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Em um ano bastante positivo para o Ibovespa, com alta de 34,1%, aos 161.127,44 pontos, poucas ações fecharam o ano com baixa. O destaque negativo ficou com a Raízen (RAIZ4), cuja ação está na casa dos centavos; na sequência, esteve a Hapvida (HAPV3) e a Natura (NATU3). Cinco ações caíram mais de 30% no período: além das já citadas, estão também a Braskem (BRKM5) e a Cosan (CSAN3).
17 ações fecharam o ano em queda; confira abaixo as principais:
Raízen (RAIZ4): queda de 61,97%
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A Raízen vem de uma série de eventos que pressionaram o papel, como combinação de um desempenho operacional mais fraco com alto nível de endividamento.
De acordo com Tales Barros, líder de renda variável da W1 Capital, pelo ponto de vista operacional, a queda no preço do açúcar e a margem média do negócio agrícola e de energia impactam a receita. Consequentemente, há uma perda de mercado no negócio de distribuição de combustível, o que acaba reduzindo volume e margem nessa linha, explica Barros.
“Além disso, a gente pode observar o nível de endividamento em um ambiente de juros alto ali na máxima dos últimos quase 20 anos, em 15% a.a., e alguns desinvestimentos que acabam gerando muito mais incerteza do que um certo alívio financeiro. Isso acaba nesse cenário de incerteza principalmente com preocupação macroeconômica e um mercado um pouco mais volátil”, afirma.
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Nos últimos meses, a Raízen começou a dar passos em direção à reestruturação, com alterações na estrutura de capital e operacional. Diversas agências de rating cortaram as projeções para a companhia.
No fim de novembro, a Moody’s Ratings atribuiu rating de crédito corporativo familiar (CFR) Ba1 à Raízen e retirou os ratings de emissor de longo prazo Baa3 da Raizen S.A. e da Raizen Energia. Simultaneamente, a agência rebaixou de Baa3 para Ba1 a classificação das notas seniores não garantidas de US$ 187 milhões com vencimento em 2027, emitidas pela Raizen Fuels Finance e garantidas pela Raizen S.A. e pela Raizen Energia. Os ratings permaneceram sob revisão para possível rebaixamento.
O rebaixamento do rating de crédito para Ba1 refletiu, segundo a agência, a deterioração dos indicadores de crédito da Raízen, a alta alavancagem e a geração contínua de fluxo de caixa negativo. O nível atual de endividamento continua a impor restrições significativas aos negócios, dificultando a capacidade da Raízen de manter a geração de caixa positiva.
A Moody´s observou que o negócio de etanol de açúcar, em particular, exige investimentos de capital relativamente grandes para sustentar a qualidade das plantações e a produtividade agrícola, além de estar exposto a riscos consideráveis, incluindo condições climáticas. Ademais, nas safras de 2025/26 e 2026/27, espera que os preços do açúcar permaneçam baixos e que haja maior pressão de baixa sobre o etanol, com o etanol de milho aumentando a oferta total de etanol durante o período de entressafra.
Hapvida (HAPV3): baixa de 54,75%
As ações da Hapvida registraram fortes perdas no ano em meio aos fracos resultados e sinais de problemas nas sinergias após diversas aquisições nos últimos anos.
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O movimento ocorreu uma vez que o segmento de planos de saúde, especialmente o de genéricos e planos individuais, enfrentou aumento da concorrência, o que levou a necessidade de oferecer maiores descontos e promoções para manter a base de clientes. Isso pressionou as margens da Hapvida, reduzindo sua rentabilidade.
A empresa enfrentou crescimento significativo nos custos por usuário, incluindo despesas relacionadas a judicializações e reclassificações contábeis, que elevaram os custos operacionais e impactaram os resultados financeiros.
A pressão sobre as ações foi especial em meados de novembro, após a divulgação dos dados do 4T. Apenas na sessão do 14 de novembro, os papéis HAPV3 caíram incríveis 42%, levando a uma série de quedas nas projeções para o clube.
