Quanto uma ação precisa oferecer a mais que uma aplicação livre de risco?

Mesmo com diversos indicadores de volta aos padrões, Equity Risk Premium aponta um mercado ainda avesso ao risco

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SÃO PAULO – Quanto maior a possibilidade de ganhos, maior tende a ser o risco da aplicação. Partindo desta máxima, o fator risco sempre está embutido nos critérios de decisão do investidor. Mas o que uma ação precisa oferecer a mais do que um investimento tido como seguro para valer o investimento?

Aswath Damodaran, professor de finanças da New York University, cita que “o retorno esperado de qualquer investimento pode ser descrito como a soma de uma taxa livre de risco e um prêmio para compensar este risco”.

O debate gira em torno de como medir o risco de um investimento, ou como converter esta medida em um retorno esperado que compense o risco. A questão central é o prêmio que os investidores demandam para investir no ativo de risco. No caso das ações, trata-se do Equity Risk Premium – ou Prêmio pelo Risco das Ações.

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ERP
Basicamente, o Equity Risk Premium relaciona o que o ativo de risco precisa oferecer a mais para atrair o investidor em relação a uma aplicação livre de risco. Para mensurar este ERP, a prática mais tradicional é observar os prêmios históricos oferecidos pelo mercado de ações em relação às aplicações consideradas livres de risco. A média serviria como uma proxy razoável.

Entre estas taxas livres de risco, a de utilização mais comum são os títulos da dívida norte-americana (Treasuries). Geralmente, os retornos oferecidos pelo mercado acionário são determinados por padrões históricos de índices acionários como o S&P 500, e comparados com o yield oferecido pelos Treasuries em prazo equivalente.

Obviamente, em contextos de turbulência nos mercados, como as grandes crises econômicas, o Equity Risk Premium tende a se elevar. Como aumenta a incerteza, o investidor exige um prêmio maior para decidir por uma aplicação mais arriscada.

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Choque de metodologias
Enquanto a metodologia tradicional relaciona o rendimento do mercado de ações – utilizando algum índice acionário como proxy, no caso o S&P 500 – com o retorno obtido com a aplicação em Treasuries, chegando a um prêmio médio entre 4,0% e 6,0% para as ações, o método de ERP do Bank of America Merrill Lynch chega em 3,6%. Ambos relacionando um período de 1960 a 2008.

O modelo do BofA Merrill Lynch implica deduzir a taxa real livre de risco de longo prazo da curva de lucros por ação dos ativos listados no índice Standard & Poor’s 500.

Ainda com medo das ações
A conclusão do BofA Merrill Lynch é de que, atualmente, o Equity Risk Premium permanece em níveis anormalmente altos, o que pode indicar que, apesar de sinais de volta de alguns indicadores a seus padrões de normalidade, os investidores ainda mostram elevada aversão às aplicações mais arriscadas.

De maneira intuitiva, o ERP tende a ser menor diante de cenários mais previsíveis para as principais variáveis da economia, como inflação, crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e taxas de juro. A indicação de um ERP muito elevado atualmente, por outro lado, sugere relativa incerteza do investidor com o atual cenário para os mercados.