3 anos após regulação, mercado brasileiro soma 21 fundos de criptomoedas e R$ 2,7 bi; conheça as opções

Mercado de fundos de índice (ETFs) também tem ganhado tração e soma cinco produtos negociados na Bolsa brasileira, B3

Rodrigo Tolotti Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – As criptomoedas vêm ganhando cada vez mais atenção de investidores e do mercado financeiro, conquistando espaço na carteira de brasileiros que buscam uma maior diversificação do portfólio e de gestoras, que ampliam sua fatia na classe diante dos retornos atrativos.

E, além de uma maior exposição direta às moedas digitais, o mercado brasileiro tem visto uma expansão de produtos financeiros que replicam índices de cripto ou que possuem criptoativos na carteira, permitindo ao investidor pessoa física uma exposição à essa classe, mas com valores mais baixos e com uma diluição dos riscos, dada a maior diversificação das carteiras.

Há três anos, essa indústria que hoje só cresce era apenas incipiente, dando os primeiros passos em setembro de 2018, após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter permitido que fundos brasileiros passassem a investir também em criptomoedas.

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Ainda que não tenha sido direcionada para o setor cripto como um todo, este foi o primeiro tipo de regulamentação voltada para moedas digitais no Brasil, permitindo a criação de produtos financeiros regulados na área, mesmo que indiretamente, como fundos de investimento e fundos de índices (ETFs) de criptomoedas.

Antes de pegar tração, em setembro de 2020, o mercado brasileiro contava com apenas nove fundos do tipo disponíveis para investimento. Desde então, esse número mais que dobrou, chegando a 21, considerando os mais recentes fundos lançados por XP e Rico na última sexta-feira (1).

Para critério de comparação, os fundos de cripto disponíveis em 2019 no Brasil somavam R$ 4 milhões e 371 cotistas. Já ao final de setembro deste ano, a base de cotistas era de quase 185 mil, com R$ 2,7 bilhões em ativos.

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“Esse comparativo entre janeiro de 2019 e setembro de 2021, por si só, já demonstra a robustez do mercado como um todo, principalmente se considerarmos que frequentemente fundos de cripto figuram nos rankings mensais de fundos mais rentáveis”, afirma Fernando Carvalho, CEO da QR Capital.

Já Bruno Sousa, diretor jurídico e de compliance da Hashdex, destaca que esses três anos mostraram que as normas estabelecidas pela CVM foram bem sucedidas em permitir o desenvolvimento do mercado cripto. “Isso tem sido super positivo, o que mostra que o mercado realmente queria produtos com essas características e a nossa visão é que os lançamentos devem continuar a aumentar”, avalia.

Vale lembrar que a instrução 555 da CVM também determinou regras sobre o quanto os fundos podem se expor a ativos no exterior, que é o caso das criptomoedas.

Por conta disso, os fundos para investidor de varejo possuem apenas 20% de exposição em criptomoedas, enquanto os outros 80% estão em títulos de renda fixa. Isso garante uma proteção maior para esse grupo de investidores, evitando maior volatilidade dos preços. Por outro lado, em um cenário de disparada, os ganhos também são menores.

Confira os fundos disponíveis para investidores de varejo no Brasil:

Além desses, a XP e a Rico acabam de lançar mais dois fundos passivos voltados ao público em geral. O Trend Cripto Dólar FIC FIM, que replica o índice de criptoativos da Nasdaq, o Nasdaq Crypto Index (NCI), enquanto o fundo Trend Bitcoin Dólar FIC FIM investe exclusivamente em Bitcoin (BTC).

Ambos têm aplicação inicial de R$ 100, com taxa de administração de 0,5% ao ano, sem proteção cambial ou taxa de performance (clique aqui para saber mais).

A porcentagem de exposição em cripto aumenta quando o fundo é voltado para investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão investido) ou profissionais (mais de R$ 10 milhões), que sobe para cerca de 40% no mínimo, chegando até 100%.

Confira os fundos disponíveis para investidores qualificados e profissionais no Brasil:

A regulação da CVM e o surgimento dos fundos de criptos ajudou a democratizar o acesso dos investidores a esse mercado, com a possibilidade de deixar na mão de gestores especializados a condução do investimento em moedas digitais, com opções tanto de gestão ativa (com gestores escolhendo a dedo os ativos, de forma a superar o benchmark) quanto passiva (que replica o desempenho de um índice).

Além disso, ainda em março de 2019, a CVM ampliou sua atuação e apoio a ao mercado cripto ao publicar a portaria n° 48, estabelecendo a possibilidade de um sandbox (ambiente de testes de projetos) regulatório para produtos financeiros, usando blockchain e criptoativos.

A previsão de anúncio dos primeiros projetos selecionados era para março de 2021, mas o prazo foi adiado e na última sexta foram divulgados os três projetos aprovados, incluindo um para o desenvolvimento da primeira exchange baseada em tokens.

ETFs

Desde abril deste ano, o investidor passou a contar também com a opção de investir nos chamados fundos de índices, mais conhecidos como ETFs.

A primeira opção disponível foi o Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice (HASH11), da gestora Hashdex, que rapidamente se tornou um dos maiores da Bolsa. O fundo encerrou agosto como o segundo maior do país em número de investidores, com 126.071 cotistas, ficando pouco atrás do iShares Ibovespa Fundo de Índice (BOVA11), que foi lançado em 2008 e tinha 126.095 investidores em agosto.

Além de possuírem taxas menores que os outros fundos, os ETFs conseguem ter exposição de 100% a criptoativos e grande acessibilidade, com investimento inicial da cota partindo da ordem de R$ 10 (com mínimo exigido de 100 cotas).

Em pouco mais de cinco meses desde a entrada do HASH11, outros quatro ETFs já foram lançados no Brasil, totalizando três da gestora Hashdex e dois da QR Asset Management.

Confira os ETFs disponíveis no Brasil:

O lançamento desses fundos tem sido fundamental para o entendimento dos investidores sobre a diversificação da carteira. Especialistas ressaltam que criptoativos estão descorrelacionados com o mercado tradicional, servindo até como forma de proteção em momentos de choque, como ocorreu em março de 2020.

Em geral, a avaliação é que o investidor não exceda os 5% de exposição na carteira em moedas digitais, e com a opção dos fundos, é possível controlar melhor os riscos e sofrer um impacto menor da volatilidade, mesmo que isso mitigue um pouco os ganhos também.

Com isso, investidores mais conservadores conseguem entrar no mundo das criptos com mais segurança, passando a explorar e conhecer melhor o mercado antes de decidir abrir uma conta em uma corretora de criptomoedas (exchange) e se aventurar sozinho.

“O mercado de cripto cresce continuamente e está cada vez maior. Ele já se firmou como uma classe de ativos, mais do que isso, a importância dessa tecnologia começa a ser percebida, então ainda tem muito espaço, muita coisa para acontecer, e o melhor sinal disso é o numero de cotistas do HASH11”, diz Sousa.

“A gente aguarda o desenvolvimento normal do mercado e vê com muito bons olhos a postura da CVM desde o começo desse processo”, conclui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.