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Natura (NATU3): desvalorização de 40,26%
Resultados negativos e dificuldades na integração estiveram entre os fatores que afetaram as ações da Natura em 2025. Somente no dia 11 de novembro, dia seguinte à divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25), os papéis recuaram 15,65%.
O primeiro ponto é sobre o contexto macroeconômico, que continua restritivo, com o encarecimento do crédito e a diminuição do poder de compra dos brasileiros, que, por precaução, consomem menos, especialmente bens não essenciais como os que a Natura comercializa.
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Além disso, existem questões internas da companhia que afetaram bastante a confiança do mercado na tese da empresa. “A definição em relação ao destino da Avon – que agora está parcialmente resolvido com a venda da Avon CARD e com o anúncio do acordo vinculante para venda da Avon International ex-Rússia – era algo que o mercado esperava desde o início de 2024”, apontou o BB Investimentos.
Soma-se a isso a Onda 2 de integração das duas marcas que ainda está em processo no México e na Argentina. “As sinergias e as oportunidades desse movimento estão tomando mais tempo do que o esperado pelo mercado para aparecer. Questões específicas do mercado argentino, como a hiperinflação e a adaptação à transição da revista em papel para uma 100% digital, também impactaram as operações da região”, avaliou o BB Investimentos.
Em relatório recente, o JPMorgan ressaltou que a pressão sobre a Avon em mercados como Brasil, México e Argentina continua a limitar a performance do grupo. A integração regional trouxe ganhos de rentabilidade, mas ainda não o suficiente para mudar a trajetória recente.
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Braskem (BRKM5): baixa de 34,09%
As ações da Braskem passaram por uma verdadeira montanha-russa em 2025 e fecharam com fortes perdas. Em setembro, a ação chegou ao seu menor nível em 15 anos, com os investidores vendo riscos de liquidez da companhia em meio a consequências do acidente geológico em Alagoas e as dúvidas quanto à venda do seu controle por parte da Novonor, antiga Odebrecht – assunto que já se estende por anos sem uma resolução.
O movimento de baixa foi intensificado após a empresa informar ter contratado assessorias financeira e jurídica para avaliar a situação e encontrar alternativas a fim de melhorar seu desempenho, sendo um sinal para o mercado de que a petroquímica poderia começar um processo de reestruturação da sua dívida. Isso aumentou ainda mais a incerteza sobre a companhia.
Também em setembro, a S&P rebaixou o rating da petroquímica para ‘brA-‘ na escala local, ante ‘brAA-‘. Além disso, a perspectiva foi alterada para ‘Negativa‘, ante ‘CreditWatch com implicações negativas’, indicando a expectativa de outro rebaixamento nos próximos meses, se não houver uma recuperação significativa nos resultados.
A visão era de que o fluxo de caixa da Braskem seguisse pressionado nos próximos trimestres, mesmo com as iniciativas para melhorar sua rentabilidade e preservar liquidez, como redução de custos, racionalização de investimentos e possível venda de ativos.
Enquanto as incertezas sobre a venda do controle movimentaram boa parte de 2025, o fim do ano trouxe mais definições sobre o tema. A IG4 passará a deter o controle da fatia da Novonor na empresa em uma operação de R$ 20 bilhões. A transação já foi submetida ao Cade.
E, conforme destaca o Broadcast, a petroquímica trabalha para evitar um calote de cerca de US$ 140 milhões relativos a juros de títulos de dívida emitidos pela companhia no exterior (bonds). Para isso, deve dar início às conversas no começo de janeiro com um grupo ad hoc de bondholders, um comitê de negociação que está sendo estruturado.
Segundo a apuração, o primeiro vencimento está previsto para dia 10 de janeiro e, caso esse compromisso não seja cumprido, a Braskem fica inadimplente e tem 30 dias para realizar o pagamento, sob o risco de aceleração de todas as suas dívidas, sendo que o endividamento bruto da empresa é de aproximadamente US$ 8,4 bilhões, com prazo médio de nove anos.
