecionismo de Trump nos EUA, o Ibovespa seguiu em baixa de 0,81% nesta terça-feira, 11, aos 123.507,35 pontos no fechamento, o que reduz o ganho acumulado no mês a 0,58%. Nas duas primeiras sessões da semana, a leitura agregada é de -1,22% limitando o avanço do ano a 2,68%.

Nesta terça-feira, com giro a R$ 19,5 bilhões na B3, poucos carros-chefes do Ibovespa conseguiram se desvencilhar do viés negativo, como Vale (VALE3), que reagiu à tarde e encerrou em alta de 0,83%. Petrobras ON (PETR3) e PN (PETR4), por sua vez, caíram 2,06% e 1,50%, apesar da estabilização do petróleo na sessão.

Em entrevista à Energy Intelligence, durante a CERAWeek, uma das maiores conferências de energia do mundo, promovida pela S&P Global, em Houston (EUA), a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que os preços do petróleo para este ano devem variar entre US$ 70 e US$ 75 por barril – enquanto o plano de negócios da estatal previa a commodity a US$ 83. “Se começarmos a normalizar os fluxos de energia no mundo, suspender as sanções à Rússia, com mais produtores colocando petróleo nos mercados, o preço cairá”, disse Chambriard.

Entre os grandes bancos, as perdas foram a 2,11% (Santander Unit; SANB11) nesta terça-feira. Na ponta ganhadora, Automob (AMOB3; +4,00%), LWSA (LWSA3; +3,79%) e Vivara (VIVA3;+3,16%). No lado oposto, Marcopolo (POMO4;-4 46%), Auren (AURE3;-3,35%) e Pão de Açúcar (PCAR3;-3,25%).

“Dinâmica bem confusa nos mercados hoje, aqui, com juros futuros em queda, mas também no dólar frente ao real e da Bolsa. As expectativas estão mudando, com prêmio de risco cedendo ante a percepção de que há perda de força do governo para as próximas eleições, um movimento ainda muito especulativo pela distância temporal”, diz Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos.

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“Há um movimento de correção esperado, com muito prêmio ainda na parte longa da curva. Mas se olharmos o contexto mais amplo, também há uma baixa no dólar, com efeito para as bolsas americanas em correção de mais de 10% este ano, em que o S&P 500 está abaixo da média móvel de 200 períodos, ante Trump, o que não se via desde outubro de 2023”, acrescenta o analista, referindo-se a preços esticados nos Estados Unidos para os ativos – “agora em perda de momentum” com o “tarifaço protecionista” do presidente americano, que resulta em posições mais defensivas. Nesta terça-feira, o dólar fechou o dia em baixa de 0,69%, a R$ 5,8117.

Por outro lado, os “preços dos ativos ficaram tão baratos no Brasil que já começam a compensar o risco”, acrescenta Moura. “Precisamos dessa base macro mais favorável, em juros futuros e dólar, para que a Bolsa volte a subir com consistência.”

“Essa posição negociadora de Trump – especialmente Canadá e México, com os quais tem sido mais agressivo – começa a afetar a economia e a incomodar os mercados, resultando em aversão a risco um pouco mais elevada”, resume Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha investimentos, acrescentando que o Ibovespa acompanhou o mal-estar externo ao longo da sessão.

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Em publicação no X, antigo Twitter, nesta terça-feira, o novo líder do Partido Liberal do Canadá e primeiro-ministro, Mark Carney, afirmou que as novas tarifas de Trump contra o país são um ataque aos trabalhadores, famílias e empresas canadenses. “Meu governo garantirá que nossa resposta tenha o máximo impacto nos EUA e o mínimo impacto aqui no Canadá”, acrescentou Carney, que antes de chegar à liderança política do país presidiu tanto o Banco da Inglaterra como o do Canadá.

Por sua vez, após conversa com o secretário do Comércio americano, Howard Lutnick, o primeiro-ministro da província canadense de Ontário, Doug Ford, disse que as sobretaxas de 25% em eletricidade para os EUA foram suspensas temporariamente.

Pela manhã, Donald Trump anunciou tarifa adicional de 25% sobre o aço e o alumínio importados do Canadá, elevando a taxa total para 50%.

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Segundo ele, a medida respondia à tarifa previamente imposta por Ontário sobre a eletricidade enviada aos EUA. A nova alíquota já entraria em vigor na manhã de 12 de março, de acordo com o presidente norte-americano, mas agora à tarde ele mostrou também estar disposto a recuar, mais uma vez, após a mudança de posição de Ontário. “Podemos recuar nas tarifas de 50% sobre o Canadá”, afirmou Trump agora, no fim de tarde.

NY também em queda

 Os principais índices referenciais das bolsas de Nova York fecharam em queda nesta terça, com o Nasdaq perdendo força e virando para queda na reta final. O Dow Jones e o S&P 500 prolongaram a baixa da véspera com as tarifas sobre o aço e o alumínio do Canadá, enquanto a Tesla fez uma reposição apenas parcial do derretimento da sessão anterior.

O Nasdaq fechou em baixa de 0,18%, aos 17.436,10 pontos, após apagar ganhos nos minutos finais do pregão. Na véspera, o índice derreteu 4%. O Dow Jones encerrou com baixa de 1,14%, a 41.433 48 pontos após cair quase 900 pontos na segunda-feira. O S&P 500 terminou em queda de 0,76%, aos 5.572,07 pontos.

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A Tesla subiu 3,8%, após a gigante dos veículos elétricos cair 15% enquanto os investidores consideravam a possibilidade de recessão nos EUA e um analista de Wall Street reduzia a sua previsão para as entregas da empresa no primeiro trimestre. Nesta terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, apareceu ao lado do CEO da empresa, Elon Musk, após dizer que pretende comprar um veículo da Tesla, em sinal de apoio ao dono da montadora.