Embraer tem risco/retorno atraente e pode pagar dividendo especial em 2019

Bradesco BBI atualizou a recomendação da ADR da empresa para compra com upside de 49%

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Após longo período de cautela, Embraer começa a ser vista como oportunidade no mercado, com possibilidade de pagamento de dividendo “especial” em 2019. A opinião é de Victor Mizusaki, analista do Bradesco BBI, que atualizou a recomendação da ADR (American Depositary Receipts) da empresa para compra nesta quarta-feira, com upside de 49% em 2018 (de US$ 23 para US$ 29).

Ainda que diga respeito à ADR, o relatório publicado por Mizusaki e sua equipe tem embasamento que pode ser replicado, em certa medida, para o papel negociado na bolsa brasileira (EMBR3), já que diz respeito aos negócios da companhia.

Com assinatura prevista para 5 de dezembro, o acordo com a Boeing pode ser aprovado ainda em 2018, possibilidade que enche os olhos dos analistas, já que o presidente Michel Temer defendeu a joint-venture no passado. Ainda que haja atraso, o mercado assume probabilidade alta de aprovação pelo governo federal (entre 60% e 70%), já que tanto Haddad como Bolsonaro, líderes nas pesquisas de intenções de votos, sinalizaram em ocasiões diferentes que o fariam.

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Focado em aviação comercial, o negócio criaria uma nova empresa e daria à Boeing 80% do controle das operações da Embraer nesta frente. Por sua vez, a brasileira, mesmo mantendo 20% da companhia, não teria poder decisório, por exigência da Boeing.

Para os analistas, os ganhos em escala e o menor custo de capital decorrentes da joint-venture podem gerar sinergias de US$ 3,6 bilhões. O relatório do banco trabalha com aumento de 400 pontos-base na margem EBITDA da empresa (US$ 1,3 bilhão ou US$ 7 para cada ADR).

Enquanto isso, o preço dos papéis não está acompanhando este potencial, na visão dos especialistas. Desde o anúncio da joint-venture, o preço da ação da Embraer na bolsa brasileira caiu 20%, ou 25 pontos percentuais negativos na comparação com o desempenho do Ibovespa. É esta discrepância que cria o potencial de valorização de 49% para a ADR, de acordo com o relatório.

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“O valor atual da ação atribui zero valor patrimonial aos negócios de aviação executiva e defesa e/ou uma probabilidade de 42% que o acordo seja aprovado”, escreve o analista. “Ainda que essas duas divisões tenham reportado performance operacional decepcionante, os ganhos de escala em aviação comercial serão divididos com as outras áreas”, complementam.

Dividendos

Dos US$ 3,8 bilhões pagos pela Boeing no negócio, o BBI estima que a Embraer possa usar entre 24% a 48% (entre 27% e 53% de dividend yield) para pagar um dividendo especial aos acionistas em 2019: US$ 5 para cada ADR (listado pela sigla ERJ).

E sem acordo?

Sem a joint-venture, o cenário é outro. “Como companhia independente, a Embraer pode ser enfraquecida, apesar dos contratos com a Helvetic Airways para 100 E175s e com a United Airlines para 25 E175s”, escreve o analista. A justificativa é a diminuição de fatia de mercado para aeronaves de nova geração caiu para 18%, ante 60% dos pedidos líquidos para o E1. Nesta situação, o preço-alvo da ADR cai para US$ 10, na análise do banco.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney