A crise internacional alcançou a todos, mas alguns personagens são maiores

Bancos Centrais, governos keynesianos e instituições financeiras protagonizam; investidores assistem

Rodolfo Cirne Amstalden

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SÃO PAULO – Por mais criativas, as formas de contar a história da economia internacional neste ano estão condicionadas à crise. Começando no subprime, estendendo-se à iliquidez, à insolvência, e alcançando variáveis macro, a crise preencheu todas as lacunas.

Mesmo assim, entre essa imagem difusa, alguns personagens são maiores. Os Bancos Centrais, os Governos e as Instituições Financeiras fizeram-se protagonistas, por bem ou por mal. Já aos investidores, na maioria, coube o papel de assistir a prejuízos alheios e próprios, mas não sem o direito de reclamar.


Salvadores
Liderados pela equipe de Ben Bernanke, os Bancos Centrais tomaram para si a missão de amenizar os impactos da crise. Resolver não daria, era admissível. Mas com linhas de swap cambial, compras de títulos impopulares e, principalmente, ajustes no juro, o pior foi disfarçado.

A Fed Funds Rate caiu 4,25% a.a. ao final de 2007 para um intervalo irrisório, de 0,25% a 0,00%. A taxa básica do Japão, que já era pequena, provou-se ainda menor: de 0,5% para 0,1%. E até as resistentes autoridades monetárias de Inglaterra e Zona do Euro acompanharam a tendência, mesmo que em menor ritmo.

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Keynesianos
Keynes voltou às manchetes durante o ano, dada a necessidade de intervenção governamental quando as coisas pioram. Um pacote de US$ 700 bilhões nos EUA encontrou todos os destinos possíveis: ajudar bancos, montadoras, comprar títulos hipotecários e refinanciar dívidas.

Discussões sobre cifras gigantescas apareceram também na Europa, onde o consenso é mais difícil. Um pacote de € 200 bilhões certamente ajudaria, mas com claros efeitos colaterais sobre o orçamento. Ciente do impacto intertemporal, a Inglaterra se adiantou ao já falar da disciplina nos próximos anos. Ajuda agora com sacrifício à frente.



Culpados & Vítimas
O Bear Stearns foi o primeiro grande castigo da crise. Quebra, venda compulsória do que restou, o fim de 85 anos de história. E caberia menos, não fosse o financiamento do Fed para deixar os despojos com o JP Morgan.

Na repetição da cena, agora a cargo do Lehman Brothers, o Deus Ex Machina não apareceu. Com isso veio a falência, em meados de setembro, para desespero de credores e acionistas. Eles confiavam em um banco que sobrevivera a todos os percalços do século XX.



espectadores
Uma série de notícias ruins, envolvendo culpados e vítimas. E algumas reconfortantes, graças às intervenções. Nessa média viesada para baixo, os investidores assistiram à desordem de seus ativos, alternada por tímidas doses de sobriedade.

Bolsas acumulam baixas anuais de dois dígitos, Treasuries registram o menor rendimento da história, commodities não ousam mais seguir seu superciclo e o dólar parece indeciso. Portanto, figuraram muito mais como espectadores que como expectadores.

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