Entrevista: Apimec tira dúvidas sobre o certificado de analista técnico

"O certificado será obrigatório para todos aqueles que distribuírem análise gráfica publicamente", afirma Lucy Sousa

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Com a Bolsa ganhando popularidade entre os brasileiros desde 2003, as análises técnicas e fundamentalistas deixaram o seleto mundo das equipes de research das corretoras para adentrar na vida diária dos investidores, através, principalmente, das facilidades da internet.

A invenção do Home Broker em 1999 e o sistema de negociação da BM&F em 2004, batizado de WebTrading, já denunciavam o futuro das operações no mercado de ações brasileiro, que aos poucos foi aposentando os operadores viva-voz até sua extinção definitiva em junho deste ano.

Em consonância com a modernização das plataformas de negociação, os meios de comunicação espalhados pela rede foram recrutando mais adeptos. Sites, blogs e chats tornaram-se ferramenta importante de informação dos investidores, por onde acompanham as principais notícias do mundo e garimpam oportunidades de investimentos.

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Aparentemente inocente, essa atividade de recomendação de compra e venda por parte dos “analistas on-line” somente é autorizada caso sejam profissionais credenciados pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) e registrados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). E pelo o histórico atual, a realidade é bem diferente do recomendado pelos órgãos competentes.

Por que o certificado?
Em 2006, quando o Ibovespa subiu cerca de 40%, além da explosão de volume na bolsa, cresceu exponencialmente a procura por cursos de análise técnica, com inúmeros investidores em busca de um norte para investir.

A partir daí, conceitos como resistência, suporte, IFR e Fibonacci ficaram cada vez mais comuns no linguajar dos brasileiros, disseminado, principalmente, pelos blogs e sites difundidos pela internet.

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O movimento chamou a atenção dos órgãos reguladores, tanto que em 26 de junho deste ano a CVM lançou um ofício reiterando a obrigação de se ter um certificado para elaborar e divulgar recomendações.

Em prol da qualidade técnica, acima das meras análises técnicas, Lucy Souza, presidente da Apimec Nacional, em entrevista à InfoMoney, responde a questão central do tópico, esclarece como será o certificado para os analistas técnicos e clama pela integração entre análise técnica e fundamentalista. Confira:

InfoMoney – Por que a necessidade de certificar os analistas técnicos neste momento? Aumento de popularidade?

Lucy Sousa – A necessidade da certificação do analista já estava prevista na Instrução CVM 388, mas o entendimento foi reforçado este ano. A Apimec, a partir de entendimentos com a ANATT (Associação dos Analistas Técnicos), desenvolveu certificação específica CNPI-T, incluindo um exame específico, chamado CT, que será oferecido a partir de setembro. O candidato à certificação CNPI-T deverá ser aprovado no CT e no CB (Conteúdo Brasileiro), este último exame também aplicado para a obtenção do CNPI original, voltado para analistas fundamentalistas.

Qual deve ser o conteúdo da prova para os analistas técnicos? Será baseada na certificação da IFTA?

Construímos a versão preliminar do conteúdo programático do CT a partir da análise dos conteúdos das certificações CMT (Chartered Market Technician) e IFTA (International Federation of Technical Analysts). Colocamos em audiência pública e obtivemos uma versão final com conteúdo comum e de consenso.

Em sua opinião, haverá uma alta demanda pelo certificado?

Existem muitos profissionais fazendo análise técnica, mas não temos informações confiáveis sobre seu número. Alguns já estão prestando o exame CB.

O certificado será obrigatório para aqueles que trabalham em corretoras e também para os grafistas que divulgam suas análises em blogs, sites ou chats?

O certificado será obrigatório para todos aqueles que distribuírem analise gráfica publicamente, não importa o canal. Daremos prioridade aos que trabalham nas corretoras, pois estes pertencem diretamente ao sistema de distribuição, estando sob supervisão da CVM.

Como fica o caso dos analistas que exercem a função há muito tempo? Deverão fazer a prova?

Todos deverão fazer a prova.

As novas regras devem reduzir a demora no ingresso de profissionais certificados no mercado?

Com exame específico (CT) não há desculpas para não ser certificado.

A Apimec planeja desenvolver cursos visando uma preparação melhor para a certificação?

As regionais já estão oferecendo cursos de análise técnica. Também faremos parcerias com escolas e consultorias especializadas no assunto.

Qual é a perspectiva do órgão em relação à análise técnica para os próximos anos?

Com o aumento dos profissionais certificados, a qualidade das análises será fortalecida e haverá maior complementaridade e diálogo entre as abordagens fundamentalista e técnica.

Curso em São Paulo
No mês de setembro, a Apimec São Paulo realizará um curso sobre análise gráfica, que será ministrado por Leandro Martins, responsável pelo departamento de análise técnica da Técnica Assessoria de Mercado de Capitais.

No programa do curso estão os temas: Introdução à Bolsa de Valores, Análise Fundamentalista x Análise gráfica, premissas, os gráficos, escala, zoom, periodicidade, teoria de Dow, tendências, pivot, suporte e resistência, pullback e suas variações, linhas de tendência e sua angulação, figuras, gap, volume, entre outros.