4 erros que podem comprometer a sua aposentadoria

Falta de entendimento das variáveis que influenciam a duração do patrimônio pode comprometer seu planejamento

Equipe InfoMoney

SÃO PAULO – Para a maioria das pessoas, o planejamento da aposentadoria termina quando elas deixam de trabalhar. Afinal, tendo acumulado uma reserva adequada, não seria mais preciso se preocupar com o futuro. Mas não é bem assim.

Ainda que o planejamento na fase de acumulação (como é conhecido o período no qual você ainda está na ativa e poupa para acumular um patrimônio) seja importante, ele não é suficiente para garantir seu futuro. Afinal, a sua tranquilidade vai depender da forma como irá administrar estes recursos após a aposentadoria: o que inclui não só a decisão de onde investir, como a definição do quanto sacar mensalmente.

O que afeta a duração do seu patrimônio?

São comuns os casos de aposentados que, animados com a maior disponibilidade de tempo, acabam sacando uma parcela significativa do seu patrimônio nos primeiros anos de aposentadoria, o que acaba comprometendo a sustentabilidade do patrimônio. Em outras palavras, se este ritmo de resgate for mantido, muito provavelmente o patrimônio não durará o tempo previsto.

De maneira geral, os especialistas em gestão patrimonial concordam que a duração do seu patrimônio será função de quatro fatores:

Taxa de resgate mensal

Deve ser expressa em termos do valor do patrimônio inicial, ou seja, aquele que você tiver acumulado ao se aposentar. Por mais que os juros no Brasil ainda sejam altos comparados aos padrões internacionais, isso não significa que você possa sacar integralmente o rendimento que obteve.

Em primeiro lugar porque, como já discutimos anteriormente, o patrimônio precisa ser preservado da erosão causada pela inflação. Além disso, é preciso conservadorismo na definição do retorno de longo prazo do seu patrimônio: o ideal é projetar que o patrimônio terá um retorno de 4% ao ano acima da inflação. Na prática isso equivale a dizer que você pode sacar até 4% do seu patrimônio sem comprometer a sua sustentabilidade.

Contudo, esta hipótese não assume um valor residual do patrimônio. Porém, caso o retorno da carteira seja maior, de 5% acima da inflação, o diferencial de 1% poderá ser deixado como herança para os seus beneficiários. Alternativamente, pode-se considerar este valor excedente como uma reserva para possíveis gastos extraordinários, sobretudo na área de saúde, que são bastante comuns no caso de pessoas idosas.

Forma como o patrimônio é investido

Ainda que, ao se aposentar, muito provavelmente a sua expectativa de vida supere os 10 anos, o que é considerado como sendo longo prazo, isso não significa, contudo, que não seja preciso rever a sua estratégia de investimento e reduzir a parcela direcionada a ativos de risco.

Afinal, você agora terá que viver da renda deste patrimônio, de forma que é importante dar preferência para ativos líquidos e de baixo risco, que possibilitem rápido redirecionamento caso o cenário econômico exija. Afinal, é preciso fazer seu dinheiro render após a aposentadoria.

Imagine, por exemplo, a situação de uma pessoa que acumulou um patrimônio de R$ 600 mil, e que se planejou para sacar 5% deste patrimônio no ano, o que equivaleria a R$ 30 mil. Imagine que este aposentado tenha 30% do seu patrimônio em ações, e que em determinado mês o Ibovespa registre queda de 5% e que o restante do patrimônio esteja em renda fixa rendendo 1,5% ao mês. O retorno no mês do patrimônio seria negativo de 2,7%.

Mesmo que esta perda seja temporária, como o aposentado vive da renda destas aplicações, terá que sacar o dinheiro. Como, diante da queda de valor da parcela investida em ações, ao final do mês o valor do patrimônio será menor, na prática o saque efetuado naquele mês será superior ao resgate planejado de 5%. Quanto mais tempo esta queda durar, maior será o volume de perdas realizadas, e mais difícil a recomposição do patrimônio.

Prazo de duração do patrimônio

Este prazo nada mais é do que a sua expectativa de vida. Mas, caso seja casado (a), o mais aconselhável é que considere a expectativa de vida do cônjuge mais novo. Ou seja, se você já tem 70 anos (expectativa é de 13,1 anos), mas o seu cônjuge ainda está com 65 anos (a expectativa é de 18,5 anos), é a expectativa dela que deve ser usada e não a sua.

Afinal, a menos que queira que ela volte a trabalhar quando você vier a falecer, o ideal é que o patrimônio dure enquanto os dois estiverem vivos. Um erro de cinco anos, que equivale à diferença de expectativa de vida entre o marido e a esposa, teria um impacto significativo no planejamento.

Voltando ao exemplo acima, imagine que o patrimônio de R$ 600 mil foi acumulado com a expectativa de renda 4% acima da inflação e para durar 20 anos. Neste caso, seria possível ter uma renda de R$ 3,6 mil. Mas se o prazo for 5 anos maior, esta renda cai para R$ 3,1 mil. Pode não parecer muito à primeira vista, mas quando acumulado pelo prazo de 20 anos, equivale a R$ 120 mil, que é a quantia que poderia ter deixado para a sua esposa viver após o seu falecimento.

Herança que pretende deixar

Ninguém tem obrigação de deixar herança para outra pessoa. Mas, em alguns casos, esta é uma meta pessoal, de forma que é preciso levá-la em conta. A forma mais fácil de assegurar um valor residual para o seu patrimônio, é sacar menos do que os 5% discutidos acima. Um resgate entre 3% e 4% do patrimônio permitirá que você assegure uma herança para os seus beneficiários sem maiores dificuldades.

Não é difícil ver que um erro na definição de alguma das variáveis acima pode comprometer significativamente sua qualidade de vida durante a aposentadoria. Exatamente por isso, mesmo que já esteja aposentado, e só agora tenha consciência de ter cometido alguns erros de planejamento, saiba que nunca é tarde para rever a sua estratégia de investimento.

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