Investidores não se animam com boas notícias para Estácio e “futuro sombrio” faz ação despencar

O mercado repercute negativamente a receita operacional e a queda na base total de alunos da Estácio

Weruska Goeking

Fachada da Estácio, uma das empresas da Yduqs (Divulgação)

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SÃO PAULO – As ações da Estácio (ESTC3) despencaram até 12,8% para R$ 19,79 no pregão desta quinta-feira (8), no menor nível intradiário desde 14 de agosto de 2017, após a companha divulgar os resultados do terceiro trimestre. 

A Estácio teve uma receita operacional de R$ 852,9 milhões no terceiro trimestre, enquanto o lucro líquido ficou em R$ 194,3 milhões; já o Ebitda somou R$ 274,6 milhões. A companhia teve alguns pontos positivos, apontaram analistas, como a geração de caixa e o crescimento da receita, além da queda das despesas por aluno. 

Mas o grande destaque do balanço, que leva à forte baixa dos papéis, ficou com a queda de 25% da captação de alunos no ensino presencial, levando a uma baixa de 10% da base de alunos dessa modalidade. 

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Em teleconferência, a companhia destacou que focou em uma estratégia de precificação ao invés de volumes de matrículas e que ela tem se mostrado correta para manter margens – tal foco deve ser mantido. Porém, para os próximos períodos, a companhia também deve se concentrar em volumes para reverter a tendência de queda dos últimos trimestres. 

Mesmo com a forte queda dos papéis após o resultado, muitos analistas estão otimistas com a ação da companhia. Apesar de ressaltar o declínio significativo no número de ingressos à graduação no campus, o Itaú BBA segue com recomendação de outperform (o equivalente a compra), apontando que a fraca admissão verificada é compensada pela forte expansão da margem. 

Já segundo o BTG Pactual, mesmo com o ciclo de queda dos ingressos ao campus sendo visto como preocupante e sem catalisadores positivos claros no curto prazo, o valuation já parece muito barato para ser ignorado. 

Vale destacar ainda que  o conselho de administração aprovou a distribuição de um dividendo extraordinário de R$ 400 milhões, o equivalente a R$ 1,332831678 por ação ordinária de emissão da Companhia, equivalente a um dividend yield (dividendo/preço da ação) de 6,45% com a queda desta quinta-feira.  As ações passarão a ser negociadas ex-dividendos a partir de 16 de novembro de 2018. 

Desta forma, com a ação registrando fortes perdas no ano, com baixa de 37% no acumulado ante alta de 13% do Ibovespa, muitos analistas veem oportunidade no papel.

Mas há também ponderações sobre a falta de catalisadores no curto prazo em um cenário de ânimo para a Bolsa e considerações sobre até onde a empresa pode crescer, ainda mais em meio a um cenário desafiador com o FIES. “O resultado foi bom por conta do corte de custos, mas isso é algo que não dá para perpetuar”, afirmou um gestor ao InfoMoney.

Ou seja, por enquanto, o mercado segue preferindo ficar longe do setor de educação, o que pode ser observado em outros movimentos de ações nesta sessão: os números da Estácio também impactam a Kroton (KROT3), que também registra forte queda nesta quinta. Assim, apesar do valuation barato, os investidores procuram por novos sinais de crescimento para investir nas companhias. 

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