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A temporada 2024/25 da Premier League chegou ao fim no último domingo com o título do Liverpool e com números que não apenas consolidam sua liderança entre os campeonatos nacionais da Europa, mas também reforçam a distância crescente em relação às demais ligas do continente. Com a maior média de público da temporada, recorde de vagas para a UEFA Champions League e um faturamento que supera em quase o dobro os rivais mais próximos, a elite do futebol inglês vive seu auge.
De acordo com o relatório anual da UEFA, The European Club Finance and Investment Landscape, os clubes da Premier League somaram na temporada uma receita impressionante de € 7,1 bilhões. Para efeito de comparação, os clubes da Bundesliga (Alemanha) e La Liga (Espanha), que ocupam a segunda e terceira posição no ranking, registraram ganhos estimados em € 3,6 bilhões cada — praticamente metade do volume movimentado pelos ingleses. Sozinhos, os ingleses ganham quase o mesmo que alemães e espanhóis juntos.
O impacto econômico reverbera diretamente dentro de campo. Além das tradicionais quatro vagas diretas para a Liga dos Campeões, a Premier League contará na próxima temporada com um número recorde de seis representantes na competição continental. A marca histórica foi possível graças ao bom desempenho coletivo dos clubes ingleses e ao título do Tottenham na Europa League, que garantiu mais uma vaga à elite europeia.
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Outro fator que impulsiona o domínio inglês é a capacidade de investimento. Em 2024, os clubes da Premier League lideraram, com folga, o ranking de transferências: mais de € 2,8 bilhões foram investidos em contratações. A Serie A italiana, segunda nesse quesito, ficou distante, com pouco mais de € 1,2 bilhão.
Uma dessas contratações que chamaram a atenção foi a de Vitor Reis, por exemplo. O zagueiro que nem era titular no Palmeiras foi comprado pelo Manchester City por 35 milhões de euros, o zagueiro mais caro da história do futebol brasileiro.
Claudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management Brasil, que gerencia a carreira do zagueiro ressalta a concorrência desleal para quem precisa competir com o mercado inglês.
“A Premier League é o campeonato nacional do mundo. A disparidade financeira em relação às demais ligas permite que os clubes ofereçam as melhores condições de trabalho aos atletas — desde gramados impecáveis até centros de treinamento de última geração. É o cenário ideal para quem quer competir e evoluir no mais alto nível”, afirma.
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Como NBA e F1
Essa superioridade estrutural e econômica cria um efeito de concentração dos principais talentos do futebol mundial. Para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports Brazil, esse fenômeno se assemelha a processos já consolidados em outros esportes.
“Existe uma tendência natural de aglomeração dos melhores em uma única competição, dando a ela o status de algo superior, de patamar distinto. O que se passa com a Premier League é, ainda que em um estágio incipiente, o que se passou no basquete com a NBA e com a Fórmula 1 no automobilismo. Hoje, jovens brasileiros, que já ignoram faz mais de uma década a possibilidade de serem ídolos nos clubes do Brasil, começam a ignorar grandes clubes europeus fora da Premier League, mencionando, com com pouca idade, que seu sonho é jogar na liga inglesa”, destaca Freitas.
O domínio da Premier League vai além dos balanços financeiros e da força técnica. Pela primeira vez na história, com exceção dos anos afetados pela pandemia de Covid-19, a liga inglesa superou a Bundesliga em média de público nos estádios. Até a penúltima rodada, os jogos da Premier League registraram uma média de 40.453 torcedores por partida, maior número da Europa na atual temporada.
O número reforça o vínculo do torcedor inglês com seus clubes e também o apelo global da liga, que movimenta bilhões em direitos de transmissão, patrocínios e turismo esportivo. A combinação de investimento, estrutura, visibilidade e ambiente competitivo criou uma liga praticamente à parte do restante da Europa.