Análise Técnica: refine sua estratégia de day trade utilizando o CCI

Desenvolvido por Donald Lambert, indicador de momento pode ser uma ótima alternativa para operações de curtíssimo prazo

Rafael Souza Ribeiro

Publicidade

SÃO PAULO – Em meados de 1980, o trader norte-americano Donald Lambert, operador do mercado de commodities, desenvolveu o indicador CCI (Commodity Channel Index), com único objetivo de identificar os movimentos cíclicos das commodities.

Partindo do pressuposto de que este mercado move-se em ciclos, relembrando os conceitos de Ralph Nelson Elliott, com intervalos constantes de alta e de baixa ao longo do tempo, Lambert criou um indicador de momento.

A partir dos estudos desenvolvidos na época, o trader estipulou a utilização de 1/3 de um ciclo completo (alta ou baixa) como base periódica do CCI. Ou seja, se um ciclo tem duração de 60 dias, o período recomendável para a base de cálculo do CCI será de 20 dias.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Sendo um indicador de momento, o CCI oscila entre uma faixa delimitada de +100 e –100, que, por sua vez, é dividida por um eixo zero, como qualquer oscilador desta categoria. O diferencial está na fórmula:

1. Calcula-se o Preço Típico (PT) do último período do ativo: (Máxima+Mínima+Fechamento)/3
2. Calcula-se a média móvel simples do PT (MMS(PT)) com base em 1/3 da duração do ciclo (no exemplo proposto, 20 dias).
3. Calcula-se o desvio padrão em função da média móvel simples do PT e multiplica-se o resultado por uma constante 0,015.
4. Com isso, temos a seguinte fórmula:

CCI = (Preço Típico – MMS (PT)) / (0,015 * Desvio Padrão (PT))

Continua depois da publicidade

Decifrando a fórmula
De acordo com estudos de Lambert feitos na época, aproximadamente 70% a 80% das oscilações das commodities se concentram na faixa entre +100 e –100. Com o percentual em mãos, o trader calculou a constante (0,015) para assegurar que os preços flutuem entre +100 e –100.

Como na maior parte do tempo os ativos flutuam nesta faixa, o rompimento de um dos extremos, segundo Lambert, representaria uma oportunidade segura e lucrativa aos investidores.

Neste sentido, o rompimento da base superior (+100) significa que o ativo está entrando em uma forte tendência de alta e sugere um sinal de compra. A posição será fechada caso o índice volte negociar abaixo de +100.

No outro caso, a perda da base inferior (–100) sugere um sinal de venda, uma vez que o ativo está em forte tendência de baixa. Neste caso, a posição vendida será aberta ao rompimento da faixa e fechada caso o CCI volte negociar acima de –100.

O gráfico com os papéis ordinários da CSN (CSNA3), com dados históricos diários de dezembro do ano passado até 26 de julho deste ano, demonstra a funcionalidade do CCI de 20 períodos:

Outras formas de interpretação
Ao ganhar fama entre os traders, ainda nada comparado ao reconhecimento do IFR (Índice de Força Relativa) e do MACD, o CCI foi se aprimorando em termos de interpretação e ganhando espaço também no mundo acionário, como o exemplo passado.

Além da metodologia sugerida por Lambert, alguns traders operam em função do eixo zero, ou seja, com base no cruzamento para cima (compra) ou para baixo (venda) da referência, expondo-se a um maior risco para antecipar as tendências de alta e baixa do mercado.

Os sinais de divergência, método muito utilizado para indicadores de momento, é outra interpretação possível do CCI. Contudo, a interpretação que vem ganhando mais força entre os traders é como indicador de áreas sobrecompradas e sobrevendidas, o oposto do recomendado por Lambert.

Neste caso, ao cruzar a faixa de +100, o CCI indica que o ativo está sobrecomprado, ao passo que o rompimento para baixo do patamar sugere a abertura de uma posição vendida. Do outro lado, a perda de –100 significa que o papel está sobrevendido e o sinal de compra será dado quando o indicador voltar a ultrapassar a faixa de sobrevenda.

CCI adaptado ao day trade
Como dito acima, o CCI foi desenvolvido com base nos ciclos de mercado, caracterizado por movimentos de alta e baixa, com regiões de máximas e mínimas constantemente testadas. É com esta ideia que Rodrigo Publio, da XTH Investimentos, adaptou o CCI para operações de day trade.

“Utilizando-o de forma correta, o CCI é especialmente eficaz para operações deste tipo”, afirma Publio. A lógica é simples. Nos gráficos intradiários de baixa periodicidade são gerados inúmeros candles em relação ao gráfico diário, fato que aumenta as chances de termos um maior número de ciclos de máximas e mínimas, explica.

Tratando o CCI como um oscilador de sobrecompra e sobrevenda, e utilizando o cruzamento da média móvel do próprio CCI e o artifício das linhas de tendência, Publio descreve um setup de compra e venda junto aos papéis preferenciais classe A da Vale (VALE5) em um gráfico de 5 minutos.

Refinando a operação
Nas plataformas de negociação disponíveis no mercado, o CCI já vem configurado em 20 períodos, fazendo referência à conta base de Lambert. Contudo, os testes executados pela XTH Investimentos revelaram que, em média, o CCI para 30 dias, ou seja, 10 períodos (30/3), é bastante eficaz em operações de day trade.

“Claro que cada mercado e cada ativo possuem parâmetros diferentes, mas este é um bom ponto de referência”, justifica Publio. Com relação à média móvel, o trader deve fazer testes e encontrar a melhor referência para o seu perfil, afirma.

O último ponto importante que o trader deve fazer é reduzir o número de rompimentos falsos do CCI, principal crítica feita aos indicadores de momento. Para isso, as plataformas disponibilizam o CCI Suavizado, que realiza os cálculos baseado na média dos preços.

A fim de mostrar o ganho operacional do trader com o indicador suavizado, Publio, com base em uma média móvel simples de 3 períodos, expõe a diferença no gráfico abaixo:

Não se esqueça…
Como em qualquer setup operacional, o trader que pretende ter uma curva de capital ascendente deve realizar o backtesting de sua operação, a fim de encontrar, neste caso específico do CCI, a média móvel que se encaixa melhor no ativo alvo. Também não se pode esquecer das ferramentas de controle de risco, fundamentais para a gestão do patrimônio.

Outro detalhe que o investidor deve ficar atento é o momento de se utilizar os osciladores. “Ao utilizar qualquer oscilador, tenha em mente que o mesmo só será eficiente quando aplicado em mercados de lado ou a favor da tendência. Não se deve confiar em um sinal de venda dado pelo CCI dentro de uma forte pernada de alta”, lembra Publio.