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O Flamengo vive uma temporada em que o desempenho esportivo e a estratégia de negócios caminham juntos. Embalado por títulos, participação em competições da Fifa e um elenco com forte reconhecimento internacional, o clube tenta surfar a onda de internacionalização da marca e pode se tornar o primeiro do Brasil a ultrapassar R$ 2 bilhões em faturamento em um único ano. E nesta quarta-feira (17) o capítulo final dessa história acontece a partir das 14h diante do PSG na final do Intercontinental.
A projeção é sustentada pela combinação entre exposição global, organização financeira e crescimento consistente das receitas.
Para Luiz Guilherme, diretor de clubes e negócios da Agência End to End, o momento do Flamengo reflete uma lógica cada vez mais presente no mercado esportivo. “Em um cenário em que marcas competem cada vez mais por retenção, a lógica é: atenção, frequência e relevância viram moedas fundamentais. E o Flamengo tem conseguido avançar nesse jogo ao combinar ativos raros, como um elenco com nomes reconhecidos internacionalmente, com palcos globais que naturalmente puxam interesse, como as competições da Fifa.”
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Segundo ele, esse contexto amplia os pontos de contato do clube com o público internacional e acelera o processo de internacionalização da marca. “Além disso, ter atletas com diferentes nacionalidades ajuda a abrir portas em novos mercados e a atrair públicos que, sem esse vínculo direto, dificilmente estariam próximos do Flamengo”, completa.
A exposição recente ajuda a explicar esse alcance. Durante os meses em que a Copa do Mundo de Clubes esteve em disputa, o Google Trends registrou um aumento superior a 800% nas buscas pelo termo “Brazilian League” em todos os continentes, com exceção da América do Sul, com destaque para Europa e África.
Para especialistas, os dados reforçam que o futebol brasileiro saiu fortalecido fora de campo, impulsionado pela boa participação dos clubes. O elenco rubro negro também contribui diretamente para essa visibilidade, reunindo nomes com histórico no futebol europeu como Jorginho, Danilo, Alex Sandro, Samuel Lino, Emerson Royal e Saúl. Até o técnico Filipe Luís aparece como ativo simbólico, por ser considerado um dos principais laterais esquerdos da história do Atlético de Madrid.
Alexandre Vasconcellos, especialista em mercado de patrocínios e gerente regional da Flashscore no Brasil, destaca o peso reputacional dessa vitrine internacional. “Ganhar o respeito de torcedores e analistas internacionais é talvez o maior valor de marca possível de se obter ao participar de dois Mundiais, em especial pela representatividade da primeira Copa do Mundo de Clubes.”
Para ele, o que é construído em campo gera um valor duradouro. “A reputação do que é feito em campo transcende qualquer tipo de narrativa, pois cria real e duradouro valor nas pessoas que realmente se importam com a essência do jogo. Mas além de tudo isso, a missão principal é fazer ações sólidas fora dele, pra amplificar a marca deixada nas pessoas.”
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Os números financeiros acompanham essa expansão. Apenas com premiações em 2025, o Flamengo já garantiu R$ 422,3 milhões, valor que pode chegar a R$ 449,3 milhões caso conquiste a Copa Intercontinental, nesta quarta feira, diante do PSG. O título renderia mais R$ 27 milhões, em cifras que já incluem o prêmio do Campeonato Brasileiro, estimado em cerca de R$ 55 milhões. No acumulado da temporada, o clube caminha para superar a marca inédita de R$ 2 bilhões em faturamento, impulsionado também pelos resultados na Libertadores e pela exposição internacional.
Para Guilherme Bellintani, ex-presidente do Bahia e atual CEO da Squadra Sports, o domínio rubro negro é resultado de um processo de longo prazo. “A superioridade de Flamengo é fruto de duas coisas muito claras: tamanho econômico e organização, com as finanças equilibradas e a estrutura fortalecida, ampliando assim as receitas.” Ele lembra que a transformação começou há cerca de dez anos. “Eles se organizaram, reduziram ou quitaram dívidas, investiram em base e infraestrutura”, afirma.
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A distância para os concorrentes aparece com clareza nas receitas recorrentes. Na última temporada, o Flamengo arrecadou R$ 453 milhões com direitos de transmissão e R$ 417,7 milhões com publicidade e patrocínios. Em 2025, o balanço tende a ser ainda maior com o contrato da Betano, que passou a render R$ 268,5 milhões por temporada. Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, explica esse efeito em cadeia.
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“Clubes melhor administrados, no longo prazo, tendem a gerar mais receitas e reduzir custos. Com maior superavit, eles tendem a formar equipes e elencos melhores”, diz. “Esses geram mais premiações e receitas com transferências, em um círculo virtuoso.”
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O reconhecimento internacional acompanha essa trajetória. Flamengo e Palmeiras foram indicados ao prêmio de melhor clube do mundo no Globe Soccer Awards, ao lado de gigantes como Bayern de Munique, Barcelona, Chelsea e PSG.
A cerimônia acontece no dia 28 de dezembro, em Dubai. Em meio a cifras recordes e visibilidade global, o Flamengo tenta transformar desempenho esportivo em consolidação definitiva como marca internacional.