3G Capital não está planejando nenhum acordo para breve, diz Financial Times

Jornal britânico ouviu pessoas familiarizadas com as operações da 3G, em meio aos rumores de que a gestora estuda comprar a Diageo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Segundo informações do jornal britânico Financial Times, que ouviu pessoas familiarizadas com os negócios da 3G Capital, fundo comandado pelos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, eles estão sempre vendo opções para um negócio, mas não estão planejando nada para breve.

No final da tarde da última sexta-feira, o mercado foi surpreendido com a notícia da coluna Radar Online, da Veja, de que a 3G estuda comprar a maior fabricante de destilados do mundo, a Diageo. Com isso, os papéis da Diageo chegaram a disparar 9%. 

Porém, antes de subir forte na Bolsa, as ações da Diageo tinha desempenho inferior ao estavam registrando um desempenho bem inferior ao do índice FTSE 100. A ação da companhia subiu 16%, enquanto o índice de bens de consumo do índice subiu 27% desde julho de 2013, quando Ivan Menezes se tornou executivo-chefe tendo que encarar uma série de problemas. 

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Impostos mais altos atingiram vendas no Quênia e na Indonésia, enquanto na Índia o grupo enfrenta uma parceria confusa com Vijay Mallya. Na China, uma repressão do governo sobre o consumo deprimiu os negócios, embora as vendas tenham melhorado recentemente.

O jornal britânico destaca que a Diageo, que tem um valor de mercado de 44 bilhões de euros, disse que não comenta rumores de mercado e especulação, assim como a 3G.

Para Lemann e seus sócios, falar de uma aquisição Diageo vem em meio a expectativas de que a AB InBev está se preparando para fazer mais uma aquisição considerável, porque está se desalavancando rapidamente após a aquisição da Modelo, a empresa de cerveja mexicana com valor de US$ 20 bilhões, em 2012. No entanto, o alvo de mais rumores é que haja a aquisição da SABMiller do Reino Unido.

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E as dúvidas dos analistas seguem bem grandes sobre se a  3G Capital realmente comprará a Diageo, dona de marcas como Johnnie Walker, Smirnoff, Guinness, Ciroc e José Cuervo. 

Conforme destaca o analista Martin Deboo, da Jefferies, é preciso ver com uma certa dose de cautela esta notícia. Isso porque, para realizar uma leveraged-buyout (transação onde se adquire o controle acionário de empresa e uma parcela significativa do pagamento é financiada através de dívida), a 3G teria que levantar 48 bilhões de euros, ou US$ 73 bilhões, mais do que o dobro da maior operação já realizada deste tipo, em 2007, de US$ 32 bilhões. 

Além disso, o estilo da 3G Capital tem sido a de manter uma pequena participação direta nas empresas que investe e olhar para a Berkshire Hathaway, que irá fazer o “trabalho pesado”. A 3G investiu diretamente apenas US$ 3 bilhões no Burger King, US$ 4 bilhões na Heinz e US$ 5 bilhões na fusão Heinz/Kraft. E a Diageo tem um caminho muito longo a seguir, mesmo que Warren Buffett esteja envolvido.

O que pode ser mais provável é que a 3G esteja contemplando apoiar um movimento para adquirir a Diageo pela AB Inbev, a maior cervejaria do mundo, mas que resultaria em uma alavancagem muito alta para a empresa. O fundo brasileiro tem cerca de 20% de participação na companhia.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.