A “maldição” de maio na bolsa de valores vai se repetir?

A chamada 'maldição' é tratada como superstição pela maioria dos especialistas - mas esse fenômeno de perdas se repete no Brasil

Estadão Conteúdo

(Victoria Gnatiuk/Getty Images)

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Há um ditado inglês que provoca pavor nos investidores globais do mercado de ações: “sell in may and go away” (venda em maio e vá embora, em uma tradução livre). Essa história remete à Bolsa de Valores e aos potenciais prejuízos no quinto mês do ano. O Stock Trader’s Almanac, que estuda os ciclos do mercado americano de ações, fez um levantamento sobre o comportamento do índice Dow Jones desde 1950. O resultado mostra por que maio é considerado “maldito”.

No período quente do ano no Hemisfério Norte, o retorno médio era de apenas 0,3% ante uma rentabilidade de 7,5% nos meses frios. Essa diferença foi válida até 2013. Desde então, a longa expansão da economia dos EUA distorceu os números – mais de 120 meses consecutivos de crescimento. “Maio marca o começo do verão nos Estados Unidos e muitos investidores vendem suas posições quando não vão acompanhar o mercado financeiro nas férias”, diz Ernani Reis, analista da casa de análise Capital Research.

A chamada ‘maldição’ de maio é tratada como superstição pela maioria dos gestores, analistas e investidores experientes. Mas esse fenômeno de perdas se repete no Brasil. Desde 1995 (primeiro ano completo do Plano Real), o principal indicador da B3 acumula 17 quedas em maio em 25 anos – ainda falta ver se 2020 ampliará essa liderança.

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É o mês com a maior quantidade de baixas e, também, com o pior retorno médio (-1,39%). Além disso, os negócios na Bolsa diminuem. Desde 2004, foram realizadas 360 aberturas de capital (IPO) de empresas ou ofertas secundárias (follow on) de ações, mas apenas nove delas ocorreram em maio.

“Um período mais longo mostra a correlação existente entre a Bolsa brasileira com o mercado americano, mas isso mudou a partir dos anos Dilma Rousseff, com a recessão no País e o crescimento nos EUA”, afirma Marco Saravalle, analista independente de investimentos. “Nos últimos anos, o Joesley day (divulgação da gravação de Joesley Batista com o ex-presidente Michel Temer), em 2016, e a greve dos caminhoneiros, em 2018, acabaram sendo os fatores extraordinário que intensificaram as quedas em maio.”

Com a alta de 2,74% na sexta-feira passada, o retorno no mês está apenas 0,3% negativo e não há uma indicação clara de como pode ser o resultado final. Há motivos para esperar um resultado diferente, principalmente porque os investidores estrangeiros já têm se afastado da Bolsa brasileira. No início de março, eles remeteram para o exterior US$ 45 bilhões, o equivalente a todo o ano de 2019.

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“Nosso maio veio em março passado, quando o Ibovespa caiu 29,9%”, diz Ricardo Almeida, CEO da Bradesco Asset Management (Bram). “Minha visão é cautelosa e otimista. Pode até ser um mês de recuperação, um maio mais tranquilo desde que a gente não tenha mais episódios extraordinários como em 2016 e 2018.”

No entanto, é preciso analisar que os dados macroeconômicos do Brasil e do mundo começarão a vir à tona ao longo do mês, desde o tombo no PIB do primeiro trimestre, que será um indicativo para a projeção dos próximos trimestres, até os resultados financeiros das empresas, que não devem surpreender positivamente os analistas.

Além dos indicadores globais de novos casos de covid-19, a tensão entre Estados Unidos e China continua no radar. “Maio vai reforçar a má fama? Há uma série de fatores que são mais negativos e estou preocupado”, afirma Inácio Ponchet, sócio da gestora BLP Asset Mangement. “Minha posição é mais defensiva e cautelosa, pois pode ser um mês de muita realização.”

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