Encontre as regiões sobrecompradas e sobrevendidas com o DMI

Alternativa ao IFR, indicador técnico utiliza a volatilidade dos preços para identificar os pontos de reversão do mercado

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Unanimidade dentro da análise técnica, o IFR (Índice de Força Relativa) ganhou espaço entre os investidores por ajudar a identificar pontos de reversão do mercado, principalmente nas famosas regiões sobrecompradas e sobrevendidas, característica mais marcante do indicador.

Desde 1978, quando Welles Wilder apresentou os conceitos por trás do IFR através do livro New Concepts in Technical Trading Systems, grafistas e interessados em análise técnica desenvolveram inúmeros artigos sobre sua principal função, mas poucos pensaram em implementá-lo, com o intuito de torná-lo mais preciso.

Poucos anos mais tarde, a entrada dos computadores no mercado financeiro e o interesse cada vez maior dos investidores em automatizar seus setups operacionais aguçaram o interesse de dois traders – Tushar Chande e Stanley Kroll.

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Até que, em 1994, Chande e Kroll publicaram o livro The New Technical Trader, guia indispensável na prateleira de qualquer trader, pois busca trazer uma visão mais contemporânea sobre a análise técnica ante a inserção da tecnologia no mundo das ações.

Em função da volatilidade
No início do livro, os autores criticam a abundância de indicadores técnicos disponíveis nas plataformas e a redundância destes em embasar seus cálculos nos preços, no volume ou nos dois. Como alternativa ao mais do mesmo, Kroll e Chande sugerem aos traders utilizarem métricas que envolvam a volatilidade, pois são capazes de reduzir o atraso dos indicadores baseados somente na variação dos preços e mais sensíveis às mudanças de tendência.

Não por acaso, Chande, em 1992, desenvolveu a média móvel variável, mais conhecida dentro da análise técnica como Vidya (Variable Index Dynamic Average), que introduziu junto à fórmula da média móvel exponencial a volatilidade do mercado.

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Na obra, os autores oferecem três novos indicadores técnicos de momentum, que, segundo eles, “reduzirão a fraqueza do IFR e de outros osciladores de momentum”. Dentre eles – Chande Momentum Oscillator, Stochastic RSI Oscillator e Dynamic Momentum Index -, vamos explorar o DMI (Dynamic Momentum Index), mais próximo à função do IFR.

Dynamic Momentum Index
Em relação aos dois outros indicadores, o DMI, segundo Kroll e Chande, está muito mais propenso a prover sinais consistentes de entrada em operações sem tendência, onde há maior dificuldade em se operar.

Assim como o IFR, o DMI é usualmente utilizado como um oscilador entre 30 e 70, região sobrevendida e sobrecomprada do mercado, respectivamente. A fundamental diferença está na inserção da volatilidade na composição da fórmula, a fim de captar mais rapidamente a mudança de tendência:

1) Calcula-se o desvio padrão (5 dias) do fechamento dos preços;
2) Com o resultado, calcula-se a média móvel de 10 dias do valor, como um filtro do ruído do mercado;
3) Divide-se “1” por “2” para achar o índice de volatilidade V;
4) Divide-se 14 (período estático do IFR) pelo V para encontrar o valor T;
5) O resultado de “4” será o parâmetro para a oscilação do DMI;

Deste modo, a volatilidade atuará como parâmetro para a oscilação do DMI, ao contrário do IFR, que, somente depois de determinado período (usualmente 14), contabilizará o movimento do preço.

Em um dia de forte alta, por exemplo, esta oscilação será incorporada pelo IFR em função da média das variações de alta do fechamento em relação à soma das médias das variações de altas e baixas do fechamento, fixo em 14 períodos.

No caso do DMI, a volatilidade será utilizada como o parâmetro de oscilação, não um número estático de períodos, conferindo maior dinamismo ao indicador. Ou seja, o mercado que definirá para o trader o número de dias para o ajuste do cálculo.

DMI versus IFR
Utilizando como referência os patamares sobrecomprado e sobrevendido dos papéis da Fibria (FIBR3) entre junho e outubro deste ano, quando as ações ficaram em um amplo canal lateral entre R$ 24,30 e R$ 30,80, é possível demonstrar a diferença de sensibilidade entre os dois indicadores técnicos. É importante lembrar que não foram feitos testes estatísticos neste exemplo, sendo meramente ilustrativo, a fim de aguçar o interesse do leitor.

Fonte: Metastock

Neste período, o DMI testou as bandas de sobrecompra e sobrevenda por três vezes, chegando ultrapassar a faixa dos 30 pontos por duas vezes. Já o IFR não testou nenhuma das vezes qualquer região, demonstrando como a inserção da volatilidade modificou a interpretação do movimento do ativo.

Outras tantas conclusões podem ser feitas através desta comparação, como mesclar uma média móvel nos dois indicadores técnicos para fornecer pontos de compra ou venda. Contudo, há necessidade de testes estatísticos para corroborar qualquer afirmação, que serão feitos em uma próxima oportunidade.

Por enquanto fica a dica de mais um indicador técnico, que, aparamente, é mais sensível aos movimentos de curtíssimo prazo e promove ao trader uma noção mais aproximada de sobrecomprado ou sobrevendido.