Curva de juros: juros de curto prazo podem ser mais altos que os de longo prazo

Na maioria das vezes, juros de longo prazo são mais elevados que os de curto prazo; situação atual no Brasil é exceção

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Muitos investidores já escutaram a expressão “curva de juros”, porém este é um conceito que muita gente ainda não conhece de forma profunda. Antes de se aprofundar neste tema, vale a pena dar um passo atrás e entender melhor o funcionamento do mercado de renda fixa.
Quem investe em renda fixa sabe que os títulos têm um prazo para vencimento. Por exemplo, um CDB pode vencer em 30 dias, enquanto uma debênture pode ter um prazo muito mais longo. Mesmo dentro do mesmo tipo de aplicação, o prazo pode variar, com o investidor tendo opções para investir em CDBs de diversos prazos.

Juro varia de acordo com o prazo

Como os títulos têm prazos diferentes, é de se esperar que ofereçam rentabilidade diversa. Na maior parte dos casos, considerando o mesmo perfil de risco, a taxa tende a crescer ao longo do tempo. A analogia com o mercado de crédito é simples: você cobraria uma taxa mais alta para emprestar dinheiro para um amigo por um dia ou por um ano?
A princípio, o risco aumenta com o passar do tempo. No exemplo acima, possivelmente será mais fácil você receber seu dinheiro de volta em um dia do que em um ano, já que mais eventos podem acontecer em um intervalo de 365 dias do que de 24 horas.
No entanto, existem diversas situações, como a atual no Brasil e nos EUA, onde as taxas de curto prazo são mais altas do que as de longo prazo. Neste caso, temos o que é chamado, usando o jargão de mercado, de curva de juros invertida.

Curva de juros

Construir a curva de juros é simples, bastando ter ao menos dois prazos distintos. O gráfico abaixo é um exemplo de curva de juros: no eixo vertical, ficam as taxas de juros, com o eixo horizontal representando o prazo. Para obter a curva de juros basta “plotar’ e ligar os pontos.

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O exemplo acima mostra uma curva de juros normal, enquanto o gráfico a seguir evidencia uma curva de juros invertida. Um terceiro caso seria uma curva de juros plana, ou seja, onde as taxas de curto e longo prazo se equivalem.

Entendendo a curva

Se uma curva de juro, na maioria das vezes, reflete juros mais baixos no curto prazo do que no longo prazo, pelos motivos descritos acima, o que faria a curva ficar invertida? Porque um investidor aplicaria seus recursos em um prazo mais longo a uma taxa mais baixa do que recebe no curto prazo?
Para obter a resposta, vale a pena entender melhor os elementos que compõem a taxa de juro. A taxa nominal é composta por dois elementos: juros reais e expectativa de inflação. A primeira é determinada de acordo com o perfil de risco do investimento ou do tomador, enquanto a segunda varia ao longo do tempo, seguindo a perspectiva do mercado em relação ao desempenho futuro dos preços.
Portanto, uma curva invertida poderia indicar um conjunto de situações onde: o risco será menor do que o atual, a inflação deve cair ou uma combinação de ambas.
O perfil de risco pode mudar. Seria mais seguro emprestar dinheiro para alguém hoje ou, sabendo que esta pessoa receberá uma grande herança em seis meses, em um ano? Também a perspectiva de inflação pode se alterar. Caso o mercado acredite que a inflação será menor no futuro do que no momento atual, certamente isso poderia justificar juros de longo prazo abaixo das taxas de curto prazo.

Entenda situação atual

A situação atual no Brasil é um exemplo. Com o Banco Central adotando uma política de juros altos para manter a inflação sob controle e com o mercado apostando em uma melhora no perfil de risco brasileiro no futuro, a curva de juros é atualmente invertida no país.
Neste contexto, o mercado espera tanto uma melhora na qualidade de crédito, justificando juros reais menores, quanto uma queda da inflação. Isso pode ser verificado, por exemplo, na curva de juros futuros negociados na BM&F, que evidencia que o mercado trabalha com taxas mais altas hoje do que no futuro.