O dilema é pagar e usar recursos em um momento de transição, e delicado financeiramente, ou dar o calote e entrar em um ambiente mais tenso, com pouco tempo para organizar uma prevista reestruturação da companhia. Por enquanto, a decisão de não pagamento, que foi levantada no início de novembro, não foi tomada, disse uma fonte da agência.
Cosan (CSAN3): queda de 33,67%
A Cosan também registrou um período de forte queda em 2025. Nos últimos anos, conforme ressalta o BTG Pactual, a Cosan fez muitos investimentos bem-sucedidos que resultaram em um dos portfólios mais distintos do Brasil, detendo participações de controle em negócios líderes e irreplicáveis nos setores de energia, infraestrutura e agricultura. Desde a pandemia, a Cosan entrou em um ciclo intenso de investimentos, tanto no nível da holding quanto das subsidiárias, marcado por dois erros de grande magnitude.
O primeiro foi o plano de expansão da Raízen, com cerca de R$ 20 bilhões em capex de expansão (mais de 3x o tamanho do IPO), mas que não resultou em aumento de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). O segundo foi o investimento na Vale (VALE3), que resultou em uma perda estimada de R$ 7,5 bilhões. Além disso, o aumento das taxas de juros para 15% fez com que o custo desses investimentos fosse ainda maior.
Assim, a companhia anunciou um aumento de capital em novembro, com o objetivo de melhorar a estrutura de capital da holding e reduzir a alavancagem. A operação se deu em um momento em que os fluxos de dividendos das subsidiárias caíram abaixo do crescente ônus da dívida, em meio a menores pagamentos devido ao ciclo de capex e a despesas financeiras relevantes no nível da holding. A oferta subsequente resultou em uma injeção de capital de R$ 10,5 bilhões.
Conforme apontou o BTG, a dívida líquida no nível da holding deve cair para R$ 14,1 bilhões, ante R$ 21,6 bilhões, incluindo R$ 6,5 bilhões em ações preferenciais.
O BTG tem visão positiva para as ações da Cosan após a forte queda, tendo recomendação de compra. Isso porque, após anos de pesados investimentos, a visão do banco é de que a companhia parece pronta para mudar de marcha e entrar em um novo ciclo de geração de caixa, abrindo espaço para uma renovada criação de valor.
“Apesar da recente pressão sobre o balanço patrimonial, o grupo ainda controla um dos portfólios mais diferenciados do Brasil, com participações em negócios líderes e irreplicáveis. A recente injeção de capital restaurou o equilíbrio na estrutura de capital. A Cosan agora tem não apenas patrimônio líquido, mas, mais importante, uma história renovada: uma mudança de uma tese de desalavancagem para ser reconhecida como uma empresa que agrega valor a longo prazo. Estimamos que a CSAN3 seja negociada com um desconto de 34%”, avalia.
Confira as ações do Ibovespa que caíram em 2025:
| Ticker | Valor (R$) | Variação no Ano (%) |
| RAIZ4 | 0,81 | -61,97% |
| HAPV3 | 14,73 | -54,75% |
| NATU3 | 7,45 | -40,26% |
| BRKM5 | 7,89 | -34,09% |
| CSAN3 | 5,32 | -33,67% |
| BRAV3 | 16,84 | -29,15% |
| RECV3 | 11,32 | -27,71% |
| VAMO3 | 3,23 | -27,09% |
| SUZB3 | 51,45 | -15,77% |
| RAIL3 | 14,76 | -13,43% |
| PETR3 | 32,57 | -11,85% |
| KLBN11 | 18,76 | -9,94% |
| PETR4 | 30,82 | -7,53% |
| AZZA3 | 25,16 | -4,98% |
| BBAS3 | 21,92 | -4,57% |
| WEGE3 | 48,51 | -3,08% |
| SLCE3 | 16,05 | -0,12